1. I think I know what you want

8.5K 316 187
                                    

I live my day as if it was the last

Live my day as if there was no past

Doin' it all nite, all summer

Doin' it the way I wanna.

Lush Life - Zara


Janeiro. Verão. Praia. Eram três palavras que surgia em minha mente depois da virada do ano. Mas uma outra coisa que eu tentava ignorar a todo custo piscava em néon para que também não fosse esquecida: meu aniversário.

Éramos 5 ao todo, eu e mais 4 amigos, que mesmo com a faculdade permanecemos juntos desde o colégio. Joana, minha melhor amiga, estava em um relacionamento sério com o Pedro desde o 1º ano do ensino médio, e depois vieram o Leonardo e o Marco. E assim nos tornamos algo como um quinteto inseparável.

Ou quase.

O mar já era visível pela janela do carro, Magic! estava tocando no aparelho de som, Joana falava sem parar ao lado de Pedro para que ele não ficasse com sono enquanto dirigia e eu me perdia em pensamentos no banco de trás do Ecosport vermelho ao lado do Marco, que eu não fazia muita questão de saber se estava mesmo dormindo, ou apenas tentando. Leo não pode nos acompanhar nessa viagem, porque acabou não conseguindo a tão esperada férias após o Ano Novo.

Ele era uma pessoa importante no nosso grupo, mas Joana não queria que deixássemos a viagem de lado só por causa de um.

- A Ana se não morrer de tanto beber, vai morrer de tanto comer. - ouvi a Jô comentando no banco da frente chamando minha atenção.

- Ou seja, ela vai morrer pela boca. - Pedro riu.

- Ei, eu estou ouvindo. - reclamei. - Não é como se eu fizesse isso todos os dias. - fingi estar ofendida, mas na verdade, eu não ligaria nem um pouco de morrer pela boca.

- Ana Luiza, você desconhece limites. - Jô revirou os olhos. - É magra de ruim.

- Bom, o que eu posso dizer se meus genes são ótimos? - voltei a encostar minha coluna na poltrona.

Joana voltou a resmungar qualquer outra coisa sobre voltar a academia com Pedro e eu me desliguei novamente.

Ela era bonita, tinha o corpo bonito, não sei porque cismava tanto com mil e uma dietas e academia. Ela era baixinha, os cabelos pintados de loiro, os olhos escuros, filha de dois médicos e tinha um gênio teimoso, provavelmente herdado da sua mãe. Estudava para medicina, por mais que não tivesse perfil nenhum para uma futura ortopedista.

Pedro, seu namorado, tinha vindo de Curitiba, e quando o conheci possuía um sotaque bem pesado, mas agora se parecia mais com um carioca. Seu cabelo era encaracolado e preto, contrastava bem com os olhos azuis e a pele bem clara. Pensei que ele se bronzearia na piscina do condomínio junto com a Jô, mas ele parecia ter deixado a loucura dela para se bronzear na praia. Era estudante de engenharia civil com um futuro brilhante pela frente.

Leo, o que eu era mais apegada por ser quase um irmão. A pele morena, cabelo escuro liso e os olhos castanhos o faziam ser facilmente comparado a um índio. O que ele não ligava nem um pouco, gostava de uma boa zoeira e naquela manhã quase chorou por não poder nos acompanhar. Ficou quase 10 minutos me abraçando, como se o ato fizesse o meu dia valer sem sua presença, mas de certa forma eu podia senti-lo comigo. Ele estava perto do fim do curso de administração e o banco onde trabalhava não cedeu para um descanso maior.

503Onde histórias criam vida. Descubra agora