Capítulo 58

31.7K 2.6K 261
                                    

Não sei por quantos minutos esperei Vitor se virar e me falar o que tanto queria ouvir,mas ele não fez isso.Ficou parado no mesmo lugar,como se fosse uma estátua e isso já estava me causando agonia.

-Pode me contar por favor o que meu pai te falou pra você me ignorar?-pergunto.

-Ele me ofereceu dinheiro por ter te salvado e também pra me afastar de você.-Vitor continua de costa para mim e ao me contar o que acabara de falar,parecia que eu estava sendo rasgada.

-E você aceitou?-minha voz soou falha e Vitor não falou nada.-Aceitou.-mordo o lábio inferior tentando segurar as lágrimas após minha conclusão.-E é por isso que sumiu.Por isso estava me mandando embora a minutos atrás...

-É claro que não,Alana!-ele grita irritado me cortando.-Eu tive outros problemas para fugir de você.

-Ah é?Quais Vitor?-pergunto desconfiando de que haja mesmo "outros problemas".

Vitinho vira o corpo lentamente para mim,e pude ver o seu rosto cheio de hematomas.Seu olho está praticamente escondido por conta do inchaço.Sua boca está com um vestígio de sangue no canto.Seus braços arranhados e suas mãos com alguns cortes.

-Diga que...Meu pai não fez isso?-pergunto horrorizada com seu estado e chorando sem parar.

-Não foi seu pai.-ele me responde e um alívio percorre meu corpo.

-Então quem foi?- pergunto me aproximando dele e passo apenas as pontas dos meus dedos em seu rosto.

-Meu pai.-Vitor se afasta de mim.-Me bateu por que te salvei.Disse que eu tinha o traído e que eu merecia morrer,mas só me deu a surra porque segundo ele,por compaixão a minha mãe.

-Eu sinto muito.Eu não queria que isso tivesse acontecido.-falo e tento me aproximar novamente dele,mas ele recua.-Por favor Vitor,me deixa cuidar de você?

-É melhor ir embora,Alana.Se meu pai te pegar aqui,ele não vai ter compaixão nenhuma.-ele tenta me convencer.

-Vitor,eu te amo.E não vou embora até que me deixe cuidar desses ferimentos,que estão quase infeccionando.

-Alana,é melhor que...-Vitor é interrompido com o telefone tocando na cozinha.Ele corre até o aparelho,olha para a tela e o atende.-Oi pai.-Bertão fala algo e Vitor me olha.-Eu não vou...Pode ficar despreocupado que não vou querer um centavo...Eu tenho certeza disso...Eu já falei,não vou participar deste assalto!-Vitor arremessa o telefone na parede me assustando.

-Que assalto?-pergunto curiosa aparecendo na cozinha de surpresa.

-É assunto do meu pai,Alana.-Vitor sai da cozinha me deixando pasma.

-Não confia mais em mim?-pergunto colocando as mãos na cintura.

-Confio.Confio para contar coisas minhas,e coisas do meu pai é diferente,Alana.-Vitor se joga no sofá.-E é melhor você ficar aqui e esperar que ele saia da comunidade e só depois ir para a casa.

-Se você diz.-me sento no outro sofá.

-Não precisa ficar distante,Alana.-ele fala.

-Você que estava fugindo de mim.-retruco.

-Me desculpa.-ele se levanta do sofá em que está deitado e caminha em minha direção.-Estou com tanta raiva do meu pai que acabei descontando em você.-ele me abraça.-Me desculpa?-Vitor me aperta fortemente.

-Sempre.-respondo e Vitor me afasta gentilmente.Ele olha em meus olhos como se estivesse os vasculhando e em seguida me beija.

Vitinho e eu ficamos deitados no sofá um pouco apertados,mas é tão bom sentir sua respiração,que nem ligo se nem consigo mover um dedo.

Estava tão bom ali,tudo tão calmo e tranquilo e infelizmente meu celular acabou estragando o clima.

Olho para a tela do meu celular e a foto e o nome do meu pai brilha ali.

-Oi pai.-atendo com receio.

-Onde você tá?-ele dispara.

-Eu não to afim levar bronca,então não vou falar.-digo rapidamente.

-Ah que bom que está com Vitor.-me surpreendo com isso.Será que é realmente meu pai me ligando?-Quero você e ele aqui em casa,entendeu?

-Aham.-essa é única coisa que consegue sair da minha boca.Meu desliga e eu olho para Vitor,para lhe dizer o que meu pai pediu.

-Eu ouvi tudo.-Vitinho diz antes que eu pudesse abrir a boca.-Seu pai vai ter que esperar um pouco,a comunidade está agitada.-Vitinho olha pela janela.

-Tudo bem.Vamos esperar.-me levanto e vou onde ele está.O abraço pelas costa e deposito minha cabeça sobre a mesma.


A Dama & O Vagabundo Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora