11.

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As minhas pálpebras são forçadas a abrir assim que o Sol penetra pelo meu quarto. Destapo os meus finos braços e pego no meu telemóvel, pousado na mesa de cabeceira. 9:30h. Deuses, tão cedo.

Curvo-me na cama, de modo a conseguir ver o rosto angelical adormecido do Harry. Não o vou acordar. Levanto-me, sem fazer barulho e aproximo-me do espelho pendurado numa das paredes que me refletia da cintura para cima. Os meus cabelos ruivos estão completamente despenteados, estou num péssimo estado!

Olho através da janela para o exterior. Penso que só agora notei que está Sol em janeiro, parece impossível; não é um “grande” Sol mas não deixa de ser um clima agradável, apesar do habitual frio.

Dou por mim a entrar na casa de banho, pronta para tomar um bom banho. Fecho a porta e ligo o aquecedor que tinha guardado no dia anterior num armário que no espaço se encontrava. Calmamente, retiro o meu pijama-nada-sensual após colocar a água a aquecer. Assim que a mesma ficou numa temperatura suportável, entro na banheira e posiciono-me por baixo do chuveiro. A água quente embatia nos meus ombros e cabelos, o que era deveras agradável, vá se lá saber a razão. Cerro os meus olhos.

Céus, como será que vai correr hoje á tarde? Espero que tudo seja como o meu subconsciente NÃO imagina. Sim, porque eu realmente não quero que um exemplo da 2ª guerra mundial ocorra. Estou nervosa — um nervosismo que nunca antes tinha sentido, porém, mesmo assim reconheci. Mais nervosa do que quando fui pedida em casamento na noite de Natal, mas também nessa altura era um bom nervosismo, eu acho.

Assim que terminei de tomar banho, enrolei o meu corpo numa toalha e o meu cabelo noutra ligeiramente mais pequena.

[...]

O meu corpo, subitamente, caiu, ao ler o nome daquele senhor, naquele pedaço de granito. Ainda tão poderoso. Perez, o meu Pai. Pouso as túpilas e suspiro.

"Eu não sei se o que dizem é verdade, em relação a espíritos e almas mas de qualquer das formas, acreditando ou não, eu sinto a necessidade de falar contigo, sendo tu o mudo e eu a fala-barato. Sei que se for verdade, tu estás agora aqui, comigo porque... Eu sei lá porquê. Só sei que estás." Murmuro, olhando em redor para as poucas pessoas que estavam no cemitério tão ou mais tristes que eu. "Tenho saudades tuas e não vivo sem elas agora. Cheguei á conclusão que ainda não te esqueci e que eras (e és) o meu pilar. Eu estou bem, a Felicity também e penso que a mãe melhor está. Eu agora sou uma noiva e mãe babada, que começa a criar objetivos na vida porque tal como tu, apenas avanço no meu dia a dia criando o meu próprio caminho com pedrinhas pelo meio. Já a mãe, tem um namorado. Não sei como é, vou conhecê-lo em breve mas para ela ter sido conquistada, deve ser um bom homem, como tu. Mas nada se compara a ti, Pai. Eu sei que metade dela se foi quando tu também foste, aliás, aconteceu-me o mesmo e isso é mais que notável. A mãe é egoísta ao ponto de não admitir que ainda te ama e ainda tem saudades tuas e eu também sou porque não autorizo a que saias das nossas vidas. Mas tu já saíste. Deuses, que conversa paralela que eu estou para aqui a ter... Precisava de desabafar com alguém para além do Harry. Ele também está bem, apesar de eu saber que tu não queres saber." Gargalho num tom baixo. "Eu amo-te tanto, Pai."

"Era o seu pai?" Uma voz fraca e feminina soa, atrás de mim.

Viro-me e dou de caras com uma idosa vestida com vestes pretas, talvez, na casa dos sessenta/setenta. As rugas no seu rosto pálido eram bastante visíveis, assim como as maçãs do mesmo. Nunca a vi na minha vida mas sentia uma ligação amigável com ela, por mais estranho e insignificante que possa parecer.

"É. É o meu Pai." Respondi, levantando-me com alguma dificuldade por ter a perna dormente.

"Isso, peço desculpa pelo meu mau uso de palavras." Apenas esbocei um doce sorriso, não dando revelância ao desentendido. "Eu e o seu Pai éramos muito amigos, conheço-o desde pequeno. Quando a notícia da sua morte chegou até mim, senti um aperto no peito tão grande que a única cura era inexistente. Então, apenas chorei. Era um bom homem, com um grande coração. Também sei que era bastante protetor e tinha medo de a perder. No entanto, a menina é que o perdeu. Mas ele está a olhar por si, acredite, sempre me falou muito bem de si. Nunca me disse o seu nome, menina, apenas a apelidava de “Minha Filha”, orgulhoso. Sempre tive curiosidade em saber que nome escolheu para si."

Teen(ager) - h.s {sequela TM}Onde histórias criam vida. Descubra agora