Começo. Um novo dia amanhece, surge ou brota de uma flor do espaço. Nós não sabemos se giramos ao redor do sol, se eu sou um girassol. Amarelo vibrante, que deixa os olhares penetrantes e a alma clara. Eu gosto de comparações, de metáforas e café. Como o quente, que bebo agora e saboreio nos meus pés a sensação gelada no dedão e a sensação de calor por dentro pelo líquido que desce.
Hoje é um dia diferente do meu comum, da minha rotina rotineira. Vou andar e ir à faculdade, um dia real. Observar as pessoas e ver se sou enxergado, mas é incrível - elas conseguem me ver. Isso é bom, né?
Não entendo o porquê de ser tão resumido a vácuo, de ser resumido a vazios que eu quis dizer. Sabe, quero me preencher e modificar, mas naturalmente. Ás vezes, é bom se ligar a algo ou alguém, não passar as noites ouvindo o barulho do ventilador e assistindo pela janela a multidão tão solitária quanto a você, porém, que estão vivendo constantemente - mesmo alguns dias sem saber o quê estão fazendo.
Coloco as botas, minha jaqueta jeans que chamo de Helia - o nome da minha avó, ela me deu a jaqueta - minha calça preta e uma bandana azulada prendendo meus cabelos enrolados pelo meio da cabeça, acho engraçado ser visto de forma estranha, pelo menos isso esconde minhas imperfeições ou as idealiza melhor. Pego meu relógio prateado que ganhei do meu avô antes dele partir para um lugar mais seguro e sem poeira, encaixo e reparo que os ponteiros estão parados - não importa, penso.
Ás vezes, o tempo para. Foi assim com ele, o tempo parou e o relógio só era um símbolo. Quando mais precisei que o ponteiro voltasse, ele resolveu sair.
- Esqueça isso, idiota. - falo comigo mesmo em voz alta - Seu avô queria que você fosse forte, ele pediu isso. Pela vovó. O.k.
Estou pronto. Desço devagar, pensando que minha avó estivesse dormindo, são nove horas da manhã, mas mesmo assim tenho cautela. Quando olho de relance, vejo suas mãos numa panela e logo um cheiro maravilhoso me prende e me faz andar em direção.
- Já acordada a essa hora e fazendo mil coisas? - perguntei, colocando a mão em seu ombro.
- Oi meu querido, estou ajeitando o almoço. - ela respondeu - E você sabe que eu nunca durmo tanto.
- Uhum... - mantenho um ar de nervosismo.
- Como está se sentindo sobre hoje? Quer mesmo ir? - ela perguntou me olhando nos olhos e ajeitando a bandana.
- Não sei, vó. - respondi e continuei, enquanto pegava uma maçã - Acho que vale a pena tentar, de vez em quando é bom respirar.
- Fico feliz por você, seu avô teria orgulho. - ela disse, forçando um sorriso sobre a lembrança.
- Vai ficar tudo bem. - disse, beijando-a na testa como ela sempre faz e virando as costas.
Acho que ela sorriu, continuei andando e peguei a pasta de couro sobre o banco, abri a porta e acenei. A luz do sol me penetrava e todas os pensamentos sumiram, eu tinha algo incrível a fazer hoje: me arriscar.
Parecia mais um dia de trabalho, para mais um homem comum em busca de mais um sonho comum. Parecia só mais um dia, e isso era tudo. Caminhei e meus vizinhos me olhavam, com a cara de...
- Simon na rua?! - disse Carl, quase gritando. Meu vizinho da casa marrom.
...Exatamente isso. Eu quase dei uma risada, olhei para ele e acenei. Continuei andando, os outros me olhavam, parecia que eu existia e isso era incrível. É estranho ser um vulgo depressivo e ao mesmo tempo bastante otimista com a vida. Eu só sou sozinho, talvez isso explique muita coisa.
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SOMETIMES
Teen Fiction"Em suma importância, Simon Erllie viveu infinitamente. E seus dias de glória e sangue sempre serão lembrados por todos ao seu redor e talvez até mesmo por aqueles que nunca o viram. Simon, era um rapaz dedicado a vida, as noites e a poesia. Incrive...