A Invasão do Outono

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 O público contente com as horas que passavam, esqueciam-se do tempo que lá fora os deixara. Este mesmo pessoal, que de nomes não me lembro, estavam na mesma sala que eu. Tinha uma menina de cabelos platinados chamada Annie, que se apresentou como feminista e disse também na mesma frase: "Eu sou poderosa como uma Power Ranger". Depois do charme de Annie, um menino com rostinho de criança chamado Elliot, que veio da Florida e não sabia o que queria. E um mundo inteiro ao lado deles, na verdade, vários mundos. Cada um em sua singularidade chamada gente.

 Gente, um conjunto de pessoas, que engloba mais do que beleza, mais que o físico. Gente, que tem alma, que sente e que às vezes nem mesmo isso. Uma turma, isso era novidade na minha vida, pessoas nas quais eu iria passar meses e eternas horas de estudo e até de conversação.

 Preparação, eu deveria ter e logo. Preparar-me para o futuro era mais que o caos momentâneo, tem muita gente aqui e isso me descentraliza do meu universo. Sinto que estou em um lugar fechado, portas brancas e quase invisíveis. Apesar da boa iluminação, as luzes começam a desaparecer e cores em excesso vão florescendo no meu jardim interno.

 O professor, que chamam de Daniel, com sua guitarra na mão, toca uma música meio agitada que torna todos os seus alunos grandes bobos da corte. A mesma corte, onde ele é o rei e os seus servos de papel serão rasgados como cartas. Cartas com vida, e espadas chamadas canetas, como em Alice no País das Maravilhas. Por mais que, as cartas de Alice não carreguem canetas – foi outra metáfora ou comparação.

 Nunca fui muito bom com regras de português, mas amo. Pego-me lendo os pensamentos dos outros e distraio-me ao perceber que viajo mais uma vez para dentro de mim.

 Ele pede apresentações e isso me deixa tremulo. Vejo Amélia recusando-se, e ele pulando para outro aluno, porém, retornando a Amélia quando a mesma comenta comigo sobre ele, mas nem mesmo reparei no que foi dito. Acho que: "Quem ele pensa que é?".

- Menina, apresente-se agora.

- Acho desnecessário e isso chegou em péssima hora. – Amélia o fuzilava com o olhar, logo pressionando os lábios com força e quase que a raiva exalava dela. – Você não vai mandar em mim, não farei.

- Aqui é o meu domínio, aqui dentro. Ou você me respeita, ou você sai. Escolha.

 Todos os olhos tornando-se somente um par e focando em Amélia. Aflição. Gargantas secas. Resposta.

- A-Amélia. – ela trava em dizer seu nome, mas logo entrega-se a ser grossa mais uma vez – E hoje eu conheci um babaca.

- Diga o nome dele.

- Daniel. Ele é meu professor de Comunicação Social. – ela retruca e continua, prendendo o cabelo – Acho que ele deverá ser demitido em breve, talvez tenha certeza disso.

Daniel então muda o foco, sinto o ar de nervosismo vindo dos dois, a sala inteira se pergunta o porquê do ódio mútuo, mas a vida continua e os dois se ignoram pelo resto do dia.

- Você.

- Meu nome é Alexia, gosto de uvas e doces – ouço uma voz suave ao fundo da sala, a aura dela exala como a de Afrodite, o puro amor.

Todos os rapazes parecem se encantar, e a voz de Alexia misturada a sua pele negra e seus cabelos cheios, dão vida a excitação de exatamente vinte homens. Exceto eu. Que confuso com as minhas sensações, penso em abraça-la, talvez tocá-la levemente o torso e beijá-la o rosto. Talvez nos apaixonemos.

Ou não.

- Que linda essa Alexia, hein... – diz um cara, que levanta e se apresenta. Um daqueles convencidos e que banca de machão – Meu nome é Dominic Paullin. Mas pode me chamar de Domi.

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⏰ Última atualização: Jan 10, 2016 ⏰

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