Capítulo 05

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— O que você tem na cabeça? Eu já estava preocupado! Você sabe que não pode sair andando pela floresta, é perigoso! — Lucas grita, andando de um lado para o outro.

— Eu não sei, tá legal? Você deve ter ouvido o que falaram sobre mim! Foi humilhante, Lucas! Eu só queria sair de lá. — desabafo. Sento em uma cadeira de madeira.

— Isso não é motivo para você sair por aí tentando arriscar sua vida. E outra, o que tanto você conversava com o Rafael? Pensei que não gostasse dele. — Lucas abre a mini-geladeira e pega uma coca-cola em lata. Seu tom já não é mais tão bravo, está mais para curioso.

— Não exagere. A floresta está nos limites do acampamento. Não é nenhuma selva perigosa! — digo irônica. — Sobre o Rafael, não estava "conversando" com ele. Não consigo entender aquele menino, ele falou para mim que eu fui patética no discurso, acredita? Ele é muito cara-de-pau!

— Acredito, seria muito difícil ele admitir que estava errado. — Lucas olha para mim como se aquilo fosse muito óbvio. — A única coisa que eu não entendo é o porquê dele ter se oferecido para ir te procurar, sabe? Nunca o vi tão preocupado.

— Difícil de acreditar que ele estava realmente preocupado. Acho que ele se ofereceu só para ter o gostinho de me irritar mais um pouco.  — concluo.

— Não sei não, viu? Se eu não o conhecesse muito bem, diria que ele está apaixonado por você.

— Como assim: "Se eu não o conhecesse muito bem." ? — pergunto, curiosa.

Lógico que ele não está apaixonado por você. Meu subconsciente atira.

— Rafael não é do tipo que se apaixona. Normalmente ele fica com várias meninas e só. A Leila é uma delas.

— A Leila? Nunca imaginaria! Ela é tão diferente dele!

Não consigo associar a Leila ao Rafael, ela é tão dócil e gentil e ele é tão rude e mal educado.

— Leila se apaixonou por ele há um tempo atrás. Quando ele disse que não queria nada sério ela ficou arrasada. Era horrível de se ver. — Lucas conta, relembrando do ocorrido.

— Nossa, coitada. Ela merece alguém muito melhor do que ele.  — Levanto e abro a mini-geladeira, pego uma garrafinha de água e bebo.

— Como diria o autor do meu livro preferido, "aceitamos o amor que achamos merecer". — ele diz dando ênfase na citação.

— As vantagens de ser invisível? — franzo o cenho. 

— Sim, amo esse livro. Surpresa? — ele olha pra mim divertido.

— Não, é que também é um dos meus livros preferidos. — sorrio.

Eu e o Lucas temos mais em comum do que pensei.

— Que engraçado, a maioria das pessoas acham muito depressivo. Tipo, eu me identifico muito com os personagens. — ele diz entusiasmado.

Realmente, ele parece muito com o Patrick, nunca tinha prestado atenção nisso.

— Eu também! Na verdade, eu gosto muito dos personagens, eles são jovens legais e inteligentes, não são clichês como na maioria dos livros juvenis.

Um verão inesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora