Fechar os olhos ao mundo

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"Mas....porquê!?" - e o seu grito ecoou na sala aparentemente vazia.

O toque enchia o edifício. Era um toque especial, ele (para eles) simbolizava a hora da despedida, aquele momento em que todos saiam sem medo, sem pensar no futuro e nas suas possíveis consequências...
Ela, com o seu passo apressado, deslocava-se para a sala onde a esperava um fantasma.


"AHH!?" -os seus olhos contorciam-se ao olhar o horror.

A sua melhor amiga, companheira nos tempos difíceis, aquela a quem ela pedia conselhos e dava os seus. Aquela em que as palavras diziam tudo, diziam até o que não se ouvia. Tinha acabado.
Com a sua gravata de eleição, encontrava-se Asura, pendurada pelo pescoço esguio, numa das ventoinhas da sala. Sangue escorria-lhe pela boca e garganta, este mesmo também salpicava a sala em seu rodor com simples e perfeitas gotas vermelhas, que, como por magia, se ia tornando vermelho roto.
Koryie olhava petrificada para Asura, que (com o corpo arrastado) girada ao som da ventoinha.

O passado não lhe saía da cabeça

Tudo o que juntas tinham construído, estava agora acabado.... Para sempre.

"Porquê!? queria saber porque me fazes isto! Porque é que tem de ser assim!? O que é que eu fiz de errado!?"

Asura esticou a mão trémula em direção a Koryie. Pensando que ainda tinha tempo, Koryie dispara-se para junto dela e com uma tesoura que se encontrava numa das mesas, cortou a gravata, deixando cair no chão o corpo pálido e frágil de Asura.

"Asura!? ASURA!?" - dizia repetindo vezes e vezes sem conta - "Asura!? ASURA!?"

"Ela foi...deixa...está num lugar melhor" - disse a professora num tom de consolo

"Como assim deixá-la!? Ela é tudo para mim! ELA NÃO ESTÁ MORTA!" - exclamou, empurrando a professora para longe do corpo - "Ela vai voltar...eu sei que vai...eu...s..sei..."

A sala foi se esvaziado, rumores de um suicídio repassavam de boca em boca, e sempre que viravam a esquina, algo mais macabro era acrescentado. Piadas eram feitas sobre a situação, e Koryie, limitava-se a ouvir, calar e seguir em frente pelo corredor.

Escrever de Preto no EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora