Noite obscura

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Faz duas noites, que descobri que tudo o que acreditava era uma farsa, sempre acreditei que contos de fadas eram apenas uma mentira, que não existiam essas coisas de fadas, bruxos, vampiros e muito menos animais que sabiam falar, mas pelo jeito eu estava totalmente errado.

Ontem depois de quase ser engolido por uma besta enorme e sem forma, meu pai decide me contar que estou sendo perseguido por algo chamado conselho de magia, não faço ainda a menor ideia sobre porque estão tentando me matar, segundo meu pai eu sou um sangue imperial, tenho a mistura dos poderes de fada e de bruxo dos meus pais, então perguntei por que não conseguia controlar nada com esses "superpoderes" e ele me disse que na Terra é quase impossível um bruxo iniciante lançar um feitiço, pois todos os domínios de magia foram encerrados há muito tempo e que demora décadas para que um bruxo ou sangue imperial conseguisse lançar um feitiço.

Voltando a tentativa da besta em tentar me matar, eu fui salvo pelo meu cachorro, um pastor alemão, que não é tão pastor alemão assim, na verdade durante a luta com aquela besta de dois metros de altura ele entrou meio que num modo de metamorfose e se transformou de cachorro para um tigre e depois tomou a forma de algo que se assemelhava a um dragão, foi tudo muito rápido e confuso, só conseguia ouvir meu pai gritando "Nickolas saia dai agora", mas meu corpo não me obedecia, todos os músculos do meu corpo se endureceram e era impossível me mexer, se meu cachorro não estivesse lá tenho certeza que eu teria morrido sendo engolido por aquela besta, com milhares de dentes afiados. Devo minha vida a meu cachorro.

Meu pai também me contou que antes de sairmos de Everfire, nosso antigo reino, ele disse que minha mãe acabou ficando lá para nos salvar, o nome dela era Britany, e eu me chamava Mark, mas para deixar o disfarce mais realista meu pai decidiu deixar meu nome na terra sendo Nickolas Martins.

Quando caímos na terra, nós acabamos indo para um país chamado Brasil, um lugar um tanto que interessante, moro atualmente no estado de Goiás, próximo a capital do país, perguntei a meu pai por que morávamos num lugar tão movimentado sendo que estávamos fugindo, ele disse que quanto maior é a população mais fácil seria se esconder no meio da multidão. Atualmente moro no Valparaíso, uma cidade que é próxima de tudo, mas é bem discreta, estou com treze anos, à idade que de acordo com meu pai é a época que um sangue imperial fica mais forte, pois está descobrindo seus poderes e como todo adolescente não sabe a hora de parar, estudo em uma escola que fica em uma cidade próxima a minha, meu pai sempre fala para que eu não utilize demasiadamente minha inteligência, pois a capacidade cerebral de um sangue imperial é maior que dos humanos e o conselho de magia sempre monitora as escolas em busca de algo que indique um sangue imperial.

Meu pai estava planejando voltar a Everfire, ficava dizendo que nós não sobreviveríamos a outro ataque, e agora que perceberam que realmente estávamos aqui mandaria um grupo maior para nos eliminar.

Ficou decido que viajaríamos as oito horas da manhã, horário que o portal fica mais enfraquecido e meu pai teria mais chances de que seus poderes nos levassem com mais facilidade.

Mas quando o relógio apontava para ás onze horas da noite, uma tempestade incomum começou a se formar, o céu ficou completamente escuro, raios e trovões estrondavam no lado de fora, a tempestade se formava fortemente, embora estivéssemos em uma época que não caia uma só gota de água, imagine um temporal daqueles.

Olhei para o céu e vi silhuetas montados em criaturas aladas, pareciam cavalos, mas tinham asas iguais as de águias e cifres como de um rinoceronte, haviam muitos para que meu pai e meu cachorro conseguissem derrota-los, eu via o medo nos olhos do meu pai, um olhar soturno, mas mesmo assim continuou confiante não virou pra trás e fugiu, ele ficou lá, como se assim como eu estivesse cansado de fugir. Então ele deu uma ordem para nosso cachorro:

— Armeriov se transforme em grifo — e imediatamente meu cachorro virou uma criatura com cabeça e asas de águia e corpo de leão — se esconda Nickolas eles estão atrás de você, talvez eu consiga abrir um portal e mandar você e Armeriov para a outra dimensão.

— Não pai. Já perdi minha mãe você é a única família que tenho, não posso deixa-lo para trás, por favor, deve haver alguma maneira de você ir também.

— Nickolas. Prometi para sua mãe que daria minha vida para salvar você e vou fazer isso. Como futuro príncipe de Everfire talvez você possa salvar outros sangues imperiais como você e acabar com essa cachina interminável, vá agora — então um portal vermelho como sangue se abriu a uns cinco metros de onde eu estava — Armeriov vá com Nickolas e proteja-o acima de sua vida.

— Sim meu senhor. Irei protegê-lo como se fosse meu próprio filho, não deixarei que nada aconteça com ele — respondeu Armeriov com um rugido de leão.

Antes que meu pai respondesse algo, uma flecha dourada como ouro atravessou o corpo dele, ele ainda estava vivo, mas eu sabia que ele não ficaria vivo por mais tempo, precisava me despedir dele, só não fazia ideia de como chegaria até ele. O quintal da minha casa estava lotado de homens montados em cavalos com asas de águia e na sala estavam dois tigres tentando atacar Armeriov, mas ele era forte como um touro, então surgiram dois lobos do tamanho da besta que apareceu na noite passada, eles foram para cima de Armeriov, ele já estava esgotado de cansaço, era evidente, nãofazia ideia de quanto tempo mais ele poderia aguentar aquela situação

Foi então que fechei meus olhos, me entreguei ao momento, era como se eu sentisse cada ser vivo a minha volta, sentia os monstros, os tigres, os cavalos alados e de alguma forma eu sabia que todos os homens que estavam a minha volta eram bruxos, mas a essência que eu mais sentia eram as árvores, era como se elas me obedecessem pela mente, como se soubessem o que eu queria, naquele momento só queria que aqueles monstros parassem de atacar Armeriov, foi então que como mãos que saiam da terra as árvores agarraram todos que estavam ao meu redor, exceto meu pai e meu cachorro, as árvores apertavam eles com tanta força que era possível ver a dor deles através dos seus olhos.

Então corri na direção do meu pai e tentei levanta-lo para leva-lo até o portal, mas ele não queria se levantar ele insistia em continuar no chão, então ele disse:

— Meu filho como você conseguiu fazer aquilo, já havia visto sua mãe fazendo aquilo, mas ela demorou anos para controlar tantas árvores ao mesmo tempo e é quase impossível um iniciante como você fazer isso num lugar sem magia como esse — disse ele com lagrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Não importa pai temos que sair agora, vamos, não sei por quanto tempo consigo controlar essas árvores.

— Lamento filho, mas você ira nessa viagem somente com Armeriov, com esses ferimentos eu não sobreviveria a um portal, vá meu filho, mas tome cuidado em quem você confia, muitos querem matar você — disse meu pai fechando os olhos.

Então corri até o portal e antes de entrar nele com Armeriov olhei pela última vez para meu pai, era horrível pensar que não poderia salva-lo e nem enterra-lo assim como minha mãe. Não sei como sobreviveria a perda da pessoa que mais amava, mas precisava obedecer às ordens do meu pai, mesmo após a sua morte.

Pulei dentro do portal, surgiu uma luz forte e amarelada, então tudo escureceu, quando senti meu corpo tocar o chão desmaiei do extremo cansaço que senti.







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