Entre dois mundos

A chegada

Acordei ainda atordoado, estava deitado num chão coberto pela grama mais verde que já havia visto na minha vida, ao meu redor estava um urso de pelagem marrom e macia, ele olhava para o horizonte, ao longe conseguia ver uma construção que me parecia um castelo, ele era de um tom de vermelho rubi, e era tão brilhante que mesmo durante o dia poderia ser visto a quilômetros de distância.

Tentei me levantar, mas meu corpo estava extremamente dolorido, quando Armeriov percebeu apenas disse:

— Não tente se levantar ou você vai acabar desmaiando de novo.

Armeriov olhava atentamente para o horizonte, como se esperasse outro ataque do céu, ele olhava como se estivesse em modo de ataque, então perguntei:

— O que você está esperando vir?

— Já deveriam ter chegado, assim que alguém atravessa um portal à guarda de Everfire se prontifica de verificar o local.

— Mas não deveríamos nos preocupar se eles viessem atrás de nós?

— Talvez. Seu pai conhecia um dos comandantes e dias atrás pediu para que assim que você atravessasse o portal perto de Everfire o comodante fosse buscá-lo.

— E por que eu deveria confiar em um desconhecido?

— Ele tem uma sobrinha que também é com sangue imperial como você, também não temos mais ninguém para confiar nesta dimensão, você corre em todo momento o risco de morrer.

— E sua família ou outros dá sua espécie estão onde?

— Nickolas minha família toda morreu anos atrás e eu sou o único da minha espécie não existem outros como eu.

— Não pode ser verdade Armeriov, será que você só não encontrou outros da sua espécie.

— Nickolas eu tenho certeza que sou único, porque eu não nasci como animal eu fui transformado, quando eu era mais novo na época que eu ainda era um faloin eu me apaixonei pela sua mãe, mas meu amor não era correspondido então ela me considerava como um melhor amigo. Certo dia, durante uma guerra contra Axsperion, o reino do gelo oeste, fui ferido gravemente, quase a ponto de morrer, sua mãe que tinha a habilidade de camaleão algo que fazia com que ela conseguisse ter controle mental e de cura sobre qualquer espécie tentou me curar, mas como eu estava quase a ponto de morrer a única alternativa que ela teve foi me tornar no animal símbolo do nosso reino o camaleão, ela nunca tinha conseguido transformar algo em um animal, ainda mais um faloin como.

— Só tenho duas duvidas o que é um faloin e porque você tem essa habilidade de mudar de forma se camaleões só trocam de cor e não de forma?

— Faloin ou Faloins é a forma masculina do nome dado às fadas, até porque fados era um nome horrível — disse Armeriov com um sorrisinho no rosto — E essa habilidade de mudar de forma veio do único ser em toda a terra mágica capaz de fazer a mesma coisa. Minha mãe.

— E quem era sua mãe?

— Achei que você conhecesse contos de fadas. A única criatura em todo o universo capaz de trocar de forma é minha querida mãe, Malévola.

Antes que pudesse perguntar mais sobre a mãe de Armeriov, vi vindo do horizonte uma enorme cavalaria em nossa direção, era entorno de cinquenta homens vestido em armaduras douradas como ouro e no fundo daquele batalhão uma linda carruagem avermelhada, com detalhes acinzentados e dourados, tinha certeza absoluta que era uma carruagem real.

— Tome cuidado, essa rainha é o pior pesadelo que alguém poderia ter — disse Armeriov.

Descendo majestosamente da carruagem estava uma mulher de olhos azulados que lembrava os do meu pai, vestida com um vestido de rainha em um belo tom vermelho fogo e uma coroa exuberante sobre sua cabeça. Seu rosto era lindo como de uma boneca apesar de aparentar ter entorno de uns sessenta anos ela deixaria qualquer mulher de vinte e poucos anos no chinelo.

Ao lado daquela linda mulher estava uma jovem de cabelo escuro com belas mechas roxas, no seu pescoço pendia um colar com o símbolo de uma fênix, ela não se vestia do modo monarca como a outra mulher, era mais algo estilo jovem rebelde. Então a primeira mulher virou em nossa direção e com uma voz doce e aveluda disse:

— Armeriov quanto tempo, depois de acolher você e minha nora ingrata no meu belo reino vocês ainda ousaram fazer a cabeça do meu filho e ainda levarem meu neto, — disse ela limpando seus olhos como se fosse cair alguma lágrima — Mas como sou uma pessoa benevolente e pelo fato de trazer meu neto de volta a minha presença eu perdoarei você.

—Andrea você nunca será uma pessoa benevolente, nem mesmo em milhões de anos. Você não munda mesmo, como pode continuar tão cínica mesmo depois de tantos anos? —Disse Armeriov com olhar de raiva.

— Não venha com discussões sem motivo Armeriov e nunca mais me chame de Andrea, para você é somente rainha ou majestade — disse ela alterando o tom da voz — Mas mudando de assunto onde se encontra o meu filho?

— Seu filho está morto minha rainha — respondeu Armeriov com tom de ironia.

— Nem pra guardião você serve não é Armeriov, mas agora que meu filho se foi tenho que tomar conta do meu neto — falou olhando em minha direção —Vamos Mark entre na carruagem e vamos para meu castelo onde você vai receber o tratamento que um príncipe merece.

— Ele não se chama Mark,  o nome dele é Nickolas — Advertiu Armeriov.

— Você não vem Armeriov? — perguntei para ele.

— Não se preocupe, eu estarei logo atrás de vocês.

E segurando na mão daquela que talvez fosse minha avó entrei abordo da carruagem e fomos em direção ao castelo que vi quando chegamos.