Capítulo 1

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Louis's pov

Meu pai está sorridente e é triste admitir que isso nunca é um bom sinal. Geralmente ele acaba me arrastando pra ver algum replay de algum jogo de beisebol no qual eu não tenho o mínimo interesse – apesar de ele gritar empolgado que a jogada é genial e eu seriamente tentar entender o porquê – ou ele quer me dar alguma notícia como a que ele me deu há quase um ano atrás.

Meu cérebro literalmente parou por alguns sérios segundos quando ele me informou "Eu estou saindo com a Anne Styles e nosso relacionamento está ficando bem sério".

Ele falou como se não fosse nada demais, no meio de um almoço qualquer. E eu quase engasguei porque, bem, porque geralmente quando seu pai fala que está namorando com a mãe do garoto que te tranca dentro dos armários do colégio, rouba a sua mochila e joga comida em você desde que você entrou no colegial, você considera a ideia de ele começar a fazer coisas piores com você, se isso for possível.

Acontece que depois que meu pai e Anne Styles começaram a se ver quase todos os dias da semana, além de me empurrar contra o meu armário, Harry também me olhava com aqueles olhos de quem dizia "Se seu pai machucar a minha mãe, você morre". E Harry é só um cara de quase dois metros com braços bem pesados, então não, eu não tenho medo. Nem um pouco.

Ou seja, quando meu pai sorriu e me disse que queria conversar comigo nessa manhã, eu esperei o pior. Por mais que minha curiosidade estivesse formigando na minha pele, eu não tinha certeza se eu realmente ia querer saber, então eu não insisti em perguntar do que se tratava. Algo me dizia que eu ia descobrir mais cedo do que eu desejava, de qualquer forma.

Mas agora eu meio que prefiro que ele tivesse me dito mais cedo do que ter me trazido aqui.

"Aqui" sendo um restaurante no qual eu tenho que vestir um maldito terno e sentar com Harry Styles na minha frente, sorrindo como se ele nunca tivesse jogado refrigerante na minha roupa ou pendurado minha mochila em algum lugar que só ele e o Zayn conseguem alcançar.

Se bem que ele até parece decente assim, vestindo um terno ao invés da camisa azul do time de basquete do colégio.

Meu pai e Anne estão conversando em meio a risadinhas enquanto a gente janta. Eles não fazem ideia do se passa entre eu e Louis porque, bem... Olha pro meu pai, cara. Minha mãe e ele se separaram quando eu ainda era muito pequeno e eu nunca tinha visto alguém fazer ele rir do jeito que a Anne faz. Então nesses momentos em que eu tenho que dividir uma mesa com Harry, eu só finjo que nós nos damos super bem porque é o mínimo que eu posso fazer. E eu fico feliz que Jared faça o mesmo.

Ao menos desejar a felicidade dos nossos pais é algo que nós temos em comum. Por mais que me pareça meio impossível a ideia de Harry querer o bem de alguém além dele mesmo.

Eu não sei bem por que ele apoia esse relacionamento. Na verdade, ele parece não apoiar muito, mas está bem claro que ele se esforça. O que eu sei sobre ele, é que o pai dele morreu poucos meses depois de ele nascer. E desde então ele mora só com a mãe. Eu não sei de onde ele tirou esse jeito brutamontes de ser, porque a mãe dele era obviamente uma mulher adorável, cheia de sorrisos. Um sorriso tão bonito quanto o do seu filho, com covinhas e tudo.

E eu acho que eu passei muito tempo olhando pro sorriso de Harry enquanto ele tenta ser simpático com meu pai e, oh meu Deus, isso é bem estranho. Porque ele está bem longe de ser legal comigo quando estamos na escola. E porque ele meio que me olhou de relance como quem pergunta "O que você tá olhando?" e eu sei que isso significa que ele vai dar um jeito de sumir com os meus livros amanhã. Até hoje eu não sei o que ele fez com o meu exemplar de O Código da Vinci e eu tive que ver o filme pra saber como a história acabava.

Boys Will Be BoysOnde histórias criam vida. Descubra agora