Minha cabeça começou a girar no momento que ela deu a notícia.
- Não! - gritei - Não! Ela não! - Porque a Alice? Porque justo a minha melhor amiga? Comecei a chorar muito, e então senti a Amanda me abraçando e chorando também, e a professora dizendo que tudo ia ficar bem... De repente senti minha cabeça bater no chão tudo ficou escuro.
Acordei com a cabeça apoiada em uma almofada no sofá da sala da coordenadora.
Aos poucos fui lembrando da aula, da professora chorando, da Alice... Os detalhes apareceram nitidamente na minha cabeça e senti que ia recomeçar a chorar. mas eu não podia, não na escola, não na frente das minhas professoras.
- Marina! - a professora de português exclamou - Graças a Deus você acordou!
- Calma, Carmen. - A professora de Artes, Giovana, pediu. estranhei a presença dela ali, afinal ela me odeia. Mas pensei que devia ser por causa da Alice, afinal, ela era uma artista incrível.
Ai. Eu disse "era". Ela não era, ela É uma artista incrível. Ela não morreu...
- E a Alice, professora? Ela tá bem? Ainda tá no hospital? Vai ter algum dano permanente? - eu me levantei do sofá, e imediatamente fui empurrada pra ele de novo.
- Calma Marina! A Alice está internada, então ainda é cedo pra tirarmos conclusões. Agora sente-se. - a Carmen tentou em vão me acalmar, já que eu não parava quieta.
- Eu preciso ir até lá! Eu preciso vê-la! consegui finalmente me soltar, então levantei bruscamente, quase chorando de novo. Afinal, quem eu quero enganar?Sou super emotiva, a Alice vive me dizendo isso! - Eu tenho que ir vê-la! - gritei, finalmente deixando que as lágrimas rolassem.
- Marina, acalme-se por favor. Eu entendo o seu desespero, mas ir até lá não vai resolver nada!Temos que esperar que os médicos façam o trabalho deles! - disse a coordenadora - Agora acalme-se!
- Me acalmar? Vocês querem que eu me acalme sendo que minha melhor amiga está no hospital, precisando de mim? - eu perdi a paciência - Eu preciso ir até lá!
A coordenadora suspirou, viu alguma coisa no computador e depois pegou o telefone. queria saber pra quem ela estava ligando, mas a professora de português continuava tentando me acalmar, dizendo que estava tudo bem.
Ela disse isso com uma voz que parecia tão sincera que quase acreditei. Quase.
- Ok. Tudo bem - ouvi a coordenadora dizendo - Vamos esperar - ela desligou o telefone.
- Marina, está tudo bem, para de chorar! - a professora de português falou.
- Bem, eu vou voltar pra sala! - disse a Giovana, que eu nem tinha reparado que ainda estava ali.
- É melhor você voltar também, Carmen. E Marina também - a coordenadora disse olhando pra mim - sua mãe está vindo te buscar, vá pegar suas coisas. - explicou.
- Tá bom. - falei, agora sem chorar. Mas a Carmen percebeu que eu não estava bem, e perguntou se eu queria ao banheiro antes de voltar para a sala.
- Não precisa. Vou pegar minhas coisas.
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Sozinha
JugendliteraturMarina e Alice são garotas como qualquer outras. Ambas são grandes amigas, desde a infância. A vida delas sempre foi parecida, sempre foi calma e boa, sem problemas com a família nem na escola. Mas agora, esse ano, em que as duas chegaram na sétima...