Capítulo 2

24 1 0
                                    

Hoje era o segundo dia de aulas. Estava na aula de História e penso que estávamos a rever a matéria do ano passado, não sabia bem ao certo. Eu estava com a cabeça apoiada à mesa a desenhar uns rabiscos no meu caderno.

-Menino John, está atrasado como sempre.

Levantei a cabeça ao ouvir o que o professor dissera. Era ele. Eu sabia que era ele, mas estava tão diferente. Estava vestido de estilo rockeiro. Todo de preto com o casaco dobrado até ao cotovelo, uma pulseira preta no pulso, de óculos pretos e o cabelo todo despenteado. Fiquei deveras surpreendida, ele ontem estava vestido com os calções até aos joelhos e uma camisola verde, como um rapaz normal. A única coisa igual entre hoje e ontem tinha sido o cabelo despenteado o que eu achava que tinha uma certa graça. Dava-lhe um ar doce.

Ele tirou os óculos e pude ter a certeza que era mesmo ele. Olhos verdes e belos.

-Desculpe. - murmurou quase como se fosse repetitivo e andou até um lugar lá ao fundo da sala.

Os nossos olhares cruzaram-se como se ele me tivesse reconhecido, mas rapidamente voltou a pôr os óculos com uma surpreendente destreza.

Surpreendentemente, o professor não disse mais nada e continuou com a aula.

E quando a aula acabou, ele levantou-se, colocou os livros na mão e desapareceu. Fiz o mesmo e fui até ao cacifo trocar de livros.

Ía ter química, uma disciplina que eu gosto. A única coisa que não gosto é que nunca arranjava par para fazer as experiências e algumas vezes até nem chegava a fazer a experiência. Fechei o cacifo e assustei-me ao vê-lo. Tinha estado ali à quanto tempo? Desejei que não fosse à muito, pois decerto que ouvira eu a murmurar "Que porcaria" brutalmente, o que deu para eu fechar o cacifo com força.

Ele riu-se e depois disse, com um ar um pouco assustador:

-Olá!

Não respondi. Estava a observar as pessoas à nossa volta que se tinham afastado ao verem-me com ele. E dava para ouvir uns múrmuros por parte de algumas pessoas. "Quem é ela?", " Vamos embora", etc.

-Desculpa se fui um pouco rude ontem. Gostava de te explicar, mas a verdade é que eu também não sei bem o que é que aconteceu. - ele disse gentilmente com uma voz doce e já mais sério. Não percebia porque é que as pessoas pareciam estar com medo dele se ele até parece alguém simpático. Talvez fosse pelo aspecto dele, que eu até achava engraçado e um bocado assustador.

-Não tens que explicar nada, só estava no sítio errado à hora errada. - disse, mas depois acrescentei. -Mas se não sabias que voavas, qual era a tua ideia quando saltaste?

Ele não respondeu e já estava a ir embora outra vez. Já era a segunda vez que me deixava sem resposta e desta vez, ele fez isso depois de me ter pedido desculpa por ter feito isso ontem. Quase como impulso, irritei-me e gritei-lhe:

-Estúpido.

E, ainda irritada, fui-me embora. As pessoas olhavam surpreendidas e exclamavam como se eu tivesse mandado o director da escola dar uma volta. O que por acaso já fiz na minha escola anterior, quando o director assediou-me sexualmente. E a minha mãe ainda teve coragem de ir à escola dar-lhe um grande estalo que até ficou com a cara vermelha. E aí sim, as pessoas exclamaram.

Acalmei-me com este pensamento e nem raparei que ele, John, também estava parado e por uns segundos rira-se.

Com este pensamento, também fui contra uma rapariga. Tinha cabelo curto e preto, tinha numa mão um computador e na outra um capacete de mota branco. Achei piada ao estilo dela, diferente.

-Desculpa! - disse completamente nervosa, tinha-lhe partido o vidro do capacete.

Contudo, ela pôs um sorriso na cara e disse:

ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora