03/01/2016
Se antes você me perguntasse se eu acreditava em espíritos e nessas coisas eu diria um não, e ainda riria do ser que me perguntasse isso. Mas se me fizer essa mesma pergunta hoje, eu diria um puta sim, pois aqui estou eu, olhando meu próprio corpo em uma cama, com vários fios ligados nele junto a uma máquina que registrava as batidas do meu coração, minha cabeça estava enfaixada, meu rosto pálido, eu estava horrível. Eu não sabia dos meus pais, eu não os vi, será que eles podiam me ver? E meu irmão? Meu Deus, o que tá acontecendo comigo? Porque a enfermeira não me via, porque eu estou me vendo? Isso não é normal.
Não sei o que fazer, só chorar, eu estou desesperada.
Fico ali no canto do quarto olhando pra fora da janela onde garoava, não sei exatamente a quanto tempo estou aqui mas estou perdendo a minha paciência, quando ia abaixar minha cabeça a porta se abriu e meus pais entram aos prantos junto ao meu irmão, me levantei no mesmo segundo indo ao encontro deles, abri meus braços pra abraçar minha mãe que chorava no peito do meu pai enquanto o mesmo a apertava junto a ele enquanto fungava no seu cabelo.- Está tudo bem mamãe, eu estou bem. - Disse mas eu não fui respondida, e eu não consegui abraça-los, meu corpo passava por dentro deles, era uma sensação horrorosa, me subiu uma angústia e me afastei no mesmo estante.
- Pai? Mãe? - Chamei com lágrimas nos olhos, estou com um aperto no coração, não aguento ver meus pais chorando. - Júnior? Meu Deus, vocês consegue me ver? - Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
- Não, vocês não me vêm. - Susurrei em resposta enquanto limpava meu rosto.Mamãe chorava abraçada ao meu pai, Júnior estava parado de frente ao meu corpo enquanto me olhava, sem expressão, vazio.
Um barulho na porta chamou a atenção de todos.
- Desculpa, são parentes da Senhorita Zara Delish Marcel? - Meus pais assentiram. - Bom Sr. Delish e Sra.Delish, a paciente chegou aqui com uma hemorragia celebral grave, junto com o braço direito e a perna esquerda quebrada e um hematoma feio na barriga, fizemos nosso melhor, a paciente está desacordada e não temos previsão de quando ela acorda.
Meus pai fungavam e choravam baixinhos um abraçado no outro enquanto, Júnior recebia a notícia segurando a minha mão com o olhar triste posto em mim.
Eu podia sentir seu toque, aquilo é tão bom.- Ela vai ficar bem, não vai doutor? - Ele perguntou enquanto apertava a minha mão. Fechei a minha mão em punho como se eu pudesse retribuir o aperto.
- Infelizmente não sabemos, a paciente vai ficar em observação por um tempo, sem previsão de alta.
Todos da sala ficaram em silêncio, o doutor sem nada mais pra nós comunicar saiu da sala, não deve ser a primeira vez que ele ver um caso assim.
[...]
- Com licença - A mesma enfermeira de horas antes, chamou na porta com uma prancheta na mão. - O horário de visitas acabou, eu sei que são parentes mais a paciente precisa ser cuidada, desculpa. - Ela abaixou a cabeça enquanto minha mãe pegava sua bolsa e abraçava meu irmão.
- Entendemos. - Meu pai falou.E assim eles se foram, e eu fiquei aqui sem saber ao certo oque fazer.
- Olá.. - A enfermeira que eu não sabia o nome falou olhando na sua prancheta novamente. - Zara?
Essa mulher é doida mesmo ou ela mordeu a mãe dela, eu em, ela quer mesmo que eu responda quase morta?
- Meu nome e Letícia, mas todos me chamam de Lety. - Ela ia falando enquanto tirava e colocava fios em mim, eu sentia essas merdas, e isso dói, alisei meus braços em busca de parar esses formigamentos. - Você é minha primeira "paciente" aqui por assim dizer, que barra em? Mais você vai ficar bem, acredite. - E assim se foi, ficando só eu e meu corpo, já estou ficando com raiva disso, não vou mais ficar aqui me lamentado e olhando pra esse meu maldito corpo todo lascado nessa cama.
Me levantei e sai daquele quarto percorrendo um corredor branco, com um cheiro esquisito. Cheguei na recepção, vi meus pais sentados em um sofá, e meu irmão em pé ao lado deles, todos prestavam atenção no que uma mulher dizia, me aproximei e vi em seu crachá.
"Dr. Flávia, Psicóloga e Pediatra"
Ela falava coisas do tipo: "Vai ficar tudo bem", "Não percam a fé", " "Mesmo com tudo isso vocês não podem esquecer que tem uma vida" , "Vocês trabalham, não devem desistir assim, sua filha não iria querer, sua irmã não iria querer" falava enquanto olhava pra eles, bom nisso ela estava certa, eu não queria que meus pais se dedicasse somente a mim, eu sei o quanto eles batalharam pra chegar até aqui, e isso inclui meu irmão, não quero que ele tranque sua faculdade de fotografia só por minha conta.
Meus pais concordavam com a cabeça tudo que a doutora falava.
Resolvi dá uma volta pelo hospital. Tudo chato, tudo depressivo, tudo um...- Opa - Dei de cara com uma porta que dizia "Acesso Restrito", quem não arrisaca não petisca certo? E já que ninguém vai me ver mesmo.
Abri a porta e subi umas escadas que tinha ali, depois de quase um ano subindo degraus cheguei no final, se eu literalmente não estivesse quase morta, a expressão "Estou morta" teria caído bem agora.
Estou no último andar, no topo do prédio, o vento bagunçava meus cabelos que estava exatamente do jeito que eu sai de casa, a mesma roupa, nada de diferente em mim, só tirando o fato de que ninguém podia me ver.
Fui pra ponta, e me sentei no parapeito , o que eu vou fazer agora? Olhei para o céu que estava meio alaranjado.E se eu ir viver meus sonhos enquanto posso? Afinal não sei se eu vou realmente acordar.
CONTINUA..
Minhas viaaaaaadas!
E ai, o que estão achando? Por favor me falem, estou precisando de incentivos
Bjs♣XCarolinaX
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Aparição
Teen Fiction- Você é Católico? - Não, porque? - Você acredita em vida após a morte? -Isso não é espiritismo? -Não sei é? Foda-se - Ri enquanto sumia.