Desde o início

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Desde criança eu sei que tenho algum dom especial. Vejo coisas que sei que a maioria das pessoas não veem. Sinto coisas que sei que a maioria das pessoas não sentem. Dizem que temos que ter medo de quem está vivo e não de quem está morto, mas no meu caso é o contrário. Olá, meu nome é Luciana, mais conhecida como Lucy.

FLASHBACK
- Mamãe? Aonde você está? Eu e o Ted estamos te esperando para tomar café da tarde - disse correndo atrás dela pela casa com o meu ursinho nas mãos.
- Estou aqui, meu amor - escutei sua voz vindo do jardim. Fui até ela e a encontrei sentada em um dos bancos, apenas observando os pássaros voando.
- O que você tá fazendo?
- Estou só olhando as coisas meu anjo, vamos lá tomar café - disse me estendendo a sua mão, e então fomos a cozinha.
FLASHBACK

Esse momento me veio a mente logo que acordei. Sempre que me pego pensando nessas lembranças meus olhos se enchem de lágrimas. Minha mãe faleceu a 4 meses, ela tinha câncer de mama e a 3 anos vinha lutando contra ele, e infelizmente, ela perdeu essa guerra. Sinto muito a falta dela, moro com o meu pai que tenta sempre fazer o melhor para mim, tenta suprir essa minha tristeza, ele faz o melhor que pode.
Limpei as lágrimas e fui ao banheiro, logo desci para tomar café e meu pai já estava na mesa lendo o seu jornal.
- Bom dia pai - digo lhe dando um beijo e me sentando ao seu lado.
- Bom dia Lucy.
Maria, nossa empregada e como uma vó para mim, nos serviu pão de queijo e comecei a comer. Conversei um pouco com o meu pai e logo fui ao meu quarto fazer as malas.
Amanhã voltam as aulas e eu estudo em um colégio interno. Não me incomodo com o fato dele ser interno, pelo contrário, até gosto, estudo lá a 3 anos. Logo que a doença da minha mãe começou ela me matriculou neste colégio, dizia que não queria que eu a visse sofrendo e que preferiria que eu passasse todo o meu tempo lá.
Terminei de fazer as minhas malas e fui tomar um banho. Passei o restante do dia com o meu pai, que vez ou outra dizia que iria sentir muito a minha falta em casa. Antes do jantar, eu estava deitada no meu quarto lendo um livro, quando de repente sinto que alguém está me olhando. Olho para a porta mas não há ninguém lá, então volto a ler. Ouço alguém sussurrando "Lucy" e olho novamente. Curiosa, me levanto e vou caminhando devagar até a porta, quando a abro, levo um susto com Maria na minha frente.
- Ô Maria, que susto, está aí a muito tempo? - disse olhando para os lados.
- Não minha querida, estava vindo te chamar agora para ir jantar.
- Claro, já estou indo - disse e fechei a porta, a acompanhando até a cozinha e observando toda a casa. Desde criança sinto coisas, vejo vultos, sinto pessoas me observando, mas desde que a morte da minha mãe, isso ficou pior, acontece com mais frequência e mais intensidade.
Me sentei a mesa com meu pai e Maria nos serviu e começamos a conversar normalmente.
- Ô filha, vou sentir tanto a sua falta - disse ele pela milésima vez ao dia.
- Eu sei pai, vou fazer falta - disse brincando e ambos abrimos um sorriso - No final de semana você já vai me ver, volto para a casa.
- Tome muito cuidado ok? Qualquer coisa, problema, é para você me ligar, me prometa isso - disse preocupado. Desde a morte da minha mãe, meu pai se preocupa demais comigo, com medo de que me aconteça algo.
- Pode deixar pai, vou me cuidar, eu prometo - disse lhe dando um sorriso.
Terminamos de jantar, conversamos mais um pouco e fui deitar.
Acordei cedo no outro dia, me levantei, tomei um banho e coloquei um vestido azul. Desci minhas malas e me sentei para tomar café com meu pai. Meu colégio fica em uma Ilha, então todos os alunos devem ficar no Porto esperando até o navio chegar para nos buscar e nos levar.
Assim que terminei de tomar café, coloquei minhas malas no carro e meu pai me levou até o Porto, que ficava a 40 minutos de casa. Ao chegar lá, entreguei minhas malas aos responsáveis por isso e meu pai veio se despedir com um beijo e um abraço demorado, mandando eu me cuidar. Logo encontrei meus amigos e logo o navio chegou, nos levando até o colégio.
Faz 3 anos que o frequento, mas não canso de me encantar com esse lugar. Rodeado de flores e árvores, com um muro o cercando para não irmos até a praia durante as aulas, quatro prédios dentro do local. Dois com quartos, um com salas de aula e outro com passatempos, como biblioteca, sala de jogos, teatro, lan house e entre outros; duas piscinas e duas quadras, e uma praça envolta de um lago. O lugar era realmente magnífico, não tinha como não gostar.
Assim que chegamos pegamos as nossas malas e nos dirigimos ao local onde estava dizendo qual seria o nosso quarto.
- Ok, quarto 41 no prédio 2, com a parceira Mary Lopes. Aluna nova? - digo a Beatriz, minha amiga.
- Deve ser, estou no quarto 36 no prédio 2 também, junto com a Larissa. Pelo menos estamos perto - diz sorrindo - E você Pe?
- Prédio 2, quarto 44, com um menino chamado Lucas - diz Pedro, meu melhor amigo.
Conversamos mais um pouco e fomos aos nossos quartos, chegando lá vejo que minha colega já está.
-Ei, olá, meu nome é Lucy - digo sorrindo e lhe dando um beijo no rosto, a mesma sorri.
- Um prazer te conhecer, sou a Mary. Se importa se eu ficar com essa cama? - diz se referindo a cama da direita, na qual já estava as suas coisas.
- Nem um pouco, prefiro a da esquerda mesmo - digo colocando minhas coisas em cima da cama. Arrumei minhas coisas, guardei minhas roupas, e saí para almoçar, levando Mary comigo.

Conversando com EspíritosOnde histórias criam vida. Descubra agora