Cap. 1 - Uzumakis

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Boruto Pov's

Himawari chorava agarrada ao meu casaco grosso com o emblema do Internato Konohagakure.
Beijei-lhe o topo de sua cabeça e acariciei seus longos cabelos. Como era parecida com nossa mãe.
- "Não chore assim, ligarei sempre que puder e temos o fim de semana também". - tentei tranquilizá-la.
- "Sentirei tanto a sua falta". - fungou ela.
- "Também sentirei a sua!" - limpei uma lágrima que escorreu por sua bochecha.
Me desfiz do aperto de Himawari e encarei meu pai, atrás dela, com sua postura impassível e expressão vazia. Por um momento pensei ter visto um brilho diferente em seus olhos, um traço de emoção, mas logo desapareceu.
- "Está na hora de ir, Boruto." - falou ele, sério.
- "Cuide bem dela." - virei e desci as escadas de mármore negro, entrando no carro cinzento, rumo ao desconhecido.

***

É realmente perturbador pensar em como tudo ficou tão horrível. Num dia éramos uma família feliz e unida, e no outro tínhamos três pessoas decadentes vivendo na mesma casa.
Relembrar o que causou toda essa situação é realmente doloroso.
É irônico como tudo pode mudar de uma hora para outra.
Foi numa tarde como essa que a tragédia abateu-se sobre minha família.
Estava nevando. Passávamos o fim de semana na cabana, no alto da montanha. O cheiro de chocolate quente tomava conta do ambiente. Himawari ria de alguma piada que meu pai lhe contou. Eu estava sentado perto da lareira, e olhava a neve cair do lado de fora.
Estávamos tão felizes. Uma família de verdade.
Mamãe sorria enquanto trazia as xícaras com chocolate quente para nós. Conversávamos e ríamos das histórias que nosso pai contava. Mamãe se levantou, anunciando que ia descansar um pouco. Ela se foi, e nunca mais voltou.
Quando nosso pai foi vê-la, para saber se precisava de algo ou se estava bem, ouvimos o grito, um protesto amargurado, um homem em negação.
Corremos para tentar ajudar no que fosse, e lá estava ela. Deitada no tapete manchado pelo líquido escarlate que contornava seu corpo. Nosso pai chorava com a cabeça entre as mãos, desesperado.
Himawari desmaiou e eu não conseguia me mover. Por quê? Eu me perguntava. Varri seu corpo com o olhar, em busca de um ferimento à bala ou qualquer coisa, mas tudo o que vi foram os pulsos cortados, cortes profundos e cruéis, e ainda o pequeno punhal prateado que repousava ao lado do corpo inerte do que costumava ser minha mãe.
Por que ela fez isso? Por quê?
Suicídio. Foi a forma que ela encontrou de se livrar de nós. Do filho problemático, a filha insegura e anti social, e do marido que raramente estava em casa.
Mas por que ela fez isso num dos únicos momentos em que estávamos juntos e felizes? Ou foi o que pensei, que éramos felizes.
Olhei pela janela do carro e vi a paisagem branca, pequenos flocos de neve grudavam-se ao vidro.
Eu já estava cansado de esperar, cansado de ficar parado. Fiquei inquieto até ver a grande construção acinzentada, que mais parecia um presídio, cercado por muros cobertos de musgo e algumas plantas.
O motorista parou em frente ao portão e eu desci. Uma mulher loira, com um sinal na testa, estava à minha espera.
- "Seja bem vindo à Konohagakure, sr. Uzumaki Boruto! Eu sou Tsunade Senju, a diretora!" - ela estendeu a mão e eu aceitei o cumprimento. - "Siga-me e levarei o Sr. até suas instalações, e mais tarde um guia resignado por mim lhe ajudará com seus horários e lhe mostrará o lugar, tudo bem?"
- "Sim." - concordei e simplesmente a segui.
Não vi ninguém o lugar, era tudo muito vazio e obscuro.
Ela me levou por um corredor estreito até chegarmos em uma escada que subiaem espiral. A cada três metros, corredores se abriam nas laterais da escada. Conclui que deveriam ser os dormitórios. Subimos o que me pareceu uma eternidade, até que chegamos a uma das aberturas laterais da escada e pararmos em frente a uma porta de madeira com números entalhados nela.
- "Você ficará aqui, quarto 65, as portas aqui ao lado pertencem a alguns dos seus colegas de turma."
- " Hm". - respondi simplesmente. - "Aqui está sua chave, espere até que venham buscá-lo".
Peguei a chave e dei as costas para a mulher loira que tratou logo de ir embora.
Encaixei a chave na fechadura e girei, entrando no meu mais novo quarto.
Devo admitir que fiquei impressionado.
Havia uma cama de casal no centro do quarto, com um dossel sobre ela, meio antiquado na minha opinião, uma escrivaninha ao lado da cama e o armário de roupas. Havia uma porta que eu acreditava ser o banheiro, e também uma janela bem grande que dava vista para um bosque.
Larguei a mala ao pé da cama e peguei as outras duas que estavam na porta e as levei pra dentro.
Arrumei minhas coisas no armário e coloquei o porta retrato com a foto de minha família na escrivaninha.
Sentei na cama e retirei o casaco pesado colocando-o na cabeceira da cama, pendurado.
Suspirei. Estava cansado, então deitei e caí no sono.

***

Batidas insistentes na porta me acordaram.
Levantei e passei a mão no rosto, arrumei a camisa e fui atender a porta.
Quando a abri me deparei com um rapaz, que aparentava ter a mesma idade que eu, ele tinha cabelos brancos e a pele muito pálida, seus eram... diferentes.
- "Olá, sou Mitsuky, vim lhe buscar para mostrar o colégio e lhe passar os seus horários! " - falou animadamente.
- "Olá, eu me chamo Boruto!" - tentei ser simpático com o garoto que parecia ser legal.
- "Vamos?" - perguntou ele, sorrindo.
- "Claro!" - o segui pelas escadas e Mitsuky não parava de tagarelar.
Eu ria de algumas coisas que ele falava, pela primeira vez em meses eu sentia um alívio no peito, como se uma pequena parte do peso que eu carregava tivesse sumido.
Retornamos aos dormitórios e ele me leva até meu quarto.
- "Mitsuky, uma curiosidade, quem ocupa os quartos ao lado do meu?" - apontei para as portas mais ao fundo.
- "Você é um sortudo!" - ele riu e eu fiquei esperando uma explicação. - "O 66 é de Yamanaka Inojin, filho do professor de artes, é um cara talentoso, vai embora daqui a duas semanas".
- "Interessante! " - falei. - "E o outro?"
- "O 67, no fim do corredor, é de Uchiha Sarada, filha de um magnata muito poderoso e sua mãe é a melhor médica já conhecida até hoje, chegou semana passada!"
- "Hmm." - fiquei curioso, devo admitir.
- "Quer saber de uma coisa?" - ele sorriu malicioso.
- "Diga!" - falei.
- "Ela é linda!" - ele me deu uma cotovelada leve e foi embora rindo.
Encarei a porta com os números 67 entalhados, e então entrei em meu próprio quarto.
Num lugar como esse pensei qie os dormitórios eram divididos em alas, mas culina e femina, interessante.
Tirei os sapatos e a blusa ficando apenas com a calça do uniforme do internato.
Dei uma última olhada pela janela, admirando a vista e então fui deitar, mas não antes de me livrar daquela calça, claro. E então dormi.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2016 ⏰

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