Acampamento

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Adam Carmichael encostou seu carro ultracompacto na entrada da casa de Jasper Chapman e , virando para a irmã, disse :
- Vai lá chamar o Jasper, Zee.
- Se eu conseguir sair daqui - disse ela, apontando para a enorme mochila vermelha que estava em seu colo e que quase tocava o teto do carro.
Lá do banco de trás, Chloe Lawrence- Johnson disse animada:
- Pode deixar que eu chamo! Minha bagagem está no porta-malas.
Abrindo a porta de trás do carro, ela correu até a entrada da casa de Jasper, com o rabinho de cavalo balançando atrás de sua cabeça a cada passinho que dava.
Por que a Zee e eu temos que andar neste carro com nossa bagagem atrapalhando e a Chloe pode pôr as coisas dela no porta-malas? - reclamou Ally Stern, que também estava sentada no banco de trás.
- Bom... - começou a dizer Adam, fingindo que estava dando a maior importância à pegunta de Ally. - Acho que é porque a Zee anfiou uma outra mala e a guitarra dela lá atrás. Não cabe tanta coisa assim no meu porta-malas. - Pegando seu iPhone, ele começou a digitar uma mensagem de texto.
Zee virou para trás e pôde ver a cara que Ally fez.
- Não é minha culpa que você tenha um carro tão pequeno - disse Ally.
- Se quiser ir andando até lá, fique a vontade - disse Adam, sem parar de digitar a sua mensagem.
- Desculpe, Ally - disse Zee à sua melhor amiga.
Ally tinha se mudado para a França no verão anterior, mas estava passando uns dias n casa de Zee, porque seus pais, que eram jornalistas, viajaram a trabalho. Como já tinha sido aluna do Colégio Brookdale, Ally estava indo com a escola participar da viajem anual da sétima serie para a Montanha Brookdale.
Chloe voltou com Jasper, que estava com seu instrumento e uma das menores lmalas que Zee já tinha visto nesta vida.
- Ai, meu Deus, Jasper! - disse Ally, quando todos se espremeram no banco de trás do carro. - Você trouxe roupa suficiente para a semana inteira?
- Não preciso de mais do que a minha escova de dentes e algumas roupas - disse ele. - Além disso, o segredo para fazer uma boa mala é dobrar as roupas direito, ou melhor, enrolar suas roupas.
- Enrolar as roupas? - perguntou Zee.
- Sim. Cabe mais e não amassa - explicou ele, com seu sotaque britânico. Jasper tinha vindo de Londres no verão passado.
Zee olhou para a bagagem que levava no colo.
- Agora que você me fala?
Esta viajem vai ser tão legal! - exclamou Chloe. Adam guardou seu iPhone e ligou o carro de novo. - Não vai, Zee?
- Claro. Se você acha que passar uma semana no meio do nada é legal...
- Eu acho que vai - disse Chloe, sorrindo. Seu sotaque sulista sempre ficava mais acentuado quando ela estava animada. - Espero ver muitos animais. Na montanha Brookdale, existem guaxinins, gambás, coiotes e até mesmo leões da montanha!
- Leões da montanha ? - assustou- se Zee. - Aqueles predadores com dentes afiados e patas enormes ?

Chloe riu.
- Não se preocupe. Teremos sorte se conseguirmos ver um.
- Sorte? - perguntou Zee.
- Por favor, diz que isso é uma piada - disse Ally.
- Não é uma piada - disse Chloe. - Mas não tem problema. Animais selvagens tem medo de humanos.
- Só espero que eles se lembrem disso - respondeu Zee, arrumando a faixa azul que usava nos cabelos ruivos.
- Eu ficaria contente de ver algumas de suas gambás americanas - disse Jasper.
- Eu não! - disse Zee. - As mordidas de mosquitos os banheiros ao ar livre já estão me deixando uma pilha de nervos. Agora vocês estão falando essas coisas... à viagem já esta me soando muito pior.
Adam entrou com o carro no estacionamento da escola.
- É muito tarde para desistir agora - disse ele a irmã. - Já chegamos.
- Acho que vou falar que não posso viajar porque fiquei presa debaixo da bagagem - murmurou ela.
Chloe deu uma risada.
- Vou ajudar você a sair daí - disse ela, saindo do carro junto com Jasper e Ally. Chloe apontou para Adam, que ainda estava sentado atrás do volante, mexendo em seu iPhone. - Achei que seus pais trariam a gente, não ele.
- Eles iam trazer, mas minha mãe começou a chorar no café da manhã - disse Zee. - Eu ia morrer se minha mãe começasse a chorar bem aqui, no estacionamento.
- Por quê? Você acabaria chorando também?
- Exatamente - disse Zee. - Vou sentir muita falta de meus pais. Nunca fiquei tanto tempo assim longe deles.
- Já participei de três acampamentos de verão, então meus pais ficarão de boa - disse Chloe. - Nao verdade, comparado às seis semanas do acampamento de verão, este aqui não é nada.
- E os seus pais, Jasper? - perguntou Ally.
Jasper levantou a mochila.
- Adivinha o que eu trouxe aqui além das roupas?
As meninas balançaram os ombros.
- Protetor solar! - disse ele. - Cinco frascos.
- Tá brincando! - disse Zee, de boca aberta.
- Minha mãe me acordou no meio da noite para me lembra de trazer... mesmo no meio da floresta...
- Bom... você tem pele clara - lembrou Ally.
- Ninguém precisa de um frasco de protetor solar por dia - protestou Jasper.
- Vai ver ela ficou nervosa porque você vai ficar esse tempão todo longe - disse Chloe.
- É verdade - disse ele.
- Acho que vocês têm sorte - disse Ally. - Com toda aquela agenda cheia que meus pais têm, nem sei quando vou poder falar com eles.
- Ah, tadinha... - disse Chloe, compreensivamente.
- Mas Ginny e J.P são como meus segundos pais - continuou ela - , então é quase como se meus próprios pais estivessem se preocupando comigo.
- Não acredito que você chama os pais da Zee pelo primeiro nome! - disse Chloe.
Ally deu de ombros.
Adam finalmente saiu do carro.
- Por que demorou tanto ? - perguntou Zee.
- Estava tuitando - explicou ele.
- Tuitando? - perguntou Jasper.
- Sabe como é ? O Twitter? - disse Zee. - Como se o mundo fosse acabar e o pessoal não soubesse o que o Adam está fazendo o tempo todo.
- Tem algum jeito de saber que o Adam, quer dizer, alguma pessoa está fazendo o tempo todo? - perguntou Chloe, com os olhinhos arregalados.
- Alerta de babação! - cochichou Zee para Chloe.
De qualquer forma, mesmo que Adam percebesse que Chloe tinha uma quedinha por ele, ele nem ligaria.
- Vai ser ótimo pegar um pouco de ar fresco e comungar com a natureza, né, pessoal? - disse Adam, olhando direto para Zee. Ele respirou profundamente, parado no topo da montanha Brookdale.
Zee já tinha vivido tempo suficiente com seu irmão de 17 anos para saber que ele estava tirando sarro da cara dela.
- Que tal você ir comungar com a natureza e eu ficar em casa na minha caminha confortável?
- Hummmmm... e que tal "não" - respondeu Adam, só pra contrariá- la. - Eu já fiz a minha viajem até a Montanha Brookdale quando estava na sétima série. Agora é a sua vez.
- Serão só cinco dias, Zee - lembrou Chloe.
- Cinco... dias... inteiros! - repetiu Adam. - Viu vou ter bastante tempo para converter o quarto das "gêmeas" em uma sauna. Ele chamava Ally e Zee de "gêmeas" porque, antes de Ally mudar para Paris, elas eram praticamente inseparáveis. Às vezes, elas até se vestiam com roupas parecidas. Naquele dia, Zee e Ally estavam vestindo shorts com camisetas roxas parecidas.
- Muito engraçado - disse Zee sarcasticamente para Adam, embora todo mundo estivesse rindo, inclusive ela. - Se um pedacinho de papel estiver fora do lugar... - ela o ameaçou.
- E como você vai saber? - perguntou Adam.
Zee fez uma pausa. Seu quarto normalmente era uma bagunça generalizada.
De repente, ouviu- se um assobio atravessar o estacionamento.
- pessoal, está na hora de subir no ônibus! - A Sra. Merriweather, professora de ciências da sétima série do colégio Brookdale, estava começando a chamar os alunos.
- Zee olhou para os amigos.
- Então vamos!
- Quem sabe a viagem não fosse tão ruim assim. Afinal, ela ficaria uma semana sem aulas e na companhia se seus melhores amigos no mundo!
Zee, Ally, Jasper e Chloe colocaram suas malas no bagageiro do ônibus. Quando os meninos começaram a subir as escadas, os outros meninos da aula de ciências se juntaram a eles: Marcus Montgomery, Conrad Mitori, Landon Beck - o garoto mais bonito de todo o Colégio Brookdale.
Todas as crianças já tinham subido no ônibus, mas Adam agarrou Zee pelo braço.
- Espere! - disse ele.
- O que foi ? - perguntou Zee.
Ally e Chloe olharam para ele também.
- Cuidado com o Homem da Montanha - preveniu Adam.
- Ah, faça- me o favor! - disse Ally, torcendo o nariz.
Ao ver que Adam não mudou a expressão séria do rosto, Zee perguntou.
- Homem da Montanha?
- Ele mora na montanha de Brookdale... - Adam parou e balançou a cabeça. - Mas não importa. Talvez ele não pertube vocês.
- Provavelmente não, já que ele não existe - disse Ally.
- Quem é o Homem da Montanha? - perguntou Chloe.
Adam adquiriu uma expressão de nostalgia.
- Eu me lembro da minha viajem à Montanha de Brookdale como se fosse ontem - disse ele, virando- se para olhar para o grupo que se juntou ao redor dele. Naquela hora, as outras meninas da aula de ciências, Kathi Barney, Jen Calverez e Missy Vasi, se reuniram em volta dele para ouvir a história.
- O que aconteceu? - perguntou Zee.
- Alguém, ou talvez eu devesse dizer alguma coisa, morava naquela montanha.
- Ele não era humano? - perguntou Chloe.
- Bom - continuou Adam -,ele andava ereto e usava roupas humanas, mas tinha pelos por todo o corpo.
- Eca! - exclamou Kathi. - Até mesmo nas costas?
Adam balançou a cabeça, afirmativamente.
- Em todo lugar. Diz a lenda que ele não pode falar, então ele grunche. Ele só consegue dizer uma frase
- Qual? - sussurrou Chloe, fascinada pela história.
- Eu... quero... minha... perna... de volta!
- Ele não tem uma perna? Então como é que ele anda? - perguntou Ally, desconfiada.
- Ele usa uma muleta - respondeu imediatamente Adam.
Zee sentiu seu estômago revirar de medo. Ela queria ser como Ally. Zee já estava nervosa só de ter que ficar cinco dias longe dos pais e Adam não estava ajudando!
- Ele desce a montanha mancando todos os anos, exatamente na época da viagem da turma da sétima série - continuou Adam.
- Verdade? - disse Kathi. - Nunca ouvi falar disso e eu conheço muito alunos da oitava série, um em particular.
Zee sabia que Kath queria que todos perguntassem o que ela estava querendo dizer com " um em particular", mas Adam continuou contando.
- Ninguém nunca viu - disse -, mas há evidências de que ele já esteve perto das cabanas.
Mascus enfiou a cabeca por uma das janelas abertas do ônibus.
- Ei, pessoal! - gritou para as meninas. - Está na hora de ir! Ally agarrou Zee pelo braço.
- Vamos! - disse ela, puxando Zee para subir no ônibus.
- Até loguinho! - gritou Adam. - Pode deixar que eu fico aqui vigiando para ver se colocam a bagagem de vocês no ônibus. Sabe como é, isso porque sou um cara legal.
- Obrigada, irmã - gritou Zee, sem olhar para trás.
- Vejo você na sexta - acrescentou Ally.
As outras meninas embarcaram no ônibus atrás de Zee e Ally.
Passando pelo corredor do ônibus , Zee viu Marcus, Jasper, Landon e Conrad fazendo a maior bagunça. Mas, assim que as meninas passaram, eles pararam de cochilar e se sentarem direito.
Landon olhou para Zee e sorriu. Não fique vermelha, não fique vermelha, não fique vermelha - ela rezava em silêncio, mas seu rosto ficava cada vez mais corado. Zee tinha uma queda por London desde... sempre. Mas , pouco tempo atrás, eles tinham resolvido que seriam apenas amigos. Ela deu um sorrisinho amarelo para Landon e foi correndo se sentar ao lado de Chloe em um banco atrás dos meninos. Ally se sentou do outro lado dela.
Kathi, Jen e Missy se sentaram na fileira atrás delas. Logo em seguida, chegou o Sr. P., que era a abreviatura de Sr. Papademetriu. Ele era o professor favorito de Zee e diretor da banda deles, os The Beans. Todos os alunos da sétima série também eram alunos dele.
- Ah, que bom - ele disse. - Vocês estão todos juntos. Sei que alguns de vocês trouxeram seus instrumentos. Vai ser muito legal, porque teremos muito tempo para fazer um sarau.
- O que é um sarau? - perguntou Conrad.
- É quando a gente se reúne para tocar e cantar só pra se divertir - explicou o Sr. P.
- Que legal! - disse Zee. Depois. Ela continuou: - Sr. P., Ally trouxe a flauta dela.
- Que ótimo - disse ele, sorrindo para Ally. - Você poderá ser a convidada de honra do The Beans.
- Obrigada! Que maravilha!
- Os instrumentos ficarão guardados no alojamento principal - continuou o Sr. P.
- Será que ficarão seguros lá? - perguntou Kathi. - Meu violino custou muito dinheiro.
Chloe torceu o nariz ao ouvir aquilo e Zee mal pôde conter uma risadinha.
- Sim, eles ficarão bem trancados e ninguém ficara ni alojamento.
O motorista do ônibus fechou a porta e ligou o motor. O Sr. P. foi corretor se sentar em seu banco ao lado da Sra. Merriweather e dos monitores.

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