Capítulo 3

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Eu sabia o que aquilo significava, sem dúvidas.
Ele ia morrer. A Lu estava certa eu não podia fazer isso com ele, botar outra vida em jogo. Quando o meu coração começa a bater forte por alguém, o coração dessa pessoa para de bater. Basta um beijo e eles morrem, eu não sei o que há de errado comigo, achava que ia achar alguém pra ser feliz.
Ao chegar em casa me deitei e não queria sair da minha cama nunca mais, só fiquei lá com meus pensamentos.

Fui acordada por um barulho na minha janela. Olhei para ela e a mesma estava aberta, definitivamente eu tinha fechado. Meu coração parou de bater por um segundo e meu corpo gelou por inteiro. Já era de madrugada, estava tudo escuro mal conseguia enxergar, até que fui surpreendida por dois pontos claros no meu quarto, aquilo eram olhos, com toda certeza. Pensei que ia desmaiar, mas a voz me despertou

- Você tem dois meses.. - a voz era rasgada e ecoava por todo o quarto, eu não conseguia saber se era homem ou mulher.

Tomei coragem e falei antes que lágrimas percorressem meu rosto.

- Quem é você?

- Ah minha querida.. você não vai querer saber.

Era a primeira vez que aquilo acontecia, A coisa nunca tinha me visitado antes e isso me assustou muito.

- Por que você está me visitando? Por que não mandou malditos recados como sempre faz?

- Porque esta chegando a hora..

- Não vou lhe escutar - disse tentando esconder o medo em minha voz

- VADIAS QUE NÃO OBEDECEM MORREM. - ela gritou - mas esse é seu fim de qualquer jeito - disse calmamente.

Aquilo me assustou de verdade, mas juntei forças e continuei.

- Então porque não me mata agora?

A coisa veio até mim e segurou meu pescoço com força, seu rosto era impossível de se ver mas notei que em seus olhos havia raiva, mas também pena.

- Se eu quisesse eu lhe mataria, mas isso seria pouco sofrimento. Eu prefiro machucar seu coração, não há dor pior que essa.

- O que eu fiz pra você? - disse já chorando

A coisa saiu rapidamente de meu quarto, sem me dar resposta alguma. Não sei como, mas dormi profundamente.

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- Beatrice, Beatrice, acorde!

abri os olhos desesperadamente, com a sensação de que aquilo tinha sido um sonho, mas definitivamente não era.

- Beatrice, são 12:30 tem um garoto esperando por você lá fora. O que aconteceu hoje? chamei você pra levantar pra escola e você não acordou - minha mãe perguntou preocupada.

- Tive um dia difícil ontem. - isso bastou para que ela entendesse - Quem é o garoto que está lá fora?

- Não sei. Mas é muito bonito, tem olhos azuis.

Meu Deus, eu esqueci.
Antes que pudesse me levantar minha mãe me deu um beijo na testa
- Cuidado Beatrice..
Ela saiu e eu me arrumei muito rápido. Não estava tão bonita mas aceitável, me olhei no espelho e me vi como minha mãe, me senti mais bonita.
Desci as escadas correndo e dei de cara com ele. Oh Deus, aquilo ia ser tão difícil.

- Você me disse que não era fácil, mas não achei que era tanto assim - ele disse rindo.

Ele estava usando uma roupa simples, camiseta do Coldplay, uma calca gins e um tênis, Meu Deus, maravilhoso!

- Me Desculpa..

- Sem problemas. Acho que ainda dá tempo da gente almoçar, ainda esta afim?

Hesitei. Mas quando olhei seus olhos sabia que isso era tudo que eu queria fazer.
- Claro - disse esboçando um sorriso.

Ele me puxou pela mão e me levou até a calçada. Me senti protegida.
Então caminhamos.

- Olha, acho que não sou o tipo de garota que sai no primeiro encontro sem ao menos saber o nome do menino. Você poderia por favor me dizer seu nome?

Ele sorriu e respondeu:
- Alexandre. E o seu?

que nome lindo.
- Beatrice.

Ele falou o que pensou:
- Nome bonito, combina com a dona. Sorri envergonhada.

- Então, como você veio parar nessa cidade?

- Meus pais começaram a brigar muito por quê minha mãe se envolveu com drogas, daí ela nos abandonou, meu pai resolveu deixar ela e nos mudamos pra cá. Eu ainda amo ela apesar de tudo, espero que um um dia as coisas voltem a ser como eram, apesar da chance ser mínima eu ainda tenho esperança. - ele disse

- Não gosto dessa ideia de ter esperança.

- Por que? - me perguntou surpreso.

- Acho doentio ficar remoendo dentro de si uma hipótese. Gosto de trabalhar com fatos. Ou as coisas são de um jeito ou não são, e tudo que nos resta é aceitar.

- É.. talvez as coisas sejam assim mesmo - ele disse percebendo que eu tinha certa razão.

Fomos o caminho todo conversando, desejei que fosse mais longo apesar de estar com fome.
Pedimos o mesmo prato e comemos rápido como se a comida estivesse atrapalhando a gente de conversar. Apesar da minha vontade enorme de falar, voltamos de mão dadas em silêncio e aquilo era muito confortável.

- Chegamos. - ele suspirou.
- É.. - eu disse desapontada.

Então ele se aproximou de mim, senti meu coração gelar, colocou parte do meu cabelo pra trás e disse:
- Então, Beatrice, você é do tipo de garota que beija no primeiro encontro?
Eu não posso
Não posso.
Mas me entreguei a incontrolável vontade de beijá-lo
Posso. Ah mas se tem uma coisa que eu posso é isso

- Eu sou exatamente esse tipo de garota.
Então ele me deu um beijo de tirar o fôlego, um não, vários! Passamos uns 15 minutos numa pegação enorme, até que percebemos que ia acabar indo longe demais para um primeiro encontro.
Mas eu queria mais, ah como eu queria.

Tragédias de um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora