TOCADO PELA LUA

Capítulo Único

Luna.

Foi a primeira palavra que escapou os lábios de Harry naquele dia.

Assim como nos dias anteriores. Assim como sempre.

Harry estava mal. Tinha certeza que era um resfriado, mas Luna insistia que estava ruim assim por ter passado perto demais de umas plantas estranhas no jardim.

Elas são toxicas, Harry! Se você toca, elas absorvem sua energia aí você fica todo molenga!

Ele riu.

E continuava pensando, se eram toxicas porque mantê-las no jardim?

Obviamente, ela também tinha uma resposta pra isso.

Oh, Harry, pense um pouquinho. Elas afastam o mau. Por serem toxicas, outras coisas ficam com medo aí não chegam perto.

As lembranças foram interrompidas quando a porta do quarto abriu. Era Luna.

E seu estomago apertou. Ele nunca entendera.

Como ela consegue afetar até meu estomago?

Você está acabado, Harry. Me faz pensar se levou uma surra enquanto dormia. – Ela disse com o sorriso de sempre.

Como consegue ser linda assim logo de manhã?

Ela vestia um vestido azul, combinando com os olhos, esbugalhados.

Uma coroa de flores naturais na cabeça e os pés descalços.

Harry espreguiçou e sorriu pra ela.

Ainda pareço melhor que aqueles gnomos que moram no jardim da toca. – Ele retrucou.

E ela riu.

O sorriso dela parecia o nascer do sol. Quando mais você olha, mais lindo você acha.

E a gargalhada? Era pura música.

Sorte sua que você é meu amigo e tem acesso aos meus chás, se não fosse por isso, você estaria ferrado, Harry Potter. – Ela falou sentando na cama ao lado dele. Apoiou uma bandeja cheia de torradas e um chá com um odor estranho em cima da mesinha ao lado da cama.

Amigo.

Mas era isso que ele era. Só amigo.

Um amigo que nutria uma paixão inexplicável por ela.

De tudo que ele queria falar para ela, só conseguiu soltar um resmungo meio grosseiro e sentou-se na cama.

Ah! Gina veio aqui. – Ela disse levantando da cama. – Mas você estava dormindo, então ela disse que voltava depois. Tinha que estudar pra uma prova importante com Hermione, mas falou que depois as duas passam aqui. E Rony, uhn, ele disse que viria depois que conseguisse sumir com umas bolhas estranhas que apareceram no rosto dele. Você sabe, Fred e Jorge.

Gina.

Ele estava namorando ela fazia alguns meses. Tinha um carinho enorme por ela, mas não a amava. Não mais.

Ah, tudo bem. Mas eu acho que eu devia parar de abusar da sua hospitalidade – Ele disse. – Já estou aqui faz uns 3 dias, Luna. Eu posso voltar para toca.

De jeito nenhum! Que tipo de amiga eu seria se deixasse você, que adoeceu na minha casa, ir embora e ser remediado por outros? Fique aqui. – Ela protestou.

Amiga.

A palavra ecoou na cabeça de Harry de novo.

Tudo bem, Luna. – Ele forçou o sorriso. – Mas não quero ficar na cama. Quando não estou dormindo, estou conversando com você e quando não faço nenhum dos dois, morro de tédio!

Ela olhou para ele como se estivesse examinando. E estava.

Hm. Eu acho que podemos fazer um passeio então. Vou no riacho que fica uns 3 minutos daqui agorinha, você pode vir. - Ela declarou.

GLÓRIA. USAR AS PERNAS NOVAMENTE.

Sim! – Ele disse tirando as três cobertas de cima do corpo. E aí percebeu que estava só de cueca.

A pele de Luna que era branca-leite, foi atacada por um vermelho forte. Como se tivesse levado um tapa.

Ele puxou rápido as cobertas.

Uhn. Acho melhor eu te esperar lá em baixo. Enquanto você, uhn, sei lá, veste alguma roupa. – Ela disse com o rosto vermelho, e saiu do quarto.

Ele vestiu uma calça meio amaçada, e colocou um casaco xadrez por cima da camisa branca que vestia. Se apressou ao escovar os dentes. Até tentou arrumar os cabelos, mas desistiu rápido. O cabelo era espetado, e ninguém conseguia mudar isso. Já tinha aceitado.

Desceu as escadas animado. Ao chegar no andar de baixo surpreendeu-se.

Luna estava de costas, ainda descalça.

Se balançava de um lado para o outro. Como se estivesse sendo chicoteada pelo vento. Mas não de um jeito brutal. De um jeito leve, bonito.

Ela estava dançando sozinha e sem música.

Harry sorriu.

Completamente maluca. Pensou

Mas ele não se importava, afinal das contas, ela era completamente maluca.

E ele completamente maluco.

Por ela.