— Tia Gertrudes, a senhora 'tá fazendo arroz sem uvas passas também? — sorrio inocentemente para ela, encostado no batente da porta da cozinha.
— Caio do céu, claro que sim! — ela suspira, colocando a franja atrás das orelhas, mas sorri para Beca, parada ao meu lado.
— Menina, nunca vi Cacá ficar tão preocupado por meras passas — claro, porque o arroz com passas só é o prato principal de Ano Novo nessa casa — Esse é pra casar mesmo, viu? — tia Gertrudes pisca de forma quase maliciosa.
— Ah, bom saber que ele é todo fofo assim só comigo — Rebeca consegue balbuciar, depois de um silêncio constrangido.
— Mas pra você, meu bem — minha tia aponta a colher de pau para ela, parando de mexer um caldo — terá de ser com passas mesmo. Se a noite de ontem aconteceu por culpa das uvas passas, é só fazer arroz mais vezes, e estamos no casamento!
— Tia! — Ok, talvez eu tenha corado um pouco depois dessa. Saio rapidamente da cozinha, empurrando Beca pelos ombros.
— Tudo bem — ela ri —, cozinha não é uma opção. Sua mãe também já me deixou com vergonha, então a única opção que nos resta é Dona Magda.
— Tia Magda? — ponho a mão no peito de forma teatral, arregalando os olhos em horror — Miga, sua louca, ela é a pior casamenteira das três!
— Ops. Obrigada por avisar. — Beca se joga no sofá, remexendo nos velhos LP's da mesinha de centro. — Isso é uma coleção e tanto. São todos da sua tia? — ela sorri, com os olhos brilhando, o que me faz rir de sua empolgação.
— São, sim. Tem alguns da Luísa, mas são mais novos-
— AH MEU DEUS — Beca me interrompe, quase saltando em meu colo — COMO VOCÊ NÃO ME DISSE ANTES?
— O que? — tento me defender de seus tapas, me encolhendo no lado oposto do sofá — O que eu fiz?
— Sua prima. Tem. Red. Em. LP. — ela fala pausadamente, abraçando o disco.
— Tem — Me aproximo um pouco, tirando-o de suas mãos — Você quer ouvir? — Beca suspira, se agarrando ao meu pescoço.
— Sim, quero — ela beija minha bochecha — 22, faixa dois.
Coloco o LP no toca discos, pousando a agulha de forma delicada sobre ele, e uma música — animada demais para o meu gosto, mas quem sou eu para dizer — começa a tocar, para o deleite de Beca.
Presto atenção na letra enquanto ela dança, e percebo que talvez, talvez tenha a ver com a gente; e, desbloqueando meu celular, pesquiso "22" no youtube, e acabo achando um cover mais lento.
Levanto a agulha do toca discos — recebendo um olhar feio dela, mas que logo se suaviza com o início de uma 22 acústica.— It's feel like a perfect night for breakfast at midnight. To fall in love with strangers — canto (não sou o melhor, então não reclamem), enlaçando seus braços.
— I don't know about you, but I'm feeling 22. Everthing will be alright if you keep me next to you — Beca completa a letra, sorrindo.
Ela entrelaça suas mãos nas minhas e me beija, ainda melhor do que o beijo da meia noite.(É necessário dizer que, depois disso, Beca agarra o LP da Taylor Swift e sai correndo, gritando para minha prima que irá roubá-lo. Também é necessário dizer que eu saio correndo atrás dela, rindo. Amo essa menina.)
***
Ok, tudo bem. Eu disse ontem, no terceiro capítulo de Desastrados, que, assim que o livro atingisse 500 visualizações, iria postar um extra de É tudo culpa das uvas passas. Ontem! Passamos de 425 pra 520 visualizações em um dia, o que dizer? Obrigada ❤️
Então está aqui, como o prometido, um especial de Caio e Beca, e não tem só uma frase haha.PS: Todo o amor da Beca por Taylor veio única e exclusivamente da rebecaxvr, e essa cena fofa ficou bem maior do que eu imaginava, agradeçam a ela ❤️
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É tudo culpa das uvas passas
RomanceA última coisa que Luísa queria poderia ser definida como comparecer à festa da Ano Novo da família Vilella. Fato que foi totalmente ignorado por mim, Caio, quando, de forma rápida e precisa, a enfiei em seu carro, girando a chave. Não que eu estiv...