O dia seguinte: 01/01/2016

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— Tia Gertrudes, a senhora 'tá fazendo arroz sem uvas passas também? —  sorrio inocentemente para ela, encostado no batente da porta da cozinha.

  — Caio do céu, claro que sim! —  ela suspira, colocando a franja atrás das orelhas, mas sorri para Beca, parada ao meu lado.

— Menina, nunca vi Cacá ficar tão preocupado por meras passas — claro, porque o arroz com passas só é o prato principal de Ano Novo nessa casa —  Esse é pra casar mesmo, viu? — tia Gertrudes pisca de forma quase maliciosa.

  — Ah, bom saber que ele é todo fofo assim só comigo —  Rebeca consegue balbuciar, depois de um silêncio constrangido.

  — Mas pra você, meu bem — minha tia aponta a colher de pau para ela, parando de mexer um caldo — terá de ser com passas mesmo. Se a noite de ontem aconteceu por culpa das uvas passas, é só fazer arroz mais vezes, e estamos no casamento!

— Tia! — Ok, talvez eu tenha corado um pouco depois dessa. Saio rapidamente da cozinha, empurrando Beca pelos ombros.

— Tudo bem — ela ri —, cozinha não é uma opção. Sua mãe também já me deixou com vergonha, então a única opção que nos resta é Dona Magda.

— Tia Magda? — ponho a mão no peito de forma teatral, arregalando os olhos em horror — Miga, sua louca, ela é a pior casamenteira das três!

— Ops. Obrigada por avisar. — Beca se joga no sofá, remexendo nos velhos LP's da mesinha de centro. — Isso é uma coleção e tanto. São todos da sua tia? — ela sorri, com os olhos brilhando, o que me faz rir de sua empolgação.

— São, sim. Tem alguns da Luísa, mas são mais novos-

— AH MEU DEUS — Beca me interrompe, quase saltando em meu colo — COMO VOCÊ NÃO ME DISSE ANTES?

— O que? — tento me defender de seus tapas, me encolhendo no lado oposto do sofá — O que eu fiz?

— Sua prima. Tem. Red. Em. LP. — ela fala pausadamente, abraçando o disco.

— Tem — Me aproximo um pouco, tirando-o de suas mãos — Você quer ouvir? — Beca suspira, se agarrando ao meu pescoço.

— Sim, quero — ela beija minha bochecha — 22, faixa dois.

Coloco o LP no toca discos, pousando a agulha de forma delicada sobre ele, e uma música — animada demais para o meu gosto, mas quem sou eu para dizer — começa a tocar, para o deleite de Beca.
Presto atenção na letra enquanto ela dança, e percebo que talvez, talvez tenha a ver com a gente; e, desbloqueando meu celular, pesquiso "22" no youtube, e acabo achando um cover mais lento.
Levanto a agulha do toca discos — recebendo um olhar feio dela, mas que logo se suaviza com o início de uma 22 acústica.

It's feel like a perfect night for breakfast at midnight. To fall in love with strangers — canto (não sou o melhor, então não reclamem), enlaçando seus braços.

— I don't know about you, but I'm feeling 22. Everthing will be alright if you keep me next to you — Beca completa a letra, sorrindo.
Ela entrelaça suas mãos nas minhas e me beija, ainda melhor do que o beijo da meia noite.

(É necessário dizer que, depois disso, Beca agarra o LP da Taylor Swift e sai correndo, gritando para minha prima que irá roubá-lo. Também é necessário dizer que eu saio correndo atrás dela, rindo. Amo essa menina.)

***
Ok, tudo bem. Eu disse ontem, no terceiro capítulo de Desastrados, que, assim que o livro atingisse 500 visualizações, iria postar um extra de É tudo culpa das uvas passas. Ontem! Passamos de 425 pra 520 visualizações em um dia, o que dizer? Obrigada ❤️
Então está aqui, como o prometido, um especial de Caio e Beca, e não tem só uma frase haha.

PS: Todo o amor da Beca por Taylor veio única e exclusivamente da rebecaxvr, e essa cena fofa ficou bem maior do que eu imaginava, agradeçam a ela ❤️

É tudo culpa das uvas passasOnde histórias criam vida. Descubra agora