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Estava eu sentado na parte do banco de trás do carros dos meus pais, em uma rodovia. A janela encontrava-se aberta, o vento entrava fazendo meus cabelos negros irem para trás, uma forma que parecia uma sintonia, pois tocava na rádio local uma música melancólica de viagem. Tudo isso graças a minha sorte. Pois meus pais tiveram que mudar de cidade devido a seus empregos.

— Mas que droga! Esse lugar não chega nunca?! — Exclamei, já enfurecido.

Minha mãe, de cara feia, fala: — Você está muito ansioso, não acha? Isso é felicidade? — Ela sorri, com um tom sarcástico. De certa forma eu estava feliz, o tumulto da minha antiga cidade deixava minha mente louca. E eu já era certamente conhecido pelas besteiras que fiz naquele lugar, que não gosto nem de citar nome.

— Depois que a mudança chegar e nós organizarmos tudo, vamos para Jersey City, precisamos comprar algumas coisas. — Falou meu pai, sem tirar o olho da estrada.

Era uma rodovia com uma bela vista para uma cidade cheia de prédios, carros de todos os tipos, todas as cores e até um "Camaro SS", o carro dos meus sonhos. Eu sempre tive a curiosidade de ficar olhando para dentro dos carros vizinhos, para ver as pessoas de dentro do carro. Posso dizer que eu já vi muitas coisas por fazer isso. Casais brigando, irmãos brigando, pessoas dormindo e até uma mãozinha boba de um casal de adolescentes, que espero eu, serem namorados. E foi por causa dessa mania, um tanto que mal-educada, que eu vi uma menina de cabelos negros, mexendo no celular, estava dentro de uma SUV preta, com detalhes cromados. Ela vestia uma camiseta normal, preta com mangas brancas e tinha um fone da mesma cor do carro que entrava entre seus cabelos até seu ouvido. Por algum motivo eu não conseguia tirar o olho daquela menina, e eu queria muito encontrar uma maneira de chamar a atenção dela. Eu tentei acenar, sorrir e até chamar, mas nada adiantou. No momento em que eu pensava numa nova maneira de chamar a atenção dela, era olhou para mim, me encarou por dez segundos. Eu não consegui me mover, eu estava apenas olhando para ela, com uma cara de bocó. Logo, ela abaixou a cabeça e continuou a fazer o que estava fazendo. O carro acelerou e eu perdi ela de vista.

— E lá se vai o disco voador. — Disse eu, triste.

Mas aquilo não me abalou, até porque foi apenas mais um pensamento bobo, que aquela seria a mulher dos meus sonhos, o mar da minha praia, o açúcar da minha vida, aquela que faria todas as coisas de ruins da minha vida não serem nada, porque eu estava ao lado dela, abraçado ou até mesmo de mão dada... opa, me desculpa... cof, cof, continuando. Então, lembrei que no meu bolso eu tinha meu celular, com minhas músicas. Coloquei os fones, aumentei o volume e dei play, e pela minha surpresa, era da minha banda favorita, Blue Cold Dry Ice. Após escutar alguns minutos de música, eu acabo adormecendo.

Foi tudo uma questão de segundos, ou até menos que isso. Quando abri meus olhos, eu estava caído no asfalto, com sangue saindo de minha cabeça. Olho para o lado e vejo o carro capotado. Eu fiquei desesperado, minha respiração ficou ofegante, tudo começou a rodar. Tentei me levantar, mas não conseguia mexer minha perna. Gritei por minha mãe e nada. Ao tentar me levantar novamente, minha visão fica escura. Lentamente abro meus olhos, de novo, só que nesse momento a imagem que vi já eram diferente. Uma quantidade enorme de pessoas, policiais, barulho, pessoas falando, gente gritando. Eu estava deitado em cima de alguma coisa com rodas, provavelmente uma maca. Pessoas estavam ao meu redor, ao tentar ver mais longe, consigo ver uma repórter loira. Eu não estava sentindo dor, provavelmente por causa de algum remédio que colocara antes de me levar para o hospital.

Ao perceber que estava acordado, a paramédica, olha para mim:

— Você está indo para o hospital. — Disse, já mexendo nas suas coisas e pegando uma gaze.

— E... onde es.. estão me.. meus pais? — Digo eu, com muita dificuldade.

— Fique quietinho, você acabou de sofrer um acidente, não se esforce. Logo saberá mais sobre eles. — Disse ela, pegando uma seringa.

— Mas eles... estão bem? — Meus olhos começam a fechar e eu não consigo ouvir mais nada.









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⏰ Última atualização: Jan 23, 2016 ⏰

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