II

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Oioi pessoas
Eu cheguei a conclusão de que eu não sirvo para escrever notas, sério
Então boa leitura.

A palma das mãos de Harry estavam encharcadas devido ao nervosismo que sentia. Ele tentava em vão esfrega-las no tecido de sua calça, mas era mais fácil ele esfolar sua palma do que qualquer outra coisa.

Fazia uma hora que ele havia descoberto que era pai, e sua reação não fora tão boa quanto o esperado. — Não que Niall ou a pessoa que mandou-lhe a criança esperassem uma boa reação — Mas ao descobrir que o amigo não estava fazendo uma piada com ele sua respiração ficou ofegante e ele começou a negar incansavelmente a paternidade — Além de xingar Deus mentalmente, mas isso não vem ao caso. Isso fez com que a garota começasse a chorar e que Harry fosse expulso pelo amigo do apartamento.

O cacheado andava sem rumo pelas ruas frias de Londres, mas mesmo com o frio suas mãos continuavam a suar. Se ele soubesse que seria expulso de casa ele teria pego um casaco antes, pensou.

Ele continuou a andar por aproximadamente 20 minutos, até parar em frente à um bar que ele costumava ir quando era mais jovem. Sem hesitar, entrou no estabelecimento que estava vazio, exceto por um homem bêbado na última mesa.

Dirigiu-se até o balcão e pediu uma dose da bebida mais forte para o garçom de aparência infeliz. Olhou em volta e lembrou de todos os bons momentos que passara naquele local, como na vez que  dormiu com a garçonete no quarto dos fundos, ou quando pagou cerveja para todos quando foi aprovado na faculdade. — Que abandonou um ano depois. — Ele vivera ótimos momentos ali, e como um passe de mágica tudo se foi. Isso fez com que ele se sentisse mal.

Depois da oitava dose, quando sentiu a visão começar a embaçar e constatou que estava bêbado o suficiente ele pegou a carta que Niall havia dito. Ela estava em seu bolso, então cuidadosamente começou a desembrulha-la e com as mãos tremulas posicionou-a encima do balcão. A caligrafia estava tremida, mas Harry conseguia entender.

"Caro Harry;

Sinto muito por não estar aí para explicar toda a situação, mas se você está lendo isso eu provavelmente não resistir.
Desculpe-me também pela caligrafia torta e as lágrimas, mas está sendo muito difícil escrever isso.
Eu sei que deve estar sendo mais difícil pra você, afinal, não é todo dia que uma criança aparece na sua porta dizendo que é sua filha, mas eu prometo que Charlie é a garota mais dócil que você vai conhecer em sua vida.
Entenda que inicialmente ela devia ficar com minha irmã, mas ela vai para a faculdade esse ano e não pode ficar com ela para sempre, além de não ser justo, então só me restou você.
Sabe, Harry, desde que meus pais morreram Charlie vem sido minha fortaleza, sempre que acontecia algo ruim eu via ela sorrindo e todos os problemas pareciam sumir, ela tem esse poder. Quando eu descobrir o câncer ano passado foi ela quem me deu forças para continuar com o tratamento, todas as brincadeiras, todos os sorrisos, todos os abraços, tudo o que ele fazia me ajudava a seguir em frente. Eu espero que ela tenha esse efeito em você também. Quem sabe ela não derreta seu coração frio?
Mas agora meu tempo está acabando, parei com a quimioterapia, os médicos me deram um mês, e se assim for eu lhe peço, cuide bem da nossa filha. Eu sei que essas duas palavras podem parecer assustadoras para você, mas eu lhe imploro, cuide bem da Charlie. Pode ser difícil no começo, já que ela é teimosa como você, mas você vai se acostumar.
Desculpe de novo por tudo isso, não é sua culpa.
Diga para Charlie que eu a amo.
Adeus, Harry."

Ao ler as últimas palavras o desespero começou a tomar conta de seu corpo. Ele não sabia o que fazer, estava confuso, desorientado e principalmente apavorado.

Sentia vontade de chorar, mas não caia lágrima alguma. Era uma espécie de tristeza, de angústia. Todo mundo, volta e meia, passa por isso. Mas com ele parecia pior.

Sua primeira reação foi deixar algumas notas no balcão e sair correndo, correndo de verdade. Correu até suas pernas não agüentarem mais e depois desabou no chão. Ele estava bêbado demais, triste demais, confuso demais. As lágrimas finalmente surgiram e tomaram conta do seu rosto, ele não sabia o que fazer, então apenas continuou lá, no meio da calçada, chorando como uma criança perdida de seus pais. E no final era isso que ele era, uma criança perdida.

Não se sabe quanto tempo ele ficou lá, mas foi bastante, pois quando ele finalmente decidiu se levantar algumas pessoas já saiam de suas casas para trabalhar. Ele apenas levantou-se como se nada tivesse acontecido e seguiu o caminho do prédio.

Depois de dez longos lances de escadas ele finalmente chegou na porta do apartamento e só então lembrou-se que não estava com as chaves, sua única alternativa era sentar e esperar até as dez. — O horário que Niall geralmente acordava. — Olhou para o relógio na parede que marcava 5:30, seria uma longa espera.

"Você está bem?" Uma voz aguda interrompeu seus pensamentos. Harry olhou para cima e se deparou com seu vizinho. Ele estava mais bonito do que Harry se lembrava, usando um moletom que cobria suas mãos de um jeito adorável e com um topete.

"Eu não sei" respondeu dando os ombros. "Eu pareço bem?"

"Definitivamente não" Disse o garoto sentando-se ao seu lado. "Eu ouvi choros de criança a noite toda, o que houve?"

"Você não acreditaria se eu dissesse"

"Você pode tentar" Harry riu debochado.

"Eu descobri que sou pai de uma criança cujo a mãe morreu de câncer, eu fui expulso de casa, moro de favor com meu melhor amigo, e aparentemente sou um bêbado depressivo"

"Uau" Murmurou o garoto surpreso "eu não esperava por essa"

"Pois é, o universo pode ser bem filho da puta as vezes" Disse virando-se para o menor. "Qual o seu nome mesmo?"

"Louis"

"É um nome bonito" Louis riu "Você não acha?"

"Não, as pessoas não sabem pronunciar, é um saco"

"Posso te chamar de lou então?"

"Como quiser. Qual o seu nome mesmo?"

"Harry"

"Harreh" Harry fez careta "É um saco não?"

"Eu gosto como você soa" Disse fazendo Louis corar.

"Eu acho que tenho que ir" Disse se levantando "Ah, e crianças não são tão ruins assim, você só precisa se acostumar, tenho certeza que você será um ótimo pai"

"Eu não" Riu. "Mas mesmo assim obrigado, por isso e pela companhia"

"De nada. Se algum dia você precisar de ajuda, bate aí em casa" Harry olhou desconfiado fazendo-o corar novamente "A-Ajuda com sua filha, claro. Eu sou irmão mais velho de muitas irmãs, acredite, eu entendo sobre crianças. Enfim, foi um prazer, Harry"

"O prazer foi todo meu, lou" O menor sorriu revelando ruguinhas em volta dos olhos, Harry achou aquilo tão adorável quanto o moletom que cobria suas mãos.

Ele mal se lembrava sobre o que havia acontecido algumas horas atrás, estava exausto. E ali mesmo adormeceu, com a visão de seu vizinho descendo as escadas e uma dor de cabeça insuportável.

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⏰ Última atualização: Jan 16, 2016 ⏰

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