Capítulo dois

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18 de maio de 2004

- Louis - Harry o repreende - Eu já falei que você não pode ir pra escola comigo.

- Mas você fica a tarde toda lá, e eu e o Boo ficamos aqui sozinhos - o garotinho reclama, cruzando os braços e fazendo bico.

Harry suspira, fechando o zíper de sua mochila e a pondo nas costas. Vai até o menino emburrado sentado na beirada da cama e deixa um beijo em sua testa, fazendo o pequeno dar um mínimo sorriso.

- Prometo que quando eu chegar, passo o resto do dia com você - fala indo até a porta - E se você quiser, pode brincar com os meus gibis.

Assim Harry sai do quarto, deixando o menino pra trás. Ele queria muito poder dizer ao garoto que poderia ir com ele pra escola, mas todas as vezes que isso acontecia, ficavam o chamando de louco por ficar "falando com o nada"

- To pronto, mãe - desce as escadas e vai até a cozinha, encontrando Anne secando os pratos.

A mulher sorriu e pegou o filho pela mão. Os dois saíram de casa e ela trancou a porta, checando se não tinha nenhuma luz acesa ou algo ligado na tomada. Começaram a caminhar em silêncio em direção a escola do menino, até que esse se pronúncia.

- Louis queria ir comigo pra escola hoje de novo, mas eu já disse que ele não pode e que lá não é lugar pra ele - Harry conta sem tirar os olhos da rua - Mas ele nunca me escuta e ainda fica de teimosia.

- Desse jeito parece até eu falando - Anne ri com o temperamento do filho - Não o julgue, ele só não deve gostar de ficar sozinho esse tempo todo que você fica fora.

Harry suspira concordando com a cabeça. Se sentia culpado por sempre deixar o pequeno sozinho, mas era necessário.

- Quando voltar da escola, vocês podem brincar o quanto quiserem, mas agora você tem que pensar nos estudos, além do mais, suas provas estão chegando - Anne adverte ao garoto, que sorri concordando com a cabeça.

Ele adorava o jeito que sua mãe se referia a Louis, como se ele realmente fosse um garoto que ela conseguia ver.

A um tempo atrás quando ele a explicou sobre o garotinho de olhos azuis, que era denominado como seu amigo imaginário, a mulher achou aquilo adorável, alegando que era uma coisa de criança, pois ela também tinha uma amiga imaginária quando era pequena, e disse que com o tempo eles somem.

Mas Harry não queria acreditar nisso, ele nunca deixaria seu pequeno sumir. O garoto era seu anjinho dos olhos azuis.

Uma coisa que o deixou atordoado foi que Louis também crescia junto com ele, mesmo o garoto ainda sendo baixinho, já se dava pra ver que ele não era mais uma criança igual antes, e que mesmo agora na faixa dos nove ou dez, ele também já aparentava algumas mudanças.

- Filho, esse fim de semana você vai pra casa do seu pai - Anne tira o garoto de seus pensamentos, fazendo com que o mesmo a encare.

- Mas mãe - ele faz uma carinha de choro e a mulher sorri de canto.

- Nada de mas - Anne fala - Seu pai pode ser chato, mas já faz duas semanas que vocês não se vêem.

- Ele não gosta do Louis - Harry solta de sua mão e cruza os braços - E ainda fica dizendo que ele não existe.

Anne suspira pesadamente e encara o garotinho que tinha o olhar vidrado no chão, encarando seus pés.

- Eu sei querido, mas são apenas dois dias - ela tenta tranquiliza-lo, mas ele apenas da de ombros, murmurando um "tudo bem".

Harry nunca se deu muito bem com seu pai, na sua opinião o homem era apenas um parente distante, pois o mesmo nunca ligou de verdade pra ele.

A escola ficava perto de sua casa, com menos de dez minutos já estavam na mesma. Anne se abaixa na altura do menino e lhe da um beijo na bochecha, vendo o mesmo suspirar e adentrar a escola.

Imaginary Friend ❇ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora