- Beatrice Prior, você tem a porra de 21 anos. Pode ter o mínimo de juízo pra essa idade? Não vai sair a essa hora! - Natalie gritava e me seguia ao mesmo tempo. Sempre tive uma relação boa com minha mãe, mas hoje, por algum motivo, não paramos de brigar um segundo sequer.
- Eu tenho a porra do tal juízo! - Eu grito enquanto encaixo a tarraxa do meu brinco. - Só vou sair com Peter, tá bem? Que tem de mal nisso Natalie? - Eu finalmente me viro e a encaro. Seu rosto, apesar da idade, não apresenta tantas rugas.
- Eu sei o que acontece nessa tal boate que vocês vão, é isso que tem de mal! - Ela grita e gesticula com as mãos. - Não é nada além de drogas e bebidas.
- Então deve conhecer muito bem o local, não é? - Me arrependo por ter dito isso alguns segundos depois. O passado de minha mãe a condenava. Fora uma garota de programa quando mais jovem, e, aliás, conheceu meu pai em um desses programas. Seu olhar de raiva abaixa, e dá lugar a um de tristeza, ou talvez arrependimento pelo passado obscuro.
- Faça... Faça o que quiser, Beatrice. - Ela me diz, tentando manter o olhar forte no meu com repreensão. - Mas se cair no mesmo caminho que Caleb... Se cair no mesmo caminho que aquele vagabundo, é melhor esquecer que tem mãe.
Estou cansada de sermões. Sério. É tudo que tenho ouvido desde que Caleb foi preso por tráfico de drogas. Eu não sou como ele, ela não consegue entender isso? Solto um suspiro e me seguro pra não gritar com ela novamente. Ela deve sofrer mais do que eu.
- Vamos, me abrace. - Eu digo e fecho os olhos. Meus braços se abrem e o corpo pequeno de Natalie se encontra com o meu. Seu abraço é forte e me dá confiança, e no fundo de tudo, um pingo de esperança. - Prometo que não serei como Caleb. Até dói que me diga isso, sabia? - Brinco, e ela solta um riso breve e fraco.
- Não confio em Peter. - Ela diz baixinho contra meu ouvido. Eu também não mãe, eu também não.
- Não vamos começar com isso, pode ser? Volto antes de o sol nascer. Juro. - Nos afastamos por um segundo e seguro suas duas mãos com as minhas, as beijando logo em seguida.
Ela afirma positivamente com a cabeça. Uma buzina alta toma conta de meus ouvidos.
- Filho da puta, pedi pra não buzinar a essa hora. Qual o problema dele com um toque no celular? - Digo. Eu e Natalie caminhamos juntas até a porta de entrada da casa localizada em um bairro de classe média de Chicago.
Abro a porta e logo depois a jogo dentro de minha bolsa. Dou um beijo na bochecha de minha mãe e saio em direção ao Porsche de Peter. Não tínhamos nada haver um com o outro. Ele é rico, eu não. Ele é popular na faculdade, eu não. Ele não precisa trabalhar, e infelizmente, eu sim. Não que seja o pior emprego do mundo, mas entre ser garçonete e ter uma família boa de vida eu fico com a segunda opção.
- Tris! - Minha mãe grita da porta de casa. Eu viro meu rosto pra trás e a olho. - Eu te amo.
Sorrio ao ouvir sua voz pronunciar essa simples frase, e com a boca gesticulo um "Eu também te amo".
Peter abre a porta do carro pra mim e eu me sento no banco de caronas.
- Falei pra não buzinar a essa hora, caralho. Seja educado e faça jus ao sobrenome Hayes. - Minha mão segura a ponta metálica do cinto e a encaixa em seu devido lugar.
- Mais educado que você, minha flor, impossível.
Peter se senta ao meu lado e me beija sem pensar duas vezes. Seu beijo é feroz, e, por certo momento, me deixa com medo. Afasto-me repentinamente e ele me olha com desprezo.
- O que foi? - Não o olho de volta, apenas retiro um pequeno espelho com a borda detalhada e ajeito meu batom. - Me avise antes de me beijar. Sabe que odeio isso.
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Legendary Lovers
FanfictionNem tudo que a vida nos traz é bom, como a morte de meu paí e a prisão de meu irmão. Ou talvez Peter. É, talvez Peter não seja algo tão bom quanto aparenta. Mas nada mais me importa nesse momento além da vodka que levo em minhas mãos e que em segund...