#19- Me desculpem...

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As horas parecem virar minutos... pois o Sol ja estava se pondo e os dois estavam no sofá assistindo TV.

-- Pérola ... Eu posso te fazer uma pergunta? .

-- Já fez hahah.

-- Pérola é sério.

-- Okay.

-- Por que é assim? Tão... Feliz?

-- E eu não deveria ser feliz?

-- Não é isso é que .... voc-

-- É que meu coração vai parar de bater daqui a duas horas e meia mais ou menos e eu não posso fazer nada ... Eu sei.

-- Por que então?..

-- Antes de ficar louco, meu pai me dizia que eu era como um anjinho que veio ao mundo em forma de humano, e que o meu dever era viver até os 16.

-- Eu não vejo sentido algum para viver até os 16 anos e morrer deitada no jardim.

-- Nem eu. Mas eu encontrei você não foi? E se eu tivesse morrido antes, me matado ou seila?.

-- Eu estaria sentado no meu sofá, bebendo cocacola e jogando online no pc.

-- E se perguntando; será que mudaria alguma coisa se eu pulasse do último andar do meu prédio? .

-- Sim. Mas eu não pularia. Eu não tenho motivos pra isso.

Pérola se levanta como se não tivesse mais nada a ser dito. Desliga a TV e diz a Tomas.

-- Eu ja estou me sentindo fraca.

-- Quer ajudar? ... - Ele se levanta meio assustado.

-- Quero. Vá até meu quarto e tire todos os desenhos das paredes...

-- Como assim?.

-- Por favor. Eu não vou conseguir fazer isso. - Ela pega uma bolsa de papel reciclado- Toma, coloca tudinho aqui.

-- Por que você não consegue?

-- Porque são minhas lembranças, não suas. Agora vai. Você tem 25 minutos.

Tomas entra no quarto de Pérola. Tira todos os desenhos, um por um. Quando acaba, ela diz para ele pegar uma caixa de papelão que estava em cima de seu guarda roupas.

Ele leva tudo para o jardim.

-- Obrigada ...

-- O que tem aqui dentro? Está leve.

-- Ai dentro tem fotos, muitos e muitos desenhos e fitas que eu parei de usar com o tempo...

Tomas apre a caixa.

-- Nossa. Sua vida inteira está aqui dentro.

-- É ...

Pérola parece estar tonta. Como se acabasse de ver toda a sua vida em meio as folhas de papel.

-- O que você vai fazer?

Pérola pega a caixa e a sacola, leva até beirada sem proteção.

-- É bem auto né... quando eu era pequena. Queria me jogar da sacada. Mas eu não tinha motivos. Ia morrer do mesmo jeito.

-- Todos morremos um dia.

-- É... e eu vou morrer hoje. Mas quero que elas durem para sempre.

Naquele momento um vento frio começou a soprar as folhas das árvores. Pérola deixa a caixa aberta em cima da sacada, a segura em um abraço como se disse ao vento para soprar tudo que avia lá dentro.

Assim que os papéis de dentro da caixa começam a se mecher por causa do vento, ela diz com um suspiro.

-- Me desculpem ...

Um Motivo Pra Morrer ...Onde histórias criam vida. Descubra agora