Era a primeira noite de Louis naquele colégio.
Após ficar totalmente confuso sobre a conversa com Harry, fazer algumas refeições desreguladas e trocar algumas músicas com Zayn, - não deixando de contar o ocorrido com o menino cacheado - o garoto decidiu dormir.
Suspirou ao esticar o corpo na cama antiga, que graças aos céus, não fazia nenhum barulho desagradável.
Louis observou todo o quarto enquanto estava deitado, sendo grato a mísera luz da lua que iluminava o cômodo. Aos seus olhos, era estranho dormir em um quarto sem posters grudados na parede, com a presença de uma escrivaninha sem nenhuma lata de refrigerante barato.
Sentia saudade do seu quarto, e não fazia nem um dia que se mudara para seu novo colégio.
Ele inclinou a cabeça preguiçosamente para o lado, tendo visão da cama de seu colega de quarto. Observou a silhueta de Harry, cada maldita curva que aquele corpo adormecido fazia por debaixo da coberta. Observou como o peito do garoto subia e descia, formando um ritmo necessário extremamente calmo, como um lago. Havia movimento, mas não agitação.
Levou os olhos até o rosto do garoto, que tinha uma expressão suave, despreocupada com os problemas que havia no mundo.
Paz.
Havia paz no rosto de Harry. Os olhos fechados, fazendo Louis pensar que, ele estava enxergando muita coisa em um mundo distante desse: o mundo de sonhos. O nariz, que capitava qualquer rastro de oxigênio, esculpido perfeitamente por qualquer criatura que habitava os céus. Sua boca, levemente entreaberta. Convidativa. A vontade de selar aqueles lábios percorreu o corpo de Louis, fazendo o mesmo suspirar.
Eu só o conheço há um dia! Pare de ser tolo, Louis. O garoto pensou, se batendo mentalmente por sentir atração por alguém que conhece há menos de vinte e quatro horas. Ele, na verdade, achava que aquilo não era nenhum tipo maldito de atração, ele apenas achou Harry - muito - bonito desde que colocou os olhos no garoto.
Desviou o olhar do corpo do mais novo, suspirando novamente.
Ele estava sem sono.
Sentou-se na cama, afim de achar qualquer tarefa boa suficiente para se ocupar. Decidiu então tentar sair do quarto, acordar Zayn e ir em busca de uma aventura rebelde após o toque de recolher, como nos filmes.
Calçou seu tênis, sem se importar com o cadarço. Nunca havia caído assim, isso não aconteceria agora.
Caminhou lentamente até a porta, evitando qualquer movimento que poderia fazer Harry acordar. Falhou.
"Onde pensa que vai?" Ele praticamente ronronou, sonolento.
"Estou sem sono... Eu queri-"
"Dar uma volta, achando que esse colégio é como o que você vê em qualquer filme desinteressante." Harry o interrompeu, cuspindo aquelas palavras com indiferença. "Sinto muito, mas você não pode sair."
"Eu só quero ter algo para me ocupar, posso?" Louis encarou o garoto.
"Me observar enquanto durmo não é uma tarefa divertida pra você?" Harry sentou-se na cama, sorrindo de lado. Convencido.
"Como você sab-" Ele estava corado, como nunca antes.
"Zayn é um bom amigo?" Harry interrompeu Louis novamente, andando em passos lentos até o garoto.
"Eu o conheci hoje..." Louis murmurou, tentando entender a curiosidade do garoto. "Ele é o mais próximo que já cheguei em ter um amigo."
"Bem, Zayn não é flor que se cheire..." Disse friamente.
Louis o olhou incrédulo, rindo baixo, descrente.
"Escute, Harry... O Zayn nem ao menos te conhece."
"Mas eu o conheço." Harry deu de ombros, sem se importar com a confusão que estava causando na mente do colega de quarto. "Além disso, eu vi vocês dois hoje."
"E por que não foi até nós?" Ele estava se irritando. Se tivesse ido de encontro a ele, poderia provar a Zayn que há sim um Harry no segundo ano.
"O que foi, Louis? Gostaria que eu fosse até você?" O garoto cacheado encarou o mais velho, fazendo o mesmo se perder naquelas órbitas verdes, que pareciam ter o poder de hipnotizar qualquer um.
"Tanto faz." Murmurou, caminhando até sua cama e se sentando na mesma.
Harry permaneceu em pé, encarando Louis. Observou cada traço do rosto do mesmo, alguns que nem demonstravam um pingo de felicidade, mas aos olhos dos desinteressados, eram os mais felizes do mundo. Levou os olhos ao cabelo do menino, não sabia ao certo em qual tom ele se encontrava, mas sabia bem o que aquele cabelo dizia sobre a personalidade de Louis. Fez questão de voltar o olhar ao rosto do garoto em sua frente, tendo duas safiras desbotadas como resposta. Trocaram olhares por um bom tempo. O lago azul e um gramado verde, ambos sem vida alguma. O silêncio que preenchia o local era cortado pelo vento batendo contra a janela, mas não era incômodo.
Louis finalmente percebeu o que estava acontecendo. Começou a sentir-se incomodado com o olhar do mais novo sobre si. Harry tinha algum poder, disso Louis tinha certeza. Sabia que se o cacheado quisesse, poderia enxergar a alma das pessoas, medos, sonhos, traumas... Poderia ser capaz de resolver cada loucura numa mente psicopata, poderia ser capaz de ajeitar cada bagunça mental de um esquizofrênico, apenas usando aqueles olhos encantadores.
"Podemos ser amigos, sim?" Harry soou, sorrindo fracamente.
Louis não disse nada, apenas desviou o olhar dos olhos do outro, rompendo o contato que haviam criado.
"Podemos, Louis?" Ele disse com mais certeza, dando ênfase em seu pedido.
"Minha mãe diz que minha vida é um vagão de trem, Harry..." Louis praticamente sussurrou, corando por ser tão tolo. "As pessoas entram e saem dele, sem ao menos se importar para onde ele vai depois."
Harry ficou em silêncio por um momento, tentando entender a metáfora tão sem graça que a mulher havia criado.
"Bem," O cacheado disse, suspirando em seguida. "Se sua vida é um vagão de trem, Louis..." Caminhou até sua cama, voltando à posição que estava antes de acordar. "Estou disposto a embarcar."
~*~
esse capítulo ta simplesmente um amor szsz, pergunta polêmica: Harry or Louis tops?
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existence - larry version
FanfictionLouis perde amigos, e Harry é o único amigo que ele deseja não perder. © 2016, mukeypunk