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Gritos. Motivo pelo qual Louis acordou às 4:00 da manhã. Gritos desesperados, frustados, capazes de deixar qualquer um que os ouvia louco.

Risadas. Altas, finas, femininas. Riam dele, se divertindo com a desgraça alheia, glorificando sua volta.

Xingamentos, fraquezas, medos. Todos os demônios de Louis resolveram se juntar para lembrar o menino como ele era inútil.

A cada som ele se encolhia ainda mais em sua cama, cobrindo as orelhas com as mãos, achando que aquilo poderia calar todas aquelas vozes que moravam dentro de si.

Não demorou para sentir seus olhos queimarem, recebendo lágrimas grossas como resposta.

Como um incêndio.

Cada pedaço de angústia descia descontroladamente pela pele páida de Louis, tornando seus olhos ainda mais desbotados, era quase impossível notar o azul presente ali.

Choramingava e murmurava coisas sem sentido algum, procurando alguma âncora que pudesse deixá-lo instável.

Louis virou bruscamente para trás, esperando encontrar o corpo de Harry adormecido sobre a cama em sua frente, como um pássaro em um ninho, mas a mesma estava vazia.

O único que poderia ajudar Louis, o único que fazia o coração do garoto se aquecer, sendo capaz de derreter todo o gelo que se transformara não estava ali.

Levantou, completamente confuso por não encontrar Harry em plena madrugada.

Ele foi embora. Ele me odeia.

Louis caminhou lentamente até a cama desarrumada, soluçando a cada passo. O mesmo objeto que em algum momento acolheu um corpo, agora, acolhia o seu.

Segurou o travesseiro do mais novo com força, enterrando seu rosto ali. Passou a ponta de seu nariz pelo objeto macio, suspirando na tentativa falha de sentir-se protegido apenas inalando o cheiro de chuva que Harry exalava. Queria sentir a presença do cacheado, sentir como ele poderia acabar com sua dor.

Louis chorava. Chorava como uma criança pobre ao receber um não na frente de uma vitrine. A cada soluço, o garoto se sentia mais fraco. Ele estava insano.

"Nem sua família consegue te amar." Era um sussurro rouco, baixo, porém inexistente para pessoas que Louis considerava normais. "Sabe onde ele foi? Embora. Como seus amigos, todos eles. Como Stanley."

Louis precisava parar com aquilo ou seria capaz de cometer outra loucura. Levantou-se, lembrando do conselho que Harry lhe deu. Ele não deveria tomar os remédios.

"Eu não tomaria se você estivesse aqui." Choramingou, engatinhando até sua mala, procurando por qualquer frasco que fizesse o silêncio voltar a ser presente em sua mente. Suas mãos estavam tremulas. "Você poderia ser meu remédio." Sentia como se conhecesse o garoto cacheado há anos, como se já tivessem passado por tudo aquilo juntos. Sentia aquele abandono que sentiu quando Stan foi embora. Sentia como se Harry fosse Stan.

Não tinha noção de quantos comprimidos havia em uma de suas mãos, ele apenas os encarava. Suas cores, formatos. Sabia que os mesmos tinham finalidades diferentes, mas ele precisava daquilo. Pensou em tudo que aquelas pequenas pílulas poderiam fazer em uma vida. Poderiam tanto aliviar quanto causar dor, como Harry. Para Louis, o garoto com olhos de esmeralda poderia ser sua cura, mas ao mesmo tempo, sua sentença de morte.

Lembrou-se de Jay. Era tão fácil para a doutora dar aqueles remédios ao filho, por que era tão difícil para ele o fazer sozinho? Afinal, não era como se ele estivesse cometendo suicídio, ele apenas queria calar todas aquelas vozes que gritavam em sua cabeça e o tornava ainda mais inútil a cada risada.

"Louis?" uma voz soou atrás da porta, dando leve batidas na mesma, fazendo o garoto se assustar. "Você ainda está acordado?" As batidas eram constantes, porém baixas, deixando evidente que as mesmas só tinham objetivo de acordar quem estivesse dentro do quarto. Louis sentiu seu coração aquecer, ele conhecia aquela voz, não tempo suficiente para se dizer apaixonado por aquele som mas, provavelmente, era seu favorito. "Se me pegarem aqui, eu posso ser retido!"

"Harry..." Louis murmurou dentro do quarto, outro soluço. Não tardou para correr até a porta e abrir a mesma, sendo examinado por um par de olhos verdes, que possuíam as pupilas dilatadas por conta da escuridão. Fez questão de abraçar Harry como nunca abraçou ninguém, escondendo seu rosto na curva do pescoço do cacheado, segurando sua camiseta como se o mesmo fosse fugir, deixando-a molhada em alguns pontos por conta das lágrimas que ainda desciam por suas bochechas.

Harry não disse nada, apenas envolveu os braços em volta do corpo tremulo que estava apoiado contra si. Deixou que o garoto chorasse, e ficaria ali com o mesmo quanto tempo ele precisasse.

Louis sentiu a pele quente de Harry, sentia sua respiração bater contra seus cabelos castanhos. Pôde inalar o cheiro de chuva que estava desesperado para sentir novamente, vindo do dono legítimo. Ele sentia as mãos de Harry nas suas costas, como se o garoto entendesse e soubesse pelo o que Louis estava passando, como se também ouvisse os gritos frustrados em sua mente, mas isso não acontecia. Harry era normal.

~*~

"Não adianta, Louis. Eu não sei quem é Harry." Zayn disse após dar outra mordida em sua maçã. "Eu estudo aqui há bastante tempo, e nunca vi nenhum Harry como o que você descreveu."

"Você está querendo dizer que eu estou mentindo?" Louis suspirou. "Por que eu inventaria alguém, Zayn?"

"Eu não sei." O garoto de cabelos escuros deu de ombros, levantando o olhar para os olhos do garoto ao seu lado. "O que aconteceu depois do abraço?"

"Por que quer saber? Você nem ao menos acredita em mim." Louis disse se levantando da mesa que estavam, era o intervalo entre as aulas. Caminhou pelo pátio, esbarrando algumas vezes em alunos aleatórios, desejando estar em casa pela primeira vez na sua vida. Correu os olhos para o amplo jardim que ficava do lado de fora do prédio, enxergando ao longe um garoto moreno, o encarando. Harry.

Virou para trás, observando Zayn ainda na mesa. Essa seria sua chance de provar ao garoto que havia sim um Harry no segundo ano. Olhou novamente para a árvore onde o mais novo estava encostado.

Harry havia sumido.

~*~

Hey hey heeeey, desculpa a demora pra publicar esse capítulo, mas aqui estou eu :) Queria agradecer pelo feedback e pelos comentários, ri muito, espero que estejam gostando da fic e continuem lendo, votando e comentando porque é muito importante pra mim. Beijos xx

existence - larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora