Prólogo

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Um sussurro fúnebre, na infinita escuridão que rodeava cada canto, até os mais remotos deste lugar que poderia ser alguma coisa, um dia, ou em eternidades talvez. Seu sussurro era forte, mas abafado. Não era qualquer luz que dividia aquele gélido âmbito tomado por tristeza, eliminando qualquer alegria tão grande que fosse. Um suspiro alto sempre era ouvido, uma respiração de algo vivo embora estivesse morto, mas era suja e tenebrosa, tão medonha e lúgubre, isenta de algo que mudasse seu real aspecto. Contudo, dito uma vez, agora seria distinto de outrora, nas gerações tomadas pelo frio, tristeza e vazio como um ser sem alma. Uma luz minúscula e pulsante pontuava em meio ao breu, como um ponto feito por uma pena em um longo papiro repleto de anotações relevantes. Até os menores pontos detalham anotações, eles devem finalizar uma frase marcando o fim ou o recomeço de uma história. Equívocos são parte humana, mas provenientes da criação.

— Você pode me ouvir? — proferiu uma voz oculta, clara e limpa, delicada em sua pronúncia.

Não seria a voz da imensidão negra que tomava toda a vida. Não era nem traço de seu ser que tomava tudo aquilo, pois ele era imundo e mau. Tampouco provia de sua compaixão ausente.

— Em gerações ouço do mais profundo parar de bater de asas, até da mais comum brisa álgida — dissertava com a voz imposta tenebrosa. —, mas quem ser você, pseudo-culminância luminosa?

— Você não reconhece aquela qual fora criada por você, irmão?

— Irmã? Criada por mim? — desdenhou o pequeno ponto luminoso com sua supremacia. — Nem mesmo meus derivados da minha mais pura essência escura são nomeados irmãos, quem dirá desta personificação clara.

— Basta você crer, há bondade e uma vontade diferente de tudo o que você já nos mostrou — justificava o pequeno ponto luminoso que expandia-se gradualmente. — Deixe-me ajuda-lo, irmão.

— Não há ajuda, não há convivência, nem mesmo compreensão para você, escória! — dizia, exclamando e aumentando estupidamente o tom de sua voz macabra. — Estou instigado em esmaga-la como os outros comuns e chulos pontos inconvenientes que surgem! — insistia, e tentava com a dominância no breu, reduzir o tamanho do ponto quase perto de algo estupendo.

— Irmão, as coisas não precisam ser lidadas de forma tão extremas! — Combatia a escuridão infinita com sua pulsação brilhosa, impedindo seu sumiço. — Podemos ficar juntos, e criar algo belo e alegre.

Com sua ira e fúria ilimitada, criava ódio da pequena luminosidade que mostrava-se tão quanto poderosa, e não era a questão de tamanho ou supremacia que enfatizava seu poder; nem mesmo o fato dela ser distinta das trevas, e sim a pureza, a clareza e algo que ele não possuía: um coração. Era uma possibilidade que as trevas não compreendesse tal coisa, era complexo, pois ele nunca havia sentido isso na vida, e também não sentiria por toda a crueldade que formava o seu ser.

— O que lhe torna tão poderosa, luz insignificante? — invejava as trevas, admirado de tamanha força que supria seu ser, pois ela se considerava poderosa. — És tão miúda perto de minha soberania, e pareces crescer e lutar para que exista. De onde é originado tamanho poder?

— Imaginas a ti mesmo vivendo deste imenso poder, trevas? — contestou a luz, esquivando-se da real pergunta. — Diga-me seu nome, não és conhecido como só apenas uma figura de poder.

— Eu domino este lugar, desde o princípio, e não há vida que tire o que é meu — respondeu. — E a que te interessas como me chamo? Você deve me reconhecer como seu supremo, insignificância.

A luz via que debatia com alguém sem blefes, embora não se questionasse que as trevas faria de tudo para destruí-la e extinguir algo que doía-lhe a cabeça. Alguém que emergia de outro alguém, distinto, com intuitos diferentes, a luz e as trevas. A luz devia ser muito cautelosa, e era, seja minuciosa ou branda, suas palavras eram tão limpas que rebaixavam a índole do ser que dominava o vazio deste lugar.

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⏰ Última atualização: Feb 13, 2016 ⏰

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