1- Um molde (nada) agradável

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Em toda história chega a hora em que os personagens principais finalmente descobrem quem são. Ou, na maioria dos casos, o que são. Para os irmãos Winfrey, essa hora chegou aos quatro anos de idade. No início, como ainda eram apenas crianças, eles gostavam de ser especiais. Foi Garrett, que aos oito, finalmente percebeu o que era ser um modelador do tempo. Ele era apenas uns minutos mais velho que sua irmã, mas se sentia responsável pelo que o resto de sua vida poderia se transformar se ela se desse conta cedo demais que ser diferente não era apenas ser diferente. Significa que você também tem que agir diferente. E isso pode ser muito confuso para alguém que não entendia o porque de treinar o congelamento dos grãos de uma ampulheta enquanto o resto das crianças brincavam.

Dos dois, Giulia sempre foi a mais habilidosa em usar o poder que havia na mente para, assim, moldar o tempo. Garrett, por outro lado, se entregava e ia com o tempo para qualquer lugar que ele quisesse, porque, se não fizesse isso, os sopros de histórias que podem ser mudadas pelo ciclo do universo o deixavam louco. Aliás, é exatamente o que os modeladores do tempo fazem: impedem que a história não seja mudada pelo espaço tempo.

Eles não tinham casa. Não viam os pais há anos. Não sabiam nem se tinham uma cor preferida; não era exatamente fácil impedir que tudo que conhecemos simplesmente fosse esquecido. Mas uma coisa sempre muda para que os personagens entrem em ação. Era mais um dia qualquer para os irmãos Winfrey. Dessa vez, eles tinham que ter certeza que as caravelas portuguesas iriam aportar no Brasil. Afinal, com aquela pequena diferença do espaço tempo causado pelo futuro mudou as rotas dos ventos do Atlântico. Giulia estava concentrada, a testa levemente franzida e dois dedos esticados para frente com o objetivo de içar as velas dos barcos. Geralmente, se o poder dela não desse certo, Garrett teria que interferir, e isso geralmente acabava com alguma fratura exposta. Não nele, é claro. Seria muito ruim se um escriba acidentalmente fosse lançado ao mar para que os povos pudessem ver terra firme.

- Vamos, Giulia! - ralhou Garrett. - Eles tem que chegar na ilha!

- Eu sei, Garrett, acredite. Mas tem alguma coisa realmente errada - disse, abrindo os olhos. - Eu vou tentar de novo, vai dar certo - ela buscou os olhos do irmão, suplicando um pouco de paciência.

- Tudo bem, mas se você não conseguir eu vou ter que interferir.

Giulia assentiu antes de fechar os olhos e continuar o que estava fazendo. Dessa vez, os ventos foram de uma maneira quase insana para o lado contrário. Garrett olhou com espanto para a irmã, que parecia não perceber o que estava fazendo. O céu, antes azul, estava anormalmente escuro, com nuvens que alertavam desabar.

- Giulia! Pare, olha o que está fazendo! Não queremos que eles sejam mais um navio naufragado.

Giulia abriu os olhos, levemente atordoada pelo que acabara de fazer.

- Me desculpe - disse - eu realmente não sei o que aconteceu.

- Tá tudo bem. Vamos, estou sentindo outro molde.

Ah, você provavelmente não sabe o que é um molde. Esse é só o nome que nosso herói dá para viagens no tempo ( diz ele que é muito cliché).

- Mas já? Isso... não deveria acontecer com tanta frequência. Quero dizer...

- Eu sei o que quer dizer. Mas há outro. E esse é bem forte.

Foi assim, meus queridos leitores, que nossos heróis foram parar em Verona. Mais especialmente em 1593.

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Olá povo. Provavelmente umas três ou quatro pessoas vão ler isso, mas o que importa é que eu estou extravasando a criatividade nisso aqui. Pfvr, me dêem comentários. E estrelinhas.
Bjs,
Cath

Entre Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora