Dosti [One Direction]

Art attracts us [...]

"A arte nos atrai somente pelo que ela revela do nosso mais secreto ser."

– Jean-Luc Godard

- Soph? - bato na porta do banheiro pela enésima vez. – Será que você pode destrancar a porta antes de morrer de vez? Vai facilitar o trabalho quando vierem buscar o corpo.

- Muito engraçado! – posso ouvir a voz fraca da minha amiga através da porta. – Eu já vou sair. Não acho que tenha mais nada dentro de mim para colocar para fora.

- Eca. – falo comigo mesma e desço o pequeno lance de escadas, voltando para o quarto. Não arrumo minha cama desde que Zayn dormira comigo e a bagunça já começa a me incomodar. Estou terminando de organizar os travesseiros em cima do edredom listrado, agora bem estendido sobre o colchão, quando Soph se joga em cima da cama.

- Eu acabei de arrumar isso! – reclamo, mas ela não havia bagunçado muito.

- Tenha piedade, Luh. Estou morrendo. – ela diz com os olhos fechados. – Por que você me deixou beber tanto?

- Eu?! – digo, rindo indignada. – Eu tentei te controlar, mas alguém disse "aproveita, Luna, amanhã não tem aula" e resolveu acabar com o rum do bar numa velocidade impressionante. Só se acalmou depois que Liam e Zayn chegaram.

- Bom, se eu bebesse mais, ia acabar vomitando lá mesmo. – ela pondera, deitada de barriga para cima enquanto encara o teto inclinado sobre a minha cama.

- Ou dançando no colo de alguém. – digo, mordendo o lábio e contendo um sorriso. Minha amiga ri.

- Ou isso! – ela fecha os olhos e começa a massagear as têmporas. – E eu não queria pagar mico na frente do Liam. – Soph sorri, travessa.

- Interessante. – deito-me ao lado dela, de barriga para baixo, e observo enquanto ela tenta se livrar da ressaca. – Você não parecia estar tão preocupada com a sua imagem na frente dos outros garotos.

- É diferente. – ela abre os olhos e me encara. – Você viu aquele sorriso? E eu gosto de olhos castanhos.

- Zayn tem olhos castanhos... mais ou menos.

- É, mas o Zayn não consegue tirar os olhos mais ou menos castanhos de você. Ouch! – ela reclama quando belisco seu braço. – Isso não ajuda a curar minha ressaca!

- Então pare de falar besteira. – mudo de posição na cama e encaro as estrelas que eu havia pintado no teto inclinado.

Soph suspira. – Só você mesmo para não notar. E olha que eu estava quase bêbada!

- Notar o quê, Soph? – pergunto automaticamente, o cansaço em minha voz completamente perceptível. Here we go again.

- O jeito como ele te olhava enquanto você e o Harry conversavam.

- Ele é ciumento, sempre foi.

- Eu acho que existem diferentes tipos de ciúme... – começo a morder o lábio, querendo por tudo que ela não continue a insistir no assunto, mas Soph não se cala. – ciúme de amigo, quando você não gosta que seus amigos tenham outros amigos além de você, ou que tem medo de ser trocada...

- Aposto que você tem isso. – murmuro. Soph me ignora.

- ... e ciúme. – ela enfatiza com o tom de voz. – Quando você quer alguém para você e não suporta que outra pessoa também queira. Ou que outra pessoa consiga o que você quer.