"Você não tinha que me ignorar. Agir como se nada tivesse acontecido e como se fossemos nada. Eu nem preciso do seu amor, mas você me trata como uma estranha e isso é tão rude."
– Gotye
Preciso dormir. Esta é a única coisa em minha mente enquanto encaro o desenho ainda não terminado em cima da escrivaninha. Estou tão cansada que mal consigo manter os olhos abertos e já não posso me concentrar no que estou fazendo. Apesar de ser o último dia da semana e de não precisar acordar cedo no dia seguinte, não quero terminar meus deveres depois. Preciso terminar isso hoje.
Se minha mãe me encontrasse acordada tão tarde, provavelmente me colocaria na cama à força, mesmo que eu esteja estudando. Ela não é única a se preocupar com meus hábitos de estudo, mas no momento não há ninguém para me interromper. Não agora que estou morando sozinha.
Deixo o lápis de lado por um momento e passo as mãos pelos olhos com força, tentando espantar o sono. Decido ir até a cozinha e preparar algo que ajude a me manter acordada. As luzes estão apagadas e procuro o interruptor com pressa antes de descer as escadas estreitas. Acendo as luzes da sala também. Aqueles breves momentos no escuro me deixam um pouco nervosa. Rio sozinha da minha infantilidade. Dezoito anos e eu ainda não havia superado o medo do escuro!
Sigo para a pequena cozinha aberta à minha direita e escolho preparar um pouco de café instantâneo. Não tenho tempo ou paciência para esperar que a água esquente no fogão, então procuro uma caneca em um armário alto e a encho com água filtrada, colocando-a no microondas por alguns minutos. Enquanto espero que o tempo acabe, volto para a sala e procuro pelo meu celular, que havia esquecido ali de propósito.
Exatamente como eu pensava, ele ainda não desistiu. Mordo o lábio ao ver o número de chamadas não atendidas. Ele havia tentado entrar em contato comigo o dia inteiro, mas não o atendi. Eu ainda estou chateada e sou orgulhosa o suficiente para ignorá-lo por algum tempo. Não estou acostumada que gritem comigo, muito menos que ele grite comigo como fez hoje mais cedo. Infelizmente, algumas coisas mudaram entre nós desde que viemos para Londres.
Apago as notificações que haviam chegado até agora, apesar de saber que ele continuará ligando. Assim que faço isso, o celular em minha mão vibra. Suspiro ao ver seu nome no visor, porque mesmo chateada, não gosto de ignorá-lo. Ao invés de deixar que a ligação finalize sozinha, eu mesma faço isso. Arrependo-me em seguida, pois agora ele vai ter certeza de que estou acordada. Agora que sabe disso, ele me envia uma mensagem.
"Você está rompendo o nosso acordo, Luna."
Não é exatamente um acordo, ou talvez seja um acordo silencioso. Nós nunca costumávamos ficar com raiva um do outro por muito tempo. Quando éramos crianças e brigávamos, já havíamos feito as pazes no dia seguinte sem ao menos conversar sobre o que havia acontecido. Era como se, durante o sono, esquecessemos quaisquer desavenças.
"Eu ainda não dormi, portanto ainda não esqueci o que você fez."
"Finja que dormiu e me desculpe. Por favor."
Suspiro. Eu não consigo continuar com essa atitude, mesmo que ele mereça.
"Claro, Zayn. Tudo bem."
Envio a mensagem e deixo o celular na mesa de madeira branca, na esperança de que Zayn finalmente me deixe em paz agora que sua consciência está limpa. Tiro a caneca com água agora quente do microondas e coloco duas colheres de café instantâneo e duas de açúcar. Enquanto misturo até que tudo se dissolva na água, tento esquecer que ainda estou magoada com meu amigo, não só pela última discussão, mas por tudo o mais que está acontecendo.
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Dosti [One Direction]
FanfictionDistância, mentiras, inveja, indecisão... várias circunstâncias ameaçam perturbar sua amizade com Zayn, mas Luna não havia considerado que o amor também pode vir a ser um obstáculo.