O casal do ônibus

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Pov Carolina

A noite de cine pipoca na casa do Arthur foi ótima. A gente ainda aprontou tanta coisa depois. Mas tivemos que dormir cedo por que íamos ter aula no dia seguinte.

Isso foi a uma semana já...

O tempo passa muito rápido.

-Querida? - Minha mãe me chamou. - Está tudo bem?

Balacei a cabeça afirmativamente sentando na mesa junto a mesma.

-Tem certeza? - Me olhou nos olhos. - Você parece querer dizer alguma coisa!

Eu não sei se devia perguntar... Mas... Vamos lá.

-É... Mãe, porque você continuou gostando do papai mesmo depois dele ter sido preso por te bater?

Ela respirou fundo olhando para baixo.

-Querida... Eu sou apaixonada pelo seu pai...

-Mas... - Quando fui a interromper levantou a mão em sinal para que eu me calasse.

-Eu amo o seu pai! Isso não é segredo pra ninguém. Ele me batia? Sim, batia. Ele sempre estava bêbado quando me batia. Mas ele me deu uma prova de que estava mudando. Não só por mim, mas por nós.

Encarei ela.

-Ele mudou mãe? Me explica, o que é mudar para a senhora!

Ela abaixou a cabeça pensando no que iria me dizer.

-Carol... Quando eu estava grávida de você e contei pro seu pai, foi o olhar mais bonito que eu já vi. Os olhos dele brilhavam mais do que as próprias estrelas. Ele ficou tão feliz, que me prometeu que se fosse por nós ele faria de tudo pra se tratar e largar a bebida... - Ela mordeu o lábio tentando segurar o choro. - Ele ficou sóbrio por muito tempo, sem nem mesmo chegar perto de um copo que tivesse uma gota apenas de álcool.

Eu olhei minha mãe naquela situação, por causa de um homem, que na minha opinião, é desprezível. Ele bateu nela na minha frente. Ninguém merece sofrer por uma pessoa assim. Eu sinto raiva dele, principalmente por isso.

-Mas mãe, eu me lembro da vez que ele te bateu. Depois ele me mandou entrar no quarto, e quando eu não quis ir a senhora gritou comigo, e eu fui. Mas quando eu voltei a senhora tava sozinha chorando.

-Nesse dia, o seu pai teve uma recaída quando estava com os amigos. Foi a única vez desde o dia que eu disse que estava grávida de você. Quando ele bebia, ele ficava agressivo, qualquer coisa ele me batia. Mas depois sempre se arrependia...

As lágrimas já desciam dos olhos dela, e eu me segurava pra não chorar por vê-la assim. Me dói tanto ver ela nessa situação.

-Podia se arrepender quantas vezes ele quisesse. Uma hora ele iria acabar... Fazendo o pior.

Minha mãe me olhou com os olhos e o nariz vermelho.

-Sim... Nós sabíamos disso...

"Nós? Pera aí! Como assim nós?"

-Seu pai, depois daquilo, se ajoelhou chorando aos meus pés, me pedindo perdão. - Respirou fundo, limpando as lágrimas e tentando parar o choro. - Me pediu perdão, dizendo que ele iria se redimir, que iria se desintoxicar por completo da bebida. Me prometeu que nunca mais iria beber. Disse que me amava... Que nos amava.... - Mais algumas lágrimas rolaram por suas bochechas. - Nunca duvidei do seu amor por mim. Mas a bebida para um homem fraco é a pior droga que existe.

-A senhora ainda acredita no amor que ele diz ter por nós? - Perguntei olhando para baixo.

-Sim. A prova que ele me deu disso foi se entrgar a Polícia. Me implorou para que eu prestasse queixa contra ele por violência domestica, violência contra mulher, tudo que ele pudesse ser acusado. Foi acusado e julgado abrindo mão de um advogado.

Um amor inusitadoOnde histórias criam vida. Descubra agora