It's a boy or a girl?

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New York, dias atuais.

Os dias, as semanas e o mês passava rápido em New York, já tinham se passado 4 meses desde que cheguei aqui, eu já estava com seis meses e ainda não conseguia acreditar que essa pequena coisinha crescia dentro de mim, Lisa não se cansava de tirar fotos de todos os momentos que ela considerava "fofo", momentos esses em que eu estava pensativa ou rindo acariciando minha barriga e imaginando como seria ter uma criança correndo pela casa, ou duas se eu for contar com uma certa tia coruja.

- Atena, você já está pronta pelo amor de Deus? - Perguntou Lisa pela décima vez.

- Sim, sim, já estou, meu Deus. - Sai do quarto antes que ela fosse lá me buscar pelos cabelos. - Você está mais nervosa do que eu.

- Nervosa? Quem está nervosa? Eu? Você está louca. - Dizia a garota que procurava a chave do carro que estava na mão dela. - Mas onde eu deixei essa porcaria?

- Se você não estivesse nervosa saberia que a chave está na sua mão, agora vamos? - Dei um tapinha nas costas dela e sai rindo, eu estava em ótimas mãos.

- Bem engraçadinha você. - Resmungou.

O caminho para o consultório não era longo e em poucos minutos estávamos lá, o médico já nos esperava para minha consulta mensal, hoje eu finalmente ia descobrir se era um menino ou uma menina, mas independentemente, eu seria feliz com qualquer um.

- Bom dia senhoras. - Disse educadamente o doutor e não era de se negar que ele é um homem muito bonito, olhos castanhos, cabelo liso, pele parda, alto, forte, encantador... Mas o que eu to pensando?

- Bom dia doutor e por favor nos chame de Atena e Lisa. - Sorri educadamente e Lisa apenas observava com um sorriso bobo nos lábios.

- Pois bem, vamos ver como está esse bebê? - Me guiou até a cama que estava próxima de nós.

- Você já podia falar se é menino ou menina, eu vou explodir de curiosidade aqui. - Implorou Lisa com olhos de cachorrinho e eu não consegui controlar o riso.

- E isso porque você disse que não estava nervosa. - Falei em meio ao riso e ela apenas me deu língua e cruzou os braços emburrada, como eu disse, outra criança.

O médico apenas observava nós duas e logo depois passou um pouco de gel na minha barriga, eu sei que já deveria ter me acostumado, mas sempre levava um sustinho, logo podíamos ver que tudo estava normal e como toda mãe boba eu chorei outra vez ao ouvir o coração do meu bebê batendo tão forte, eu poderia ouvir esse barulho tão angelical pra sempre, Lisa emocionada segurava minha mão e chorava junto comigo, duas bobas.

- Vamos ver então se é menino ou menina? - Perguntou o médico com um belo sorriso.

- Claro. - Respondi em meio a emoção.

- Bem. - Disse o doutor observando a tela. - Parabéns, você será mãe de uma linda menina.

Lisa simplesmente gritou logo após ter escutado isso, eu só consegui colocar as mãos no meu rosto e chorar, era tanta emoção, em poucos meses minha pequena estaria em meus braços, o médico me ajudou a sair da cama e após limpar todo gel da minha barriga nos despedimos e fomos embora, Lisa não parava de falar e me abraçar.

- Oh meu Deus, temos que começar a arrumar o quarto, comprar as roupas. - Dizia a menina com um milhão de ideias. - O berço, temos que ver o berço, imagina quantas roupinhas lindas nós vamos comprar pra ela, e os brinquedos? Meu Deus, eu já estou sem ar só de imaginar o tanto de coisa que vamos comprar, eu estou tão feliz por você. - Me abraçou pela décima vez desde que saímos do consultório.

- Eu também estou extremamente feliz, mas se você não parar de me abraçar eu vou morrer sufocada. - Sorri pra cara de revolta que ela fez. - Temos muitas coisas pra fazer, mas será que podemos ir pra casa? Eu estou muito cansada, com sono e com fome.

- FOME? - Perguntou ela em voz alta e com os olhos arregalados. - Você comeu toda comida que tinha em casa, como diabos você ainda está com fome? - Me olhava incrédula enquanto entrávamos no carro.

- Pra começo de conversa eu não comi toda comida da casa, okay? - Olhei pra ela de forma mortal e ela apenas levantou as mãos. - Segundo que eu estou comendo por duas, você tá pensando o que? Meu apetite é em dobro agora meu amor, vamos logo pra casa antes que eu coma você.

Cai na gargalhada ao ver a cara de horror que ela fez e fomos embora, no caminho Lisa não parava de falar em todas as coisas que faria com a sobrinha dela ou de quantas vezes levaria a menina na Disney, veja bem, Lisa assim como eu teve que aprender a viver o mundo dos adultos muito cedo, os pais a abandonaram quando ela tinha 3 anos, uma tia a pegou pra criar, mas isso não impediu que ela comesse o pão que e o diabo amassou, várias vezes o tio tentou abusar dela e cansada disso tudo Lisa saiu de casa aos 17 anos e passou a trabalhar pra se sustentar, conseguiu o emprego na lanchonete e o mantem até hoje, seu maior sonho era poder fazer faculdade de medicina e eu estava disposta a tornar esse sonho realidade, ela não sabia, mas seu sonho estava cada vez mais próximo dela.

Logo chegamos em casa e a menina saiu correndo pro computador para procurar as melhores decorações, ela queria ter tudo pronto pra quando a bebê chegasse, deixei ela cuidar disso sozinha e fui pra cozinha pegar algo pra comer e sentar um pouco, meus pés estavam me matando, aproveitei esses minutos em que Lisa estava destraída pra pensar em uma forma de poder ir na universidade sem que ela soubesse, afinal era uma surpresa e eu precisava programar tudo corretamente para chegar e dar a notícia pra ela, o problema é que ela está cada vez mais ao meu lado com o avançar da gravidez, mas eu conversaria com a chefe dela e daria um jeito de fazer isso, eu sempre consigo o que quero, afinal sou eu, Atena! Sorri com esse pensamento e fui para o meu quarto dormir, vida de grávida não era fácil, mas tinha suas vantagens, era tão bom ficar na cama nesse friozinho que fazia em New York, mesmo que um coração teimoso lá no fundo desejasse que certa pessoa estivesse aqui ao meu lado me abraçando e sussurrando as mais belas juras de amor, pobre ilusão de um coração apaixonado que não aceitava que nossos caminhos não se cruzariam novamente, era tarde demais.

Mas existia de fato uma data de vencimento tratando-se de amor? 

Loving can hurtOnde histórias criam vida. Descubra agora