"Não somos culpados por nossos corações... somente por nossas ações."

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10 ANOS DEPOIS...

Savannah

Um novo nome, uma nova família e uma nova história. Depois de sair do palácio fugida das garras do meu marido eu acabei encontrando abrigo na casa de uma senhora muito boa. Helene era uma mulher muito generosa e que me ajudou em tudo que precisei; uma pena ela ter me deixado sozinha há menos de três semanas atrás. Agora eu usava o sobrenome Otis e era conhecida como Julianne a esposa do antigo guarda da Rainha Savannah. Meu "marido" morreu no palácio, a desculpa que os guardas deram a sua mãe no dia que vieram até nós contarem o ocorrido; foi a de que ele morreu tentando proteger a rainha e pagou o preço por isso. Eu chorei a noite inteira. Eu gostava de Thomas. Era um amigo bom, uma das únicas pessoas que se preocupava comigo. Quando li o conteúdo de sua carta meu coração se encheu de afeto e carinho por ele. Ele tinha pensado em mim, em meus filhos.

Minha "sogra" era uma feiticeira, mesmo sabendo que esse tipo de prática terminantemente proibido; ela me ensinou tudo que sabia. Nunca tive a coragem de revelar a ela que sou uma bruxa, que minha avó por parte de mãe era uma bruxa e que eu acabei herdando seus poderes.Um dia ela me perguntou sobre a pedra de safira que eu carrego em meu pescoço, mas eu apenas dei a desculpa de que era um presente de minha mãe. Aquela pedra continha toda minha magia; minha mãe havia pedido para uma feiticeira que ela conhecia canalizar minha magia para que somente fosse usada quando necessário, eu nunca controlava as mágicas que eu fazia e por isso mamãe achou melhor eu aprender a domar e a usar com sabedoria meus poderes. Aprendi com o tempo que a magia tem um grande preço.

Sabia tudo que acontecia com o castelo. Soubemos como Thomas foi morto por meio de magia. Meu antigo marido o matou com um golpe certeiro em suas costas, pelo fato de Thomas se recusar a falar onde eu estava escondida. A dor de tudo isso que eu passei ainda é muito real e firme para mim.

Minha mãe, meu irmão e meu avô foram até o castelo saber o que se passava. Porque meu marido queria minha cabeça? O que eu soube é que a Rainha Regente de Retóii jurou vingança contra o atual Rei de Étal nem que fosse a última coisa que ela fizesse. Cogitei ir até minha família e pedir ajuda, mas eu não poderia. Eu tinha que proteger meus filhos antes de qualquer coisa. Soube que minha mãe não cansava as buscas de meu paradeiro e que meu irmão havia se casado com a Princesa de Gallhehar, Suzzanna; a moça havia acabado de ter um menino ao qual ela nomeou de Joah em homenagem ao meu falecido pai. Eu queria estar participando disso. Era a minha família. Eu devia estar lá, mas eu estava em outra realidade agora.

Por mais que George tenha feito meu coração em pedaços e da minha vida uma bagunça, meu coração é ainda é dele. Minha mãe havia me dito uma vez algo que ficou em minha cabeça desde quando ele e Clove começaram novamente a se encontrarem e viverem sua paixão de adolescentes. "Lágrimas não são as únicas armas de uma mulher. A melhor arma está entre as pernas. Aprenda a usá-la". Clover soube usar muito bem sua arma, tão bem que meu marido havia decidido matar eu e seus filhos por ela. Soube que ela e ele não tinham conseguido ter herdeiros ainda e que isso era o que o povo mais temia, também sabia que o povo não gostava dela, a chamavam de "Rainha Prostituta" nas costas dela. Tudo que ela me fez foi apenas para pegar o meu lugar em um reino que não é meu. Fico feliz por um lado de ter escapado dessa loucura, mas o outro me pede meu marido de volta.

Meus filhos são a minha prioridade. Claro que eu usei magia para bloquear em meus filhos mais velhos as lembranças de George e as converti como se fosse Thomas o pai de ambos. Tenho esperança para que tudo dê certo e meus filhos não tenham que conhecer seu verdadeiro pai. Minha Sarah agora se chama Elizabeth e cada vez mais lembra-me minha mãe em seu jeito imponente e seu olhar gélido. Ela é uma garota muito bonita, seus olhos azuis céu como o do pai me encantam todos os dias e seu cabelo vermelho como o fogo me lembra de minha avó em muitos aspectos. Meu pequeno Cedric que agora se chama Phillip era a cópia idêntica de meu antigo marido. O cabelo preto e os olhos azuis céu. Meu menino era bom, eu via isso em seu olhar e sempre quando eu aparecia triste ele dava um jeito de me alegrar e por último minha Sun ou como eu prefiro chamar Louise, meu pequeno raio de sol; cada dia desde seu nascimento ela foi se mostrando cada vez mais parecida comigo. Obvio que não tive como registrar Sun com o nome que eu queria pelo fato de que George sabia que esse era o nome que eu daria a nossa filha que ainda estava em meu ventre quando tudo aconteceu, coloquei seu nome de Louise pelo fato de além de ser o nome de minha antiga ama no castelo de minha família foi a minha confidente por um bom tempo.

Reino de MentirasWhere stories live. Discover now