Contos De Uma Vida Noturna

Desconhecido

Forcei Minha mente para lembrar uns dez anos atrás, mas não consigo..
O carro do jovem rapaz sai do local, e Elena foi a única que não entendeu o que realmente tinha acontecido naquele momento, com uma rosa na mão esquerda é um bilhete na mão direita, sua noite tinha acabado, porque não conseguiria encarar mais uma noite pensando no rapaz que poderia ser o único que fez seu coração acelerar por anos, nos presentes e no que ainda irá por vim, será mesmo que seria só aquele dia, ou o rapaz iria voltar a aparecer em sua vida.
Elena então volta para casa com um sorriso longo de orelha a orelha, mesmo sem dinheiro no bolso seu dia estava ganho, pois ninguém tratou-te com tanta gentileza e compaixão na sua vida como aquele jovem.
Meu telefone toca, deve ser o Téo querendo que eu me explique por que fui embora tão cedo. Mas quando eu pego o celular e atendo, não era o Téo, um número desconhecido que não tinha nos meus contatos, ao ouvir aquela voz logo me lembrei daqueles olhos.

- Alô, gostaria de falar com Elena! Diz a voz do outro lado do telefone.
- sim sou eu!
- É que eu tenho uma proposta para te fazer!
Elena tenta permanecer calma apesar do seu coração quase sai pela boca, pois ela sabia quem que estava do outro lado da linha, ela para, olha para os lados e responde.
- Sim claro, mas antes preciso saber de seu nome!
- Você me conhece mais do que imagina, sei que você gosta de morango, odeia chocolate, e o seu perfume é "cheiro de moça bonita"!
- Como você sabe disso tudo? Pergunta Elena com espanto, pois nem sua mãe sabia tantas coisas dela assim, como esse rapaz.
- Elena você deixar teu coração não amar e esquecer todos os momentos de felicidade e ser impossível de criar sentimentos, não vai te fazer ser mais feliz ou impedir você de sofrer, não é que o amor morreu no mundo que devemos deixa- lo que morra dentro de nós.
- De onde eu te conheço? Como você se chama ? Me responda por favor! Em lágrimas ela tenta buscar um auxílio, ela então pega um ursinho que ficava em sua cama, algo te chamou atenção, alguém importante, e se pergunta, quem deu esse urso pra ela, um urso que mais parecia um cachorro, ela lembra que alguém muito importa lhe deu aquele urso mas ela não lembra quem foi e quando foi.
O rapaz então volta a falar.
- Elena lembra-te de seu primeiro beijo e lembrar de mim! Então o telefone fica mudo.

Eu não chorava á anos, eu não sabia o que era lagrimas, até esse rapaz aparecer na minha vida, tranquei meus sentimentos para não me entregar a isso eu não queria sentir nada, nem felicidade porque sempre leva a dor, nem alegria porque sempre leva a tristeza, não quero isso, mas porque choro com as palavras dele?
Elena tenta achar de onde o conhece, e procura em seu guarda-roupa, documentos de sua infâncias, como fotos, cartas, e uma lembrancinha da terceira série que estavam dentro de uma caixa.
Abri então a caixa da terceira série, me assustei com meu cabelo, fiquei admirada como os anos passaram e o tempo foi generoso comigo, me pego sorrindo sozinha vendo as fotografias. Os meninos que estão na faculdade comigo estão a mesma coisa, o tempo castigos eles! Elena brinca com a situação, quando ela pega o porta retrato da turma, vê uma foto dela e de um amigo, beijando-a no rosto, ela logo pega a foto, leva para seu computador e escanear em sua impressora.
Elena não acredita no que ver, será aquele menino em sua foto o rapaz misterioso que quer fazer que ela retome sua humanidade, que ela volte a acreditar no amor que a muito tempo está desacreditada.
Ele desligou o telefone sem nem ao menos falar qual proposta, ele iria me oferecer, eu ainda me pego lembrando do sorriso dele, sabe aquela impressão de que você conhece a tal pessoa de algum lugar e não sabe de onde o conhece, é algo que sinto.
E o pior disso tudo é que eu ainda não sei seu nome, nenhuma pista além do primeiro beijo que com certeza não vou lembrar tão cedo, apesar que minha infância foi roubada pela maturidade, eu nem me lembro como foi o dia que alguém disse que me ama, se alguém disse né, creio que não, não nunca fui amada!
Elena coloca para si mesmo que o amor não existe e vai ser quase impossível acreditar que ele realmente existe.
Elena vai dormir pensando no dia de amanhã, pois começa às aulas na faculdade, depois das férias de verão, rever os amigos, sentar na mesma mesa e tomar sempre o mesmo cafe, uma rotina que ela já estava acostumada, mais um ano que ela irá ter que mentir para todos, o difícil não é mentir, e sim ser duas pessoas em um só corpo.
Preciso dormir, amanhã recomeça às aulas, mesmo faltando ainda 8 períodos para me forma como médica, eu já planejo minha nova vida, não vou mais precisar esconder quem eu sou, mas se nada der certo, eu largo essa vida e vou viver como Bianca, só quero mesmo uma paz que á anos não tenho, e agora esse rapaz diz que me conhece, me pede para eu lembrar do primeiro beijo, mas ainda não entendi o porque disso, eu já estou muito á tempo nessa vida, sei o que é bom e ruim, me engano às vezes por achar que consigo levar duas vidas, mas continuo levando, enquanto der para levar continuarei.
Elena adormece segurando o pequeno ursinho, quando o telefone toca novamente, ela acorda meio assustada pensando que seria o tal rapaz e atende logo dizendo!

- Você esquece de me falar qual a proposta?

Mas do outro lado da linha era Téo, o seu gerenciador nas noites.
-  O que aconteceu Elena, perguntei as meninas e elas falaram que no primeiro cliente que te recusou você foi embora!

- Téo, desculpa me senti mal, e vim embora me deitar!
- Qual proposta é essa que você me falou agora no telefone Elena! Pergunta Téo com um tom de raiva em sua voz!
- Não é nada! Responde Elena com uma voz meio abatida.
- O que aconteceu Elena, você tem algo para me falar ? Ou vou ter que ir aí para te pergunta pessoalmente, e sabe que no meu jeito sempre é mais difícil e complicado!
- Não precisa perder o seu valioso tempo comigo, eu sei que você tem muitas coisas para resolver, está tudo bem, não precisa se preocupar.
- Ok, amanhã esteja lá no mesmo horário de sempre, e não atrase, estarei te esperando.

Téo desliga o telefone, e na mesma hora bate uma sensação estranha em seu coração.