Capítulo 13

494 58 32
                                    

Uma mala com coisas pessoais e de higiene e meia dúzia de roupas era o que aprontava quando Sra. Madalena entrou no meu quarto.

—Querida, onde vai?— Pergunta ela assustada.

—Estou indo para o hospital!

—Mas, eles não permitem um menor de idade como acompanhante.— Ela prosseguiu.

—Eles irão permitir, nem que eu acampe do lado de fora do hospital.— Disse determinada.

—Gracy...— Ela tenta

—Se a senhora quiser ajudar a mim e a Gabriel, fale com nosso pai para que mande uma procuração em meu nome para que eu possa cuidar do meu irmão enquanto ele estiver no hospital.— Falei, virei as costas e saí.

No hospital, fiz o possível para ficar com ele o maior tempo possível. Pedi ao médico, Dr. Julius para que me deixasse ficar a noite, ele disse que faria o possível, mas que teria que ter a assinatura dos responsáveis por mim e por meu irmão. No final consegui a liberação do Dr. Julius por uma semana, e pedi a assinatura de Sra Madalena e sr James, eles assinaram sem me questionar, e isso foi bom, muito bom.

Os dias e principalmente as noites que se seguiram, não foram fáceis, eu queria conversar com meu irmão, eu estava falando sozinha, ou então em uma poltrona olhando pra fora, me via chorando no reflexo, da falta constante e cortante de Michel. Então ia até Gabriel, acariciava os seus cabelos, pedia com clemência para que voltasse pra mim.

Em uma tarde recebi, quer dizer, Gabriel recebeu a visita inesperada de Vasti. Ela fingiu que eu não estava no quarto, e sussurrou: —Sinto sua falta Gabi!— Mais tarde vim a saber que ela fez isso numa tentativa de recuperá-lo por saber que quando as pessoas estão em coma, entendem e sentem tudo muito mais vivo dentro delas. Interiorizam as coisas exteriores. Não achei que ele voltaria pra ela, mas fiquei pensando no assunto.

Sra. Madalena viera visitar Gabriel em meu ultimo dia liberada por Dr. Julius,eu já estava a caminho de ir falar com ele novamente quando ela me olhou e disse: —Porque quer ficar tanto aqui Gracy? Digo, porque você não sabe o que virá depois que Gabriel acordar, ele talvez não lembre de nada e de ninguém!

Olhei-a sem temor. —Quero ficar porque independente do que foi antes e o que será depois ele é meu irmão. Já perdi minha mãe, Michel, e não pude fazer nada, não posso perdê-lo também sem ao menos tentar. E a não ser que ele diga olhando nos meus olhos, "Não te quero na minha vida", eu não o deixarei. Nunca o deixarei.

—Essas palavras são fortes vinda de uma jovem de 15 anos.— Ela diz preocupada.

—14!— Corrijo. Faria 15 dali alguns meses ainda. —Acho que a vida me fez ser madura o suficiente para dizê-las com convicção, entendendo o significado delas. Estou fazendo no final das contas o que meu pai deveria estar fazendo, cuidando de nós dois.— Ela me olha por alguns minutos tentando compreender cada palavra e então, levada pela lembrança ela retira uma carta de sua bolsa.

—O que é isso?— Pergunto. —É a procuração assinada pelo seu pai. Gray você poderá ficar no hospital cuidando de seu irmão.— Ela diz alegremente. 

Meus olhos se enchem de lágrimas e de súbito a abraço, corro para Gabriel.—Olha aqui meu querido,ninguém pode nos separar, vou ficar do seu lado até você acordar!

Talvez tenha sido a primeira coisa boa que meu pai fez, desde que vim pra cá. Consegui também um afastamento da escola desde que depois que Gabriel se recuperar, fazermos os dois aulas complementares aos sábados. Bárbara não estava feliz, perderia por 2 meses ou mais, os dois vocalistas de sua banda, sem contar Michel. Ela veio me dizer que guardaria nosso lugar, mas que teria que nos substituir nestes dois meses. 

Irmãos do destino (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora