Capítulo 1

1.1K 104 78
                                    

Editado por YasminMedinaR ~ obrigada flor :*


O sol de Junho em Jacksonville fervia na minha cabeça. Meus passos estavam apressados para chegar em casa, minha fortaleza.

Apesar de ser sexta-feira não tinha sido um dos melhores dias na escola. Na realidade, dois meses nada fáceis. Cidade, escola e casa nova, aliás uma cabana no meio do mato subindo para o mirante da cidade. Não que eu não gostasse, só não entendia porque meus pais escolheram tal lugar, também não entendia porque nos mudávamos tanto, mas nunca os questionei nos meus 14 anos de vida, afinal eu os amava e me sentia segura estando com eles.

Parei ao ouvir um forte choro e senti um cheiro de fumaça intragável... quando percebi que era meu pai, larguei os cadernos ao chão e corri em direção a cabana.

Avistei uma cena de horror. A cabana estava pegando fogo e minha mãe estava mórbida nos braços do meu pai, que estava em prantos. Corri mais uma vez em sua direção, assustada nem consegui chorar. Minha mãe estava sem cor, e percebi então que ela tinha inalado a fumaça, asfixiado. Meu pai estava transtornado e começou a falar largando minha mãe cuidadosamente ao chão.

— Você precisa sair daqui agora Gracy. Pegue o ônibus para Silver Coast neste endereço. —

Ele tirou um bloco de papel e uma caneta e trêmulo anotou para onde eu deveria ir.

—Pai eu...

Ele me corta dizendo: — Filha! Não posso te explicar nada agora, peço que confie em mim e você ficará segura. Neste momento é tudo que importa. — Ele me abraçou forte, me beijou a face e disse mais uma vez: —Vá e não olhe pra trás.

Não pude me despedir da minha mãe, mas sabia que ela tinha partido. Eu estava confusa, não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo e do que ia acontecer dali pra frente! Nada havia sobrado para levar comigo, a não ser a roupa que vestia e os cadernos que juntei do chão quando prossegui para o desconhecido.

Avistei uma casa com venezianas na cor verde, muito ampla em uma rua calma de lajotas, meu coração começou acelerar. Peguei mais uma vez o papel onde estava anotado também um nome que até então não tinha decorado. Madalena.

Uma mulher baixinha de cabelos curtos e louros meio grisalhos, de vestido e avental, abriu a porta, e assim que me viu, foi como se ela estivesse sentindo minha dor, me abraçou sem dizer uma palavra, neste momento desabei em lágrimas, uma mistura de dor e desespero me fizeram esquecer que eu nem conhecia aquela mulher, mas ela parecia me conhecer, seu abraço foi a situação mais confortante desde que vi tudo o que tinha, desvanecer como uma névoa.

Ela me levou pra dentro de sua casa, muito aconchegante, vi fotos de momentos felizes, um sentimento de que isso nunca mais aconteceria comigo tomou conta de mim, estava muito triste, tudo era motivo para lágrimas, estava sensível.

Ela me trouxe um copo de água, e me disse: - Você precisa tomar um banho e descansar.

Ela tinha razão. Mas não era meu corpo que precisava de descanso, e sim minha alma e minha mente. As lágrimas finalmente secaram após algumas horas sozinha em um dos quartos da casa, parecia ser de hóspedes, pois não tinha mais do que uma mobília vazia, um criado mudo e uma cama de solteiro, todos bem antigos. E deu fome, percebi que não tinha me alimentado desde o almoço na escola, já passava das 18:00hs.

Saí do quarto, e um cheiro de waffles me consumiu, cheguei à cozinha onde encontrei Sra. Madalena agora acompanhada de um senhor alto e magro com cabelos louros acinzentados e incríveis olhos azuis, ambos me deram um largo sorriso, como que dizendo: — Finalmente acordou!

Irmãos do destino (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora