Sr. Silêncio

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Da Morte, filho querido

Músico perfeito

Acordes a retumbar no peito

Nos olhos, suspiro contido


Lúgubre paz no ar,

Suspiro fugaz do amante,

Lágrimas no rosto do viajante errante,

O mundo morfeu a sonhar.


No amor, na dor, o Silêncio,

Cantor do apocalipse,

Poeta do eclipse,

De tudo, a nada veio


Silêncio desolador,

Dos mortos o hino,

Dos vivos o destino,

Silêncio que embalsa a dor


A todos aqueles que esta vida deixam

O silêncio, último lamento,

Na morte, vida fugaz como vento,

Acordes perfeito que sejam.


Silêncio absoluto

Dor, sofrimento, agonia,

Solidão, terror, monotonia

Coração palpita alto no peito


O Silêncio põe-se a tocar

O eco vazio

O doce anil

Do céu e da lua a brilhar


Um doce som grave

Onda de leveza

Harmônica beleza

Da paz a chave


Toca com calma,

Toca com graça,

Não faz vibrar a taça,

Sua música se ouve com a alma


Na quietude d'alma se põe a tocar

Som eterno da música invisível

Paz interna, ilusão crível,

Silêncio, que alimenta o sonhar


Com dedos leves toca a divina canção

Ondas oníricas percorrem o ar

Vítreas notas, na alma a ressoar,

De todas, a distinta sensação


Droga dos sonhos,

Silêncio, o temor dos tolos

O amor dos sábios

Silêncio, celeste ao tocar nos infernos.


Nas montanhas, sufoca o ar

Nos mares, aplaca a ira

Nos céus, absoluto, suspira,

Silêncio, o arauto do pesar.


Sinta n'alma o real fictício

Manifestação terrena da pura perfeição

Pois a mais bela canção

É a do Silêncio.

Vermes, Cemitérios e PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora