II. Cristo morre sob a ira de Deus.

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Para obter a salvação de Seu povo, Cristo não somente sofreu o terrível desamparo de Deus, mas Ele tomou a amarga copa da ira de Deus e morreu uma morte sangrenta em lugar de Sua gente. Só então a justiça divina podia ser satisfeita, apaziguar a ira de Deus, e fazer possível a reconciliação.

No jardim, Cristo orou três vezes para que ― o cálice‖ fora removido Dele, mas cada vez Sua vontade entregava-se a vontade do Pai. Devemos nos perguntar: o que esse cálice continha que fizesse com que Ele rogasse fervorosamente? O


que continha que causara tal angústia que Seu suor se mesclasse com sangue?

Frequentemente é dito que a copa representava a cruel Cruz romana e a tortura física que lhe esperava - que Cristo previu o gato de nove caldas vindo por detrás de suas costas, as coroas de espinhas penetrando sua fronte, e os cravos


primitivos que seriam atravessados em Suas mãos e Seus pés. Ainda aqueles que enxergam essas coisas como a fonte de Suas angústias não entendem a Cruz, nem o que ocorreu lá. Ainda que as torturas o cobrissem, pelas mãos humanas, era o plano redentor de Deus, havia algo muito mais sinistro que evocou o clamor de liberação do Messias.

Nos primeiros séculos da igreja primitiva, milhares de cristão morreram em cruzes. É dito que Nero os crucificou ao contrário, os cobriu de alcatrão, e lhes atou fogo para usar como luzeiros nas cidades de Roma. Através das épocas desde então, um sem número de cristão foram levados às mais inquietantes torturas e anda é o testemunho de amigos e inimigos o mesmo que muitos deles foram para a morte com grande sagacidade. Temos de crer que os seguidores do Messias enfrentaram tal morte cruel com gozo indizível, enquanto que ao Capitão de sua Salvação se acovardou no jardim, fingindo a


mesma tortura? Acaso o Cristo de Deus temeu ao látego e espinhas, cruzes e lanças, ou será que o cálice representou o infinito terror que vai mais alem que a crueldade humana?

Para entender o conteúdo sinistro desse cálice, devemos nos dirigir ás Escrituras; Existem duas passagens em particular que devemos considerar - uma no salmo ― Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho é tinto; está cheio de mistura; e dá a beber dele; mas as escórias dele todos os ímpios da terra as sorverão e beberão.‖ (Salmos 75:8) e a outra em Jeremias: ― Porque assim me disse o SENHOR Deus de Israel: Toma da minha mão este copo do vinho do furor, e darás a beber dele a todas as nações, às quais eu te enviarei. Para que bebam e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada, que eu enviarei entre eles.‖ (Jeremias 25:15-16)

Como resultado da incessante rebeldia dos ímpios, a justiça de Deus havia decretado um juízo contra eles. Justamente derramaria sua indignação sobre as nações; Ele colocaria o vinho de Sua ira em suas bocas e forçaria-lhes a tomar


até sua borra. O simples pensamento de que tal destino espera ao mundo é absolutamente terrível, e ainda assim esse teria sido o destino de todos, exceto que a misericórdia de Deus buscou a salvação das pessoas, e a sabedoria de Deus elaborou um plano de redenção ainda desde antes da fundação do mundo. O Filho de Deus se faria homem e caminharia nessa terra em perfeita obediência à Lei de Deus. Ele seria como nós em todos os sentidos, e tentado em todas as maneiras como nós, mas sem pecado. Ele viveria uma vida perfeitamente justa para glória de Deus e em lugar de Seu povo. No tempo designado, Ele seria crucificado em mãos de homens ímpios, e nessa cruz, Ele levaria a culpa de Seu povo, e sofreria a ira de Deus contra eles. O perfeito Filho de Deus e verdadeiro Filho de Adão juntos em uma gloriosa pessoa tomaria a amarga copa da mão de Deus e a tomaria até a borra. Ele a tomaria até que fora ― consumada‖, e a justiça de Deus fora completamente satisfeita. A ira divina que devia ter sido nossa seria exaurida sobre o Filho, e seria extinta por Ele.

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