Capítulo 2 - Homem Sombra

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  Dizem que com o passar do tempo a dor vai passando, deixando apenas tristeza e saudade, mas assim que acordei no dia seguinte eu só queria acreditar que a noite passada fora somente um dos mais malvados pesadelos que alguém podia ter.

Me levantei e vi quadros e livros caidos no chão, roupas rasgadas (inclusive o vestido vermelho decotado que usei ) e uma caixa derramando seu conteúdo no tapete, a caixa que guardei esses anos cuidadosamente todos os presentes que Will já me deu. Essa bagunça em meu quarto não era nada mais nada menos do que reflexo da minha raiva por ele.

Tomei banho e me arrumei para a faculdade, esperava não ter que da satisfação a ninguém esta manhã, mas como se lê-se meus pensamentos Sara estava me esperando na entrada da sala.
  - Ariel! - ela me olhou com expectativa
- Oi Sara - mumurei. Antes de sair da faculdade ontem disse a Sara o que eu pensava que Will fosse fazer e ela ficou mais animada que eu por saber em primeira mão.
  - Me conte tudo não esconda nada! - ela disse me acompanhando até a cadeira, nós faziamos o mesmo curso, estávamos no 8 período de história e iríamos nos formar ano que vem.
  - Não quero falar sobre isso Sara.
  - Como assim não quer falar?! Você estava super animada quando saiu daqui ontem e não quer me contar o acontecimento do século! Por favor Ari - ela me observou - você não parece muito feliz para uma noiva, porque não esta feliz com seu casamento?... A menos que... ele nao tenha te pedido, mas você não estaria assim tão triste - ela bufou - só se ele tivesse terminado com você - ela riu da idéia idiota, mas quando viu minha cara de dor se espantou -Ariel?!
  Por sorte antes que minhas lágrimas caíssem o professor entrou na sala. Depois da aula consegui despista-la e corri para a próxima.

- Ariel?

  - Que? Oi! - eu disse ao ver Jonathan
  - A sua aula já acabou a 10 minutos e os alunos da próxima classe tão chegando. - olhei ao redor e ele tinha razão, eu havia voado a aula inteira e não prestei atenção em nada
  - Ai meu Deus, me desculpe.
  - Não precisa se desculpar - disse ele colocando sua mão na minha, Jonathan ou John como eu constumo chamar, tem uma queda por mim desde o quarto período mas como eu namorava com Will nunca dei muita bola, mas até que ele era bonitinho. - Está tudo bem?
  - Está sim, obrigada. - acordei do meu mais recente devaneio e sai da sala dando de cara com Sara. Ela me olhou nos olhos e fez a armadura que eu estava tentando construir a manhã toda, cair. Me desabei em choro no seu abraço e ela me consolou.

  Sara foi comigo para casa e ficou até a hora de dormir quando partiu me deixando sozinha com a minha tristeza.

Deitei imediatamente com medo da solidão, me acomodei entre meus travesseiros e calmamente meu coração foi ficando mais lento, esquecendo as preocupações até que meus olhos fecharam-se sucumbindo ao sono.

Acordei três horas depois, um novo pesadelo. Me levantei e andei até a cozinha, tomei um copo d'água e o larguei no balcão, olhei a geladeira mas estava sem fome, a fechei e fiquei no completo escuro, antes de ficar depressiva de novo caminhei até meu quarto, passei pela sala e vi pela luz fraca da rua que vinha pela janela, a estante de livros apoiada na parede, os sofás desarrumados , a TV que eu havia comprado para os meus pais de presente, o abajur em cima no criado mudo, um homem dentro de casa perto da janela, as curtinas e o tapete, eu tinha sorte por ter tudo isso, uma casa, família, amigos. Will não merecia minhas lágrimas, nem sequer uma gota delas, nenhum homem merece e nunca vai merecer, afinal pra que serve o amor? Nos dar esperança e partir nosso coração depois, pois a partir de hoje eu nunca mais me deixarei apaixonar por ninguém outra vez. Nunca mais.
  Me virei para o meu quarto e entrei encostando a porta, me deitei na cama de casal e fechei os olhos. Espera. Tinha um homem parado na sala e não era meu pai, me virei para ir até lá mas não era preciso, o homem  estava no meu quarto.

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