Por mais que Louis tivesse tentado, ele sabia que não estava em seus melhores dias para sair de casa para conhecer o amigo tão adorado que Zayn e Niall pareciam morrer de amores. Ele sabia que havia prometido, assim como também havia jurado que estava ótimo e dito que havia jantado e que estava mantendo sua vida completamente normal depois da queda que tinha sofrido quando fora abandonado daquela forma. Ele sabia que já deveria ter se acostumado, assim como também já não se sentia tão surpreso em ter tanto dinheiro e não ter a mínima vontade de gastá-lo. Era besteira usar um dinheiro que o fazia lembrar o motivo de se sentir tão vazio daquela forma. Talvez Louis tinha se tornado o que ele próprio tinha tanto medo desde que tinha conhecimento de que todos aqueles sentimentos eram sempre tão perigosos demais. Todo aquele vazio o consumia, e ele o preenchia com cigarros e álcool. Não era a falta de amor, carinho ou simplesmente um companhia, era a dura realidade em que vivia repleta de desilusões amorosas, logo para quem sequer acreditava naquela bobagem de amor. Louis dava graças a Deus por não sofrer daquela "doença" (como ele insistia em chamar), mas, em diversas madrugadas, desejava ter alguém para segurar em seus braços durante a noite e ter a certeza de que jamais acordaria sozinho de novo.
Talvez a solidão o estivesse consumindo.
Os olhos tão tristes e cansados eram o seu foco enquanto ele ainda se encarava no espelho depois de ter vestido uma calça simples para sair de casa, assim que Liam o buscasse. Aquelas olheiras não tinham uma solução, a barba por fazer crescia, e ele parecia ter desistido da sua própria aparência quando se viu até mais magro. A camisa estava gigante e cobria seu quadril, escondia sua cintura e tudo aquilo que antes ele cantava glória por exibir, e agora poderia viver dentro de uma caverna onde interações não fossem exigidas e roupas não fossem precisas. O cabelo ainda estava úmido quando a mão se deslizou pelos fios molhados. Louis suspirou baixo, desistindo de melhorar seu visual quando o celular tocou e viu a mensagem de Liam. Melhor que aquilo ele jamais ficaria.
O cigarro foi tirado de dentro do bolso da jaqueta enquanto ele fechava o apartamento, só o acendeu quando a porta foi trancada e, enquanto as escadas eram seu único caminho, tragava o cigarro com a esperança de que aquilo o matasse logo, como se respirasse o câncer naquela fumaça com a chance de que seus dias estivessem contados, mas ele não tinha essa sorte. Louis parecia ter um azar imenso para a morte o evitar todos os dias.
A porta do carro já estava até aberta quando avistou o mais velho e, mesmo que não precisasse forçar o sorriso, Liam ainda carregava o dele como se Louis fosse a visão mais querida do dia. Liam era tão ridículo quanto a vontade de Louis de se enfiar em um buraco e esperar aquilo tudo passar. Aquela tempestade interna parecia mais um furacão prestes a acabar com tudo o que ele tinha.
"Você parece... ótimo", Liam tentava tanto e ele conseguia, mesmo que sem querer, arrancar um riso frouxo do homem que parecia ter desistido de tudo.
"E você é um péssimo mentiroso."
Não houve conversas durante o caminho. Liam deixou que Louis ligasse o som em uma música qualquer, crente que tocaria qualquer coisa menos algo que o envolveria naquela melancolia, mas aparentemente a vida o envolvia em seus braços prestes a dizer que ele estava ali unicamente para sofrer pelo abandono e aceitar que o fato era único: Louis não fora feito para ter alguém, tampouco para acreditar que existiam esperanças para si.
Adele tocava na rádio como se fosse feita unicamente para isso, para encher seu coração de mágoa por todas as vezes em que se lembrava que havia sido deixado da mesma forma que havia deixado sua família para trás.
"Everybody loves the things you do, from the way you talk, to the way you move, everybody here is watching you, cause you feel like home, you're like a dream come true... but if by chance you're here alone, can I have a moment before I go? 'Cause I've been by myself all night long hoping you're someone I used to know..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
O mundo é um moinho | larry
RomanceLouis nunca teve uma vida estável. Saiu de casa cedo, deixou as responsabilidades para trás quando abandonou a família, porque precisava procurar seus próprios ideais. Ele só nunca imaginou que se envolveria na pior das bagunças; seu trabalho não er...