O céu mantinha-se nublado, seus olhos estavam semicerrados e Scott já estava cansado de ouvir sua mãe dizer a mesma coisa a cada uma hora. Estão num carro a mais ou menos dois dias e ele estava quase surtando por ouvir as mesmas músicas diversas vezes seguidas. Sua mãe estava animada pois finalmente iriam se mudar para a cidade tão desejada por ela: Rudville. Rudville não era exatamente uma cidade, era somente uma pequena ilha que se localizava no lado direito da Flórida. Scott não via diferença entre Rudville e qualquer outro lugar, mas precisava parecer animado por sua mãe.
Assim que entraram na cidade, havia uma placa grande, azul e escrito nela com letras brancas: "Sejam bem-vindos à Rudville, onde seus sonhos começam". Scott ignorou a placa como fez com as anteriores e fechou os olhos novamente. Sua mãe não via nada de estranho na vizinhança, o que a deixou realmente aliviada, era uma cidade simples com várias casas parecidas e vizinhos que aparentavam ser simpáticos. Era a cidade perfeita.
Cinco minutos se passaram e o carro parou, fazendo o adormecido finalmente acordar. Meio tonto, ainda, Scott saiu do carro e parou em frente a seu novo lar. A casa parecia ter pelo menos trinta anos, mas ainda estava em ótimo estado. Dois andares, toda pintada de azul claro. Era a única casa azul da rua, quase todas eram amarelas ou verdes. No jardim da residência havia uma imagem feita de porcelana de um anjo com as asas abertas e mãos unidas, que tinha aproximadamente um metro e meio. A mãe de Scott apoiou-se no anjo:
-Isso veio com a casa. Vai ficar ou jogamos fora? - Perguntou ela, olhando fixamente para a escultura.
-Não sei.... Tanto faz, eu acho bonito- Disse Scott, esfregando os olhos e deixando um leve bocejo escapar.
-Bem, já que achou bonito... então fica - Decidiu a mãe montando um sorriso em seu rosto.
Scott não escondeu sua felicidade, entrou na casa, subiu as escadas e escolheu o quarto mais espaçoso. Os dois arrumaram todas as coisas importantes e guardaram o restante no porão. Estava anoitecendo e Scott estava deitado sobre a cama ouvindo música.
-Scott! - Gritou sua mãe da cozinha.
O moreno desceu as escadas correndo em direção a mulher.
-Você vai para a escola daqui a dois dias- Avisou ela sem pestanejar.
-O quê? Mas eu não estou matriculado ainda - Enrolou o jovem.
-Está sim, eu vim semana passada e fiz meu trabalho de mãe - Ela não escondeu seu rosto vingativo - Você tem um dia livre.
Scott sorriu disfarçadamente e subiu as escadas novamente, na esperança de cair e quebrar a perna para não ir à escola. Ele entrou no quarto e começou a arrumar seus livros na estante que ficava ao lado da janela. Logo após o cansativo trabalho, deitou na cama e adormeceu sem perceber.
Lá estava uma banheira branca de porcelana com um liquido rosado a transbordar de seu interior. Uma garota observava seu reflexo sobre água, seus longos cabelos negros, envolvidos por um grande laço vermelho, sua pele branca, lisa e bela, seus olhos estavam avermelhados e seu coração estava pulsando com força. Antes que a garota tivesse a oportunidade de piscar, seu reflexo se moveu lentamente, seus braços se moviam com tanta leveza que pareciam estar soltos e o batimento de seu coração começou a ficar mais fraco e lento, mas ela ainda estava apavorada, algo estava errado. Ela abaixou-se lentamente em frente a banheira e encostou seu rosto sobre a água, soltou o cabelo e jogando o laço no chão, retirou toda a sua roupa e entrou na banheira. A espuma começou a aparecer bem devagar e a garota já havia esquecido tudo, sua mente estava calma novamente. Cerrou os olhos e adormeceu.
Seus cabelos estavam molhados e ela já estava preparada para sair da banheira, então, se levantou, pegou a toalha e secou seu rosto. Em um simples fechar de olhos, o mundo - em sua mente - "Virou de cabeça para baixo". Seu próprio reflexo a encarava sem demostrar nenhuma expressão facial, então ela teve certeza de que tudo estava errado, pois não havia nenhum espelho ou algo do tipo à sua frente. A menina mexeu seu braço devagar, porém seu reflexo mantinha-se na mesma posição, parado, sem mover um músculo. Ela mexia todo o corpo, mas de nada adiantava. Então, com seu dedo indicador, encostou em seu próprio ombro, até que seus olhos de um tom fraco de vermelho mudaram para o preto profundo. A garota se assustou e olhou para os lábios de seu próprio reflexo. Ele finalmente se moveu lentamente abrindo a boca devagar. Tudo parecia diferente. Ela ficou observando a garganta dele e em questão de segundos uma pequena barata saiu de sua boca.
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Broken Angel
FantasySeus pés estavam sujos de lamas, mas ele ainda dançava em meio a chuva sangrenta que o rodeava. Não havia luz. Não havia visão. Suas asas pareciam brilhar como aço exposto ao sol. Seus inimigos o caçavam, mas isso não importava mais. Seus amigos o p...