Capítulo 28:

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"Alô?" Disse Martha meio tímida, mas ainda assim seca.

"Ai, Graças a Deus, você finalmente atendeu!"

"Sim, você não parou de me ligar..."

"É que eu precisava ouvir sua voz, saber se estava tudo bem entre a gente..."

"Antes de você pisar em mim do mesmo jeito que se pisa em uma bituca de cigarro, você podia ouvir minha voz quantas vezes quisesse, Ana Clara."

"Eu sei, eu... Eu errei feio, e estou muito arrependida, não sei por que fiz isso, você sempre confiou tanto em mim, eu me sentia protegida pela nossa amizade... Mas não sei o que deu em mim, eu e seu irmão já eramos muito próximos, e por uma razão que eu não sei bem qual é, fomos nos aproximando mais e mais quando você deu a notícia que ia embora... Acho que um reconfortou o outro, sabe? Mais ou menos uns três dias depois de você ir, a gente ficou e ele pediu pra namorar comigo, no mesmo dia que rolou com você e o Yuri..." - Aninha explicou

Martha, do outro lado da linha não falava nada, somente escutava. E tentava digerir todas aquelas informações.

"Tá me ouvindo?" - Aninha perguntou depois de um tempo de silêncio de ambas as partes.

Martha pensou: "Infelizmente estou", mas na verdade tudo o que disse foi:

"Estou, sim..."

"Então, continuando o que eu estava dizendo..." - Ana retomou a fala - "Ele me pediu em namoro e eu aceitei na hora, por que eu comecei a nutrir um sentimento por ele que me parecia fazer voar... Conversamos com sua mãe e ela deu a ideia de contar a você imediatamente, mas eu estava pensando em como você estava feliz por ter conhecido e estar se envolvendo com o Yuri, e cheguei até a comentar isso com sua mãe, que nessa altura já sabia de vocês... Ela sugeriu esperarmos mais uns 4 ou 5 dias então, para conversarmos pelo Skype. Só que você estava tão envolvida com isso tudo de apresentação e ensaios que eu e seu irmão preferimos te revelar isso outro dia, quando estivesse com a cabeça mais vazia. Talvez quando chegasse aqui. Contamos a sua família em um domingo, então, mas fizemos eles jurarem que não iam contar a você. Porém eles também sugeriram contarmos logo, e não adiar até a sua volta. Mas nós não demos ouvidos, Mah... E olha só onde a situação chegou. Eu juro que não queria, que cada vez que eu conversava com você eu me sentia mal por não contar, isso estava me matando aos poucos. Naquele momento que você descobriu, estavamos até pensando em te levar pra um quarto e contar, mas você estava com uma carinha tão cansada de embarcar em aviões. E adiamos mais um dia. Porém ai já foi tarde, você já tinha ouvido a conversa e... Teve esse choque que te deixou mal..." - Ela parou e suspirou - "Mas, Mah, não pense que foi por falsidade ou por querer esconder isso de você. Foi por quê, mesmo que não pareça, nos estavamos tentando pensar em você o máximo que podíamos... Me desculpa?!"

"Então, Ana Clara... Eu não sei o que dizer... Isso aconteceu e chegou pra mim de uma maneira tão inexperada que eu não faço ideia do que te falar ou de como agir. O que eu preciso é de tempo. Tempo pra pensar, pra espairecer. A gente já havia combinado não nos falarmos por uns dias, até que eu tomasse minha decisão, mas com você me ligando 7 vezes a cada hora do dia, ficava meio difícil pensar e finalmente tomar uma decisão. Eu não ligo de você e meu irmão namorarem, quero é que sejam felizes mesmo, mas o que me dói é pensar que vocês não confiaram o suficiente em mim pra me contar, por telefone, mensagem, carta, video... Agora a bomba estourou e você tem que arcar com as consequências, queira ou não queira. Então, eu te peço novamente, não me ligue, não me mande mensagem, não se comunique comigo por qualquer meio possível. Você teve tempo suficiente pra usufruir dos meios de comunicação existentes e evitar tudo isso, mas não usou. Quando eu estiver com uma decisão te avisarei."

"NÃO, MAH, POR FAVOR, NÃO FAZ ISSO"

"Tchau, Ana Clara."

"Mah, por favor não desliga, espera só eu falar mais uma coisa"

Martha não desligou e não falou nada. Até que a voz de Aninha ecoou no telefone:

"Eu sei que eu fiz burrada, muita burrada, mas eu ainda te amo, amiga. Não esquece disso, independente da decisão que tomar. Vou esperar até você estar pronta pra falar comigo. Tchau..."

E por fim foi Aninha quem desligou. 

Dilemas ImportunosOnde histórias criam vida. Descubra agora