Capítulo 12

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Lauren P.O.V

Ouço o carro sair da garagem e bufo.

-Eu não acredito que nos deixaram de castigo enquanto eles foram ao shopping! -Camila diz sentando-se no sofá ao lado do qual eu estou sentada.

-"Enquanto você morar aqui, você ainda respeita minhas regras." -repito o que meu pai disse dias atrás imitando sua voz, quando nos colocou de castigo.

Camila pegou um livro que estava na mesa de centro da sala, ela abriu na página marcada e começou a ler.

-Eu sei que você está me olhando. -ela diz sem tirar seus olhos do livro e tento fixar meu olhar em qualquer outra coisa que não seja ela.

-Então, sobre o que é esse livro que está lendo? -tento mudar de assunto.

-Poesias. -ela diz séria e direta.

-Eu adoro poesias. -sorrio abertamente lembrando os livros de poesias que costumava ler quando era mais nova.

-Você quer que eu leia para você? -ela pergunta e eu com certeza, não nego -Também quer se sentar aqui?

Eu simplesmente dou os ombros e vou até ela. Ela já deveria ter lido uns seis poemas para mim, meus olhos começaram a pesar mas mesmo assim eu queria me manter acordada para ouvir Camila ler.

-Esse se chama "A um estranho". -ela começou.

-"Estranho que passa! Você não sabe com quanta saudade eu lhe olho,
você deve ser aquele a quem procuro, ou aquela a quem procuro, (isso me vem, como em um sonho,)
vivi com certeza, uma vida alegre com você em algum lugar,
tudo é relembrado neste relance, fluído, afeiçoado, casto, maduro,
você cresceu comigo, foi um menino comigo, ou uma menina comigo,
eu comi com você e dormi com você – seu corpo se tornou não apenas seu, nem deixou o meu corpo somente meu,
Você me deu o prazer de seus olhos, rosto, carne, enquanto passamos – você tomou de minha barba, peito, mãos, em retorno,
Eu não devo falar com você – devo pensar em você quando sentar-me sozinho, ou acordar sozinho à noite,
Eu devo esperar – não duvido que lhe reencontrarei,
Eu devo garantir que não irei lhe perder." Walt Whitman. -ela suspirou em seguida, essa foi a última memória que tinha sobre esse momento.

Quando acordei, notei que um livro diferente estava em suas mão.

-Você acabou o livro anterior? -talvez ela apenas quis ler algo diferente.

-Você está há algumas horas dormindo nesse sofá. -ela me informa- E sim, eu acabei. Aqueles poemas que li para você eram alguns dos últimos.

-Eu gostei do último poema que você leu para mim. -falo sincera.

-Mas sabe, -ela levanta e se apoia no sofá se aproximando, enquanto continuo deitada- eu posso continuar a ler para você. -ela diz em meu ouvido e vai para o seu quarto.

Eu fechei meus olhos e fiquei assim por um tempo, mas ainda acordada. Abro-os assim que minha barriga ronca, já é um pouco tarde e eles ainda não voltaram. Levanto-me e pego meu celular pedindo comida chinesa.

-Camila! -chamo-a depois que a comida chega. Ela desce as escadas pulando degraus como uma criança e eu não reprendo eu mesma por sorrir com aquilo.

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