CAPITULO 5

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AS CAMINHADAS PODEM SER DIFÍCEIS, MAS QUANDO SE TEM PASSOS FIRMES NADA O ATINGIRÁ. "

Chegando em casa, ela foi direto tomar um banho. Ela ficou pensando em tudo o que havia acontecido no apartamento de Trey e ficou com muita raiva, pois não conseguia se livrar daquela dor. Após anos, ela jamais imaginou que ficaria com esse tipo de  trauma, de não ser tocada por homem nenhum.

- Estou marcada, totalmente ferrada para sempre.

- Idiota, tudo por sua culpa, SUA CULPA! Por que isso não sai de mim? Sua culpa seu bastardo!!! Tudo isso é CULPA SUA. Estou ferrada, amaldiçoada, tudo por sua culpa maldito. ­ _ E com isso, ela deu um soco na parede do box causando alguns cortes em sua mão. Depois, olhando para o sangue que ficou ela começou a chorar, um choro de desespero e solidão. Após o ocorrido ela se isolou e aprendeu a guardar seu fardo sozinha, e a conviver com ele sem ninguém saber.

Ela ficou no banho até se acalmar e após fazer um corretivo na mão foi tentar dormir um pouco, só que o sono não veio; então ela ficou rolando na cama a noite toda até que uma lágrima rolou em sua face com pensamentos e lembranças das quais ela não conseguia fugir. Nem durante seus sonhos, aquilo a deixava muito mal, insegura e ao mesmo tempo fria, distante, e totalmente agressiva.

...enquanto isso no apartamento de Trey

Após várias tentativas de dormir e de se distrair, ele estava agora na sua sala de estar andando de um lado para outro. Ele estava preocupado com Victoria, foi então que ele decidiu ligar para um amigo e tentar descobrir o número dela, após alguns toques ele finalmente atendeu. Quando enfim conseguiu seu número, se sentou no sofá e permaneceu ali, olhando o papel que continha o número dela escrito. Eram meia noite, foi então que ele tomou coragem e decidiu ligar. Sua preocupação era mais importante que qualquer outro pretexto que ele pudesse inventar para não ligar, foi então que ele discou o número e após alguns toques ela finalmente atendeu.

- Brityh.

- Oi, sei que a hora é a mais inadequada que possa existir, mais eu preciso saber se você, se está bem e se por acaso precisa de algo.

- Já disse não se preocupe comigo, não sou nenhuma criança para você chegar a esse ponto comigo, não preciso de ninguém muito menos da sua pena. Eu sei muito bem me virar sozinha, não preciso de suas preocupações para cima de mim, não temos nenhum grau de intimidade de minha parte...

- O que você tem? Fico preocupado, essa é uma coisa que não consegui evitar por mais que eu tentasse, não poderia ficar em paz sabendo que foi por minha culpa que você ficou assim.

- Agradeço, mas não precisa se preocupar nada disso é culpa sua . Eu vou ficar bem como sempre, passar bem senhor Lucenty.

Victoria desligou o celular sem espera Trey ao menos responder e ficou mal por ter tratado Trey daquele jeito, mas para ela foi melhor. Ela não queria se envolver, por mais que sua mente tomasse a consciência de que aquilo a deixaria mal, seu corpo e seu coração diziam o oposto. Ao lado dele era tudo natural, era como respirar novamente depois de quase se afogar naquela imensidão que era a sua solidão, e esse sentimento ao mesmo tempo que a acalmava lhe trazia um pânico terrível, e esse sentimento a dominava simplesmente pelo fato de vê-lo, e seu desejo era fugir disso tudo. Seu coração ainda se encontrava muito ferido e ainda tentava juntar seus pedacinhos. Ela queria fazer alguma coisa que pudesse sumir com suas lembranças as apagando depois. Victoria seguia os seus dias, meses no automático. Às vezes tinha suas crises de choros e pesadelos daquela noite do futuro que ela havia planejado para eles, e graças a "ele" tudo virou uma completa e terrível ilusão, e ela queria poder apagar isso tudo e ter uma vida normal e feliz, sem aquela bagagem toda de seu passado para lhe atormentar.

Ela nunca teve coragem de ir a um psicólogo.

- Imagina falar da minha vida para um desconhecido? Pois bem, quem sabe algum dia eu finalmente tome essa coragem, mas ainda falta muita coisa para eu resolver comigo mesma antes de dar esse passo. Ela mal conseguia mencionar o nome de "dele", imagina contar tudo aquilo e reviver cada momento novamente. Ela o odiava com todas as suas forças por ele ter feito tudo aquilo, e ainda se sair de vítima da história para cima dela; ela sabia que no fundo não era só isso. Mas ela não queria saber de mais nada, Brityh passou dias trancada em seu apartamento e por mais que não desejasse ela se levantou e foi tentar tocar a sua  vida e viver um dia de cada vez, tentar ser feliz no seu próprio mundo particular e restrito que ela criou para si mesma no intensão de não se iludir novamente.

Victoria acorda com o tocar do despertador, a noite foi agitada, quase não conseguiu dormir direito. Ela se levantou, foi ao banheiro, tomou um banho e fez sua higiene matinal. Vestiu uma saia lápis na cor bege lisa que ia até os joelhos, uma camisa cor de salmão e um blazer bege com detalhes em preto. Calcou seu escarpim na cor rosa, fez um coque bem moderno no cabelo, uma make bem básica e saiu rumo à garagem. Cumprimentou seu motorista e seguiu para a empresa. Chegando ao prédio, deu um bom dia a recepcionista e quando chegou aos elevadores deu de cara com Trey em seu terno escuro de três peças ostentando uma gravata azul, e assim que ela o viu ela o encarrou e ficou paralisada.

- O que você está fazendo aqui?

Ele a olhou com uma cara séria e ignorando seu tom de voz ele a observou, e logo que seus olhos chegaram em suas mãos, avistou um curativo em sua mão direita e voltou a encará-la. Por impulso ele se aproximou, mas Trey notou uma mistura de pânico e angustia nos olhos dela, então ele deu alguns passos para trás; ele sabia que ela estava nervosa com a sua presença. As mãos de Brityh estavam entrelaçadas, ela passava os dedos em um suposto anel feito de cristais azuis, e ao perceber que Trey estava olhando para suas mãos ela as colocou para trás em uma atitude de tentar escondê-las.Mas antes dele perguntar oque houve ela o interrompe e responde a sua pergunta.

- Nada, não é nada e não se preocupe comigo.

- Se não fosse nada não estaria com um curativo em uma das mãos.

Ele ficou a um braço de distância, então percebeu que ela apenas o encarava sem nenhuma expressão em seu rosto, mas seus olhos demostravam seu interior tempestuoso. Ela estava tão bonita, e ao vê-la em sua frente, lançou sua mão seguindo as linhas traçadas em sua face, e olhando aqueles olhos se perdeu naquela imensidão azul que era os olhos de Victoria, então ele se conteve sem beijar aqueles lábios e limitou-se em pegar em sua mão machucada.

- Não precisa entrar em modo muralha comigo, sei respeitar limites porem com você eu não consigo. Eu fiquei super mal por aquilo que aconteceu, me perdoe. Eu não sabia, e te ver assim machucada está acabando comigo. Sei que não é nada minha, mas o que sinto por você é mais forte até que eu mesmo, não sei porquê dessa sua reação a mim, mas não me compare a outra pessoa.

- Eu......eu não sei o que dizer, mas eu não posso Trey, simplesmente não posso. Você não vai querer ficar com uma mulher como eu, eu não tenho mais coração Trey, ele foi arrancado de mim. Você deve ter várias mulheres aos seus pés, porque não fica com qualquer uma delas? Elas não são como eu Trey, eu sou toda ferrada, me deixe no meu mundo onde eu consigo sobreviver a cada dia.

- Acho que quem deve saber disso sou eu, e você não pode julgar uma coisa antes de acontecer. Se você deixar que eu me aproxime, eu posso te mostrar que sou diferente do que você imagina.

- Me deixe em paz Trey, me deixe conviver com meus traumas e minha dor sozinha.

E assim ela se aproxima e aperta o botão chamando o elevador.

- Mas porquê? Só quero uma chance.

Ela apenas o encarrou e ele viu os olhos marejados dela, e assim soou o anuncio que o elevador havia chegado. (Não se espante elevadores modernos são rápidos) e disse  :

"De noites escuras

Que não há tempo

Não há espaço

E ninguém nunca entenderá. "

E com essas palavras ela entra no elevador e assim que aperta os botões as portas se fecham, o deixando ali parado encarando a parede de mármore.





Bom está aí mais um capítulo pra vocês sei que demorou mais e isso aí e deixem essa escritora feliz clicando. Nessa estrelinha aí em baixo e não esqueçam e deixar seus comentários agradeço a todos e um bjks

UM INTENSO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora