New York

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Seis meses depois

Eu poderia ter voltado para universidade, mas não quis, então antes de sair do hospital ainda fiquei dois meses no tratamento psicológico, acho que eles pensam que irei me matar, se eu realmente quisesse isso já teria o feito, mas minha mãe não iria gostar.

Tenho sido fotógrafa para me manter nesses últimos meses, esse é um talento que descobri enquanto estava no hospital. A minha terapeuta me deu uma câmera de presente quando saí do hospital. Vendi minha casa e me mudei, agora moro em um prédio simples em New York, me sinto bem aqui mesmo morando sozinha.

O trabalho tem dado certo, consigo pagar as contas e minha comida, na verdade acho que finalmente estou começando a aceitar a morte da minha mãe.

Desço do ônibus e caminho. Daqui ao meu prédio são uns 10 minutos andando, é um pouco cansativo pra uma sedentária como eu, mas é legal. O interessante de ser fotografa é que nunca sei aonde a próxima sessão de fotos vai me levar é sempre algo novo e espontâneo.

As pessoas daqui são bastante receptivas e andam muito apressadas, É isso que não entendo. A vida pode acabar a qualquer momento, do que adianta trabalhar, trabalhar, trabalhar e no fim do dia estar tão cansado que não vai ter tempo nem para se divertir e logo no outro dia trabalhar novamente. O ditado está certo, realmente NY nunca dorme.

Chego ao meu prédio e peço entrada ao porteiro que logo me reconhece dando me um sorriso digamos que caloroso, eu fumo com ele às vezes. Essa é a verdade.

- Cassie! Minha linda- diz ele me acompanhando pelas escadas. - hoje às 08h00pm no terraço fumando um baseado, o que me diz? - esse Jack não desiste mesmo, mas quem seria Cassie Broken recusando um bom baseado? Não seria eu.

- digo que estarei lá – ele me da um beijo na bochecha, mas eu logo limpo fazendo cara de nojo e continuo subindo as escadas.

- se eu tivesse beijado lá em baixo sua cara seria outra – grita.

- cale a boca seu porco, não enche o saco Jack, vá fazer seu trabalho e deixe de cantadas baratas, seu babaca! – digo sorrindo pra ele.

- tudo bem baby mais quando estiver comigo passe um perfume. – ele diz e volta para o seu posto, droga de lama.

Continuo subindo as escadas, tudo o que eu preciso agora é de um bom banho, minha última cliente queria uma sessão de foto. Na lama. Isso mesmo, ela deve ser louca, mas foi uma ideia criativa não posso negar e apesar de ter me melado toda de lama foi um dos trabalhos mais engraçados que já fiz.

Chego no 6° andar onde moro, pego as chaves no bolso do meu sobretudo e abro a porta, jogo a bolsa em cima do meu pequeno sofá tirando meus botins. Meu apartamento não é luxuoso, tenho uma sala, banheiro, cozinha, meu quarto e um cantinho que fiz para ler perto da janela. Hoje não é o dia em que está tudo arrumado por aqui, mas não me importo.

Vejo que está na hora de tomar meus remédios, os pego em cima da estante, tomo uns quatro e vou para o banho.

Quando saio visto minhas calças de moletom e quando estou procurando uma blusa para mim na gaveta da minha cômoda, acho a foto dela. Da minha mãe. E é tão involuntária a vontade de chorar, me sento na cama e fico acariciando o seu retrato com meus dedos. Ela era tudo. Ainda é.

Agora que sou fotógrafa, não achei que ainda fosse tão difícil olha a foto dela, eu escondi essa foto quando me mudei para cá, pensei que escondendo eu poderia ser forte, mas não adianta, não consigo sem ela. É uma dor que ainda consigo sentir tão intensamente quanto no dia do acidente. O acidente que vai me marcar pra sempre.

Eu nem pude me despedir dela e hoje faz um ano e meio que ela morreu. Como sei disto? O médico me deu todos os detalhes de sua morte, disse que ela morreu de traumatismo craniano e que quando a ambulância chegou à estrada ela já estava morta.

*flashback*

Escutamos músicas, comemos, tiramos fotos e depois de uma tarde tão incrível com a minha mãe nós estávamos deitadas sobre a toalha observando o lindo sol se pondo.

- Eu amei esse dia com você minha filha.- disse ela acariciando meus cabelos.

- você fala como se essa fosse ser a última vez, vamos ter muitos dias destes, você é minha vida mãe. – digo dando-lhe um beijo na bochecha.

- Temos que ir Cassie, já está escurecendo e temos que pegar a estrada.

- já imaginei que iríamos.

Depois que arrumamos as coisas pegamos o carro e saímos. Eu liguei o rádio do carro e estava tocando minha musica preferida e logo vi minha mãe sorrir pra mim.

"... Teddy bear, you are my Teddy bear, you were confiding and quiet. – Agora minha parte favorita. – How did love become so violent?

- essa cantora é esquisita, não sei como gosta dela – minha mãe diz e vem me dar um beijo na bochecha.

Quando olho para a estrada para a estrada vejo um caminhão vindo à contramão.

- Mãe, cuidado! – grito, mas é tarde demais.

*flashbackoff*

Me pego chorando e a saudade daquele último beijo na minha bochecha me vem à tona, ainda consigo sentir o seu doce carinho. Gostaria tanto que ela estivesse aqui.

Eu vou enlouquecer. Mecho nas gavetas procurando o meu ecstasy, mas não encontro nada. Porra, como posso ter me esquecido de comprar mais!

Só a uma pessoa que possa me ajudar nesses momentos, pego meu celular e disco o numero.

- Alô? Cassie?

-Louis preciso da sua ajuda.

Olá, aqui está mais um capitulo. Gostam da Melanie Martinez? Eu a amo.

Até o próximo capitulo. Boa noite.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2017 ⏰

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