2 - Adaptação

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Por onde eu começo? Disse a mim mesma, casa nova é igual a: colocar minhas coisas no lugar, o que é igual a: muita coragem e paciência.
Estava um pouco estressada, acho que é pelo fuso- horário, ou o clima agitado daqui, pois ouvia carros, ônibus, caminhões, que trafegavam incansavelmente na avenida lá embaixo, fui obrigada a fechar as janelas, a única observação é que foi isso que me acordou hoje, mais precisamente as 10:35 horas da manhã. Só consegui tomar um banho de água gelada bem longo pois estava com muito calor, vesti o 1° vestido que vi quando abri a mala em cima da cama. Era um amarelo claro até metade das coxas, com botões dourados entre os seios, bem confortável.
Prendi os cabelos em um coque mal-feito, passei rímel, cacei uma bolsinha de franjas dentro da segunda mala, e coloquei dentro meu celular e cartão de credito. Decidi ir fazer umas comprinhas para abastecer minha cozinha, então peguei um bloquinho de papel e caneta que estavam num criado-mudo perto do sofá, imaginei que seria cortesia do apartamento e dei graças por essa sorte, pois não tinha isso em minha bagagem. Sentei-me num banco cor de mel alto recostado ao balcão da cozinha, que era de uma pedra de mármore clara como a do balcão do porteiro do prédio. Gastei mais ou menos 20 minutos tentando fazer uma lista de coisas que eu precisaria, de comida, utensílios de cozinha, higiene pessoal, limpeza do apartamento, etc.
Finalmente dobrei o papel e joguei a bolsa sobre o ombro direito, me dirigi a porta, retirei a chave, do lado de fora a tranquei e fui chamar o elevador pelo botão azul. Passei pela recepção guardando a chaves dentro da bolsa e fui me informar com o porteiro onde havia um supermercado próximo, felizmente havia um ha 4 quadras dalí. Agradeci e fui andando. Estava no horário de almoço comercial, vi vários homens e mulheres transitando pelas calçadas, com roupas sociais, pelo menos a maioria das pessoas. Em San Diego era tudo mais calmo, não tinha essa agitação toda. Cheguei ao supermercado, puxei um carrinho e fui as compras, o mais rápido q eu pude. Peguei todos os itens da minha lista e fui para a fila do caixa. O carrinho estava um pouco pesado e por um décimo de segundo não consegui freiar a tempo de bater numa mulher loira que estava na minha frente, também na fila do caixa.
--- Sinto muito!!!! --- disse com o rosto corado de vergonha.
--- Oh, qual era a sua intenção? Me atropelar a 100 km/hora? --- falou num tom sério, no qual eu me assustei e demorei um segundo para pensar na resposta.
---- Não, claro que não, foi sem querer, eu juro. --- falei querendo enfiar minha cabeça em qualquer buraco próximo.
--- hahaha --- riu ela debilmente --- estou brincando bobinha, não foi nada, está desculpada! Meu nome é Meg --- disse estendendo a mão em min direção.
--- Scarlett. --- falei balançando sua mão ao mesmo tempo.
--- Escuta, não é daqui é? --- disse me olhando como se eu fosse uma coisa curiosa, ou procurando algo errado.
--- Na verdade não, sou de San Diego, me mudei para Manhattan hoje de madrugada, mais precisamente.
--- Humm, sabia, pela sua pele bronzeada. As minha últimas férias fui para lá e foi maravilhoso! ---- falou com o pensamento longe. --- Próximo! --- gritou a moça no caixa, então Meg passou seu pacote de chá, seu único item. Pagou e quando estava indo embora acenou pra mim. --- Até breve Scarlett, nos vemos por ai! --- só consegui acenar com a mão e dar um sorriso meio que espontâneo, sei lá, havia gostado dela.
Depois de ter passado minhas compras, fui até a beira da avenida, estendi a mão pedindo um taxi e fui prontamente atendida. O taxista desceu e colocou todas as sacolas dentro do porta-malas, pedi a ele que fôssemos num banco mais próximo, pois precisava sacar algum dinheiro. A viagem foi bem curta até lá, desci entrei e saquei U$500 da conta corrente, voltei para o taxi e dei o endereço do apartamento. Dessa vez quando passava no hall de entrada aceitei a ajuda com as sacolas de compras. Subimos em silêncio e depois de ter colocado as sacolas em cima da mesa de jantar dei U$2,00 a ele, me agradeceu e foi embora. Guardei rapidamente as compras e peguei uma lasanha congelada e coloquei no microondas, talvez fosse a fome, mas estava muito bom! Já eram 14 horas da tarde, precisava assinar alguns papéis no meu mais novo emprego, tinha trabalhado somente em outros 2 lugares, um escritório de Eventos e numa Logística de Correios. Havia terminado a faculdade de administração fazia só 2 anos.
Então arrumei a cozinha, joguei fora a embalagem da lasanha e fui novamente tomar um banho, vesti um legging preto e uma blusa branca frouxa de corrida, pois decidi que faria uma corrida na praia após passar na empresa. Pentei os cabelos e os prendi num rabo de cavalo bem feito, meus cabelos castanhos escuros combinavam com a cor dos meus olhos de cílios grandes e com minha pele bronzeada, mas não muito. Fui até minha bolsa de mão preta da viagem e busquei o papel com as informações que eu precisava, dessa vez fui mais esperta e procurei o percursso até a empresa pelo GPS do celular, ficava a 7 quadras dali, vamos lá.
__________________****___________________ Cheguei na entrada da empresa após vinte minutos de caminhada em passos normais. O prédio era grandioso, com 20 andares com janelas enormes e bem dividas, havia pessoas entrando e saindo a todo momento com roupas sociais. Entrei e fui até a recepção dei meus dados e a simpática moça que não tinha mais que 25 anos, me pediu para ir ao setor de RH no 8° andar e procurar o coordenador chamado Taylor, que era simplesmente um gato, alto, de corpo bem definido, olhos claros e um sorriso lindo.
--- Boa tarde srta. Scarlett Collins, correto? --- disse num tom com hospitalidade sincera.
--- Sim, sou eu.
--- Só preciso que assine uns papéis para começar o trabalho na segunda. --- Ele virou-se para uma mesa atrás de seu computador, pegou um contrato meio grosso e o trouxe a mesa a minha frente. --- Por favor, assine no final de cada folha. --- e me estendeu uma caneta azul. Fiz o seu pedido, eram dez folhas. Ele agradeceu e dei um sorriso mais sincero que o normal e ele fez o mesmo.
--- Vejo você na segunda, boa sorte. --- Só acenei com a cabeça e sai, nenhuma resposta me veio a mente, como assim? Talvez ele seja tão gato que atrapalhou minha linha se raciocino. Será que nos veremos realmente na segunda? Annnn?? Eu não pensei isso. O Elevador abriu suas portas para o hall de entrada, muito luxuoso e com pouco movimento dentro do prédio. Sai e fui em direção as portas giratórias, no momento em que ia atravessar uma mulher loira falando alto no telefone me empurrou para o lado e atravessamos juntas dentro do quadrado.
--- Ei, cuidado! -- disse num tom calmo, mas chateada com a desatenção da mulher.
--- Mas foi você quem esbarrou em mim e ... Espera um pouco, você quem queria me atropelar com o carinho no supermercado mais cedo, isso é uma segunda tentativa de homicídio? Hahahaha --- e começou a rir.
--- Sim, você, desculpas novamente. Mas agora foi você quem me empurrou.
--- Está tudo bem, então... Estava fazendo o que por aqui?? Sei que não trabalha aqui. -- disse e fomos andando até o outro lado da rua onde tinha um banco e nos sentamos.
--- Na verdade, vim assinar o contrato, começo na segunda. --- ela ficou boquiaberta.
--- Não acredito. Nos encontramos duas vezes no mesmo dia e você vai trabalhar comigo! Isso é coisa do destino! --- comecei a rir.
--- É talvez seja. Vou trabalhar como auxiliar da supervisora.
--- Sério? Então diga olá para a sua nova chefe. -- disse e estendeu sua mão para um aperto.
--- O que? Quer dizer, oi chefa! --- dei uma risadinha para esconder a minha vergonha.
--- Tá tudo ótimo. Você chegou hoje não é mesmo? Tem familia aqui? --- confesso que essa pergunta me machucou um pouco e lembrei de meus pais.
--- Não, meus pais morreram e eu vim morar aqui pelo novo trabalho.
---- Aaah, sinto muito. --- ela olhou para o relógio. --- Bom, vejo depois, preciso ir. --- levantou-se, me deu um abraço e atravessou de volta a rua, entrando num carro preto, que parecia bem caro.
Então, fui seguindo meu caminho para a praia, não ficava longe.
Era um lugar calmo, nem deserto, nem cheio, com alguns restaurantes e prédios a beira da pista. Comecei a correr pela calçada compassadamente, num ritmo médio, meu coração começou a bater mais forte e eu comecei a ofegar, adorava correr estava me sentindo livre por um momento em muito tempo, fechei meu olhos, puxei o ar com força, quando abri dei de cara com um vulto preto e cai no chão, enquanto o vulto ficou de pé.
Sentada averiguei os danos só havia ralado uma mão, e então o vulto agachou-se e vi que ele tinha olhos verdes, barba crescendo, mandibula firme, era bem esbelto por baixo do moletom preto com capuz.
--- Você está bem? --- que voz divina... Espera, o que ele perguntou??
--- Ah, an, acho que está tudo bem. --- ele me ajudou a levantar com uma mão na minha e outra na minha cintura. Quando fiquei de pé, percebi que éramos quase da mesma altura, estamos a pouco centímetros de distância, estava sem ar, aquele homem era um deus do olimpo com certeza...

# Querido leitor, espero que tenha gostado desse capítulo! Tentarei postar o capítulo 3 antes de segunda.
PS: Scarlett receberá um convite mais que inesperado!

Fascinada - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora