Vinte dias antes do natal
Cocei os olhos enquanto acordava com o terrível barulho da maluca da minha monitora batendo em algumas panelas para acordar todos os seus "pirralhos" como ela mesma dizia. Alias, ainda não havia entendido sua lógica, éramos maiores de idade, mas ela insistia em nos tratar como crianças.
Desde que chegamos ao Canadá tenho orgulho de dizer que deixei Carolina junto com as fotos da mesa de centro na minha casa. E talvez isso se deva a rapidez dos acontecimentos. Conhecer a neve, lidar com um grupo de pessoas novas, as aulas de inglês e segurar a Ana para que ela não fizesse bobagem. Já mencionei que ela não gostava de ser chamada de Ana? Ainda não descobri o porquê, mas eu o fazia para irritá-la ainda mais.
— Como sempre você é quem me dá mais trabalho não é pirralho mestre? — Vejam como ela era carinhosa. — Anda logo, depois da aula de vocês vamos até o Nathan... Sei lá o que, patinar! — Ela subiu na minha cama e começou a pular. — Você ouviu isso pirralho mestre? Patinar!
— Nathan Phillips Square. — Revirei os olhos. — Você é a mais velha aqui e ainda pula na cama e veste pijama de gatinho, você é a monitora aqui e não sabe o nome dos pontos turísticos, que tipo de entrevista fizeram para te contratar? Cantar qualquer coisa em inglês? — Gargalhei.
— Não interessa, o importante é que eu mando aqui e você obedece e nesse momento eu digo para ir tomar café para não atrasar minha patinação! — Ela encarou o pijama. — E não insulte meus gatinhos!
— Ah é assim? — Me levantei na cama e parei em sua frente, encarando seus olhos negros e redondos, como pequenas jabuticabas. — Você não parece tão assustadora agora. — Ironizei sua altura, batendo levemente em sua cabeça. — Nunca me pareceu, para ser sincero.
Ela desceu da cama.
— É sério, vai se arrumar logo.
E saiu do quarto. Estranhamente calma e paciente.
Dezessete dias antes do natal
Após a noite de patinação decidi que ficar em casa e me curar dos hematomas causados pela elevada animação da Ana naquele dia era o melhor a ser feito. Seu estranho humor assim que havia saído do meu quarto melhorara no exato momento que encaramos a pista de gelo e os patins ao lado. Ela se encantou de cara, e foi a primeira a tentar. Confesso que perdi a conta de quantas vezes ela deu de cara com o chão, mas uma força fora de comum fazia com que ela se levantasse jogasse as mechas do cabelo para trás e recomeçasse como se nada houvesse acontecido.
Assim que eles anunciaram mais uma visita a um ponto turístico, desta vez a um restaurante popular da cidade de Toronto. Decidi que aquele era o momento perfeito para me comunicar com meus pais que a essa altura já deviam ter ligado para Deus e o mundo para saber se eu ainda estava vivo.
Iniciei uma chamada no Skype.
— Benjamin! Oh céus, você está vivo! — Eu não disse?
— Claro que estou mãe, foi só uma viagem. — Sorri.
— O que é isso no seu braço? — Ela apontou diretamente para o hematoma que agora se destacava em meio à pele pálida.
— É só uma lembrança da patinação de ontem à noite.
— Me diga que você usou vários casacos e tomou remédios preventivos contra a gripe antes de fazer isso.
— Mas é claro. — Que não.
— Muito bem.
Neste momento a Ana invade o quarto com uma sacola gigantesca em mãos que cobre metade de seu rosto, eu me levanto para auxiliá-la.
— Cheguei pirralho mestre e olha só quantas coisas gostosas eu trouxe para você mesmo não merecendo. Quão molenga você é, por causa de alguns machucadinhos perdeu toda a diversão... — Ela parou de falar assim que encarou a imagem assustada da minha mãe na tela do notebook. — Diga que é uma foto. — Ela sussurrou.
Eu neguei.
— Olá dona senhora! Imagino que seja a mamãe do Pir... Benjamin! Estou certa? — Ela se aproximou, não deixando minha mãe falar. — Sou a Jade...
— Ana Jade! — Gritei ao fundo.
Ela revirou os olhos.
— Que seja! — Me encarou, voltando em seguida para minha mãe. — Monitora do seu filho. — Ela sorriu.
— É uma anã, mas é uma gata não é mãe? — Bati em seu ombro.
— Brincalhão seu filho não é? — Ela me socou também, mais forte.
— Hãn... — Mamãe não sabia o que dizer.
— Vou deixar vocês a sós, foi um prazer conhecê-la. — Ana saiu, sem graça.
Mamãe voltou a respirar.
— Tudo bem, tudo bem. Diga-me que ela não é sua nova namorada?
— Ela não é minha nova namorada. — Soltei, analisando a pulseira de ouro dela que agora estava em minha mesa, deve ter escapado enquanto ela conversava com minha mãe. — Mas eu não me importaria se fosse. — Sorri.
— Meu filho você deve ter perdido alguns miolos nessa viagem. Essa mulher é louca, nem mesmo deixou que eu falasse. Mal educada. — Bufou. — E ainda por cima tem a ousadia de te chamar de pirralho, por acaso ela é mais velha que você para falar isso?
— Na verdade, é sim.
— Mais um motivo para se afastar dela e voltar logo dessa viagem. Eu sabia que não seria uma boa ideia permitir que você fosse tão jovem, é facilmente manipulado...
— Mãe o que você está insinuando?
— Monitora de intercâmbio, velha, mal educada é claro que ela precisa de alguém em quem se apoiar. Alguém com dinheiro. Alguém como você.
Aquilo foi demais. Fechei o notebook, alcancei meu casaco e sai do quarto para espairecer.
***
Oooooooooi Pessoal! Cá estou eu com mais uma atualização para nossa pequena história de Natal e sim, ela está quase chegando ao fim :(. Porém tenho novidades! Gostei tanto de postar aqui no Wattpad que acabei relembrando a época em que eu escrevia e talvez eu crie uma nova edição em breve com mais detalhes e maior, só não faço isso de agora porque estou focada em uma fantasia que pretendo postar em breve também u.u
Espero de verdade que tenham gostado e façam de conta que a Lily Collins no gif tem cabelo curtinho, afinal a Jade é assim u.u Fiquei tão feliz de ter encontrado uma imagem que se encaixasse tão perfeitamente ♥
E você ai do outro lado da telinha? Gostou? Mas ainda não votou não é? Pooooxa, saiba que isso ajuda muito no crescimento da história então não deixe de liberar a estrelinha e me contar o que achou desse capítulo ♥
Beijoooooooooooos de luz ♥
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A Luz do Meu Natal
Kurzgeschichten"- Falando assim até parece que as garotas namoram por interesse. - Bebi um gole do líquido que ela havia me dado, mas para minha surpresa, cuspi em seguida, era água. - Você me deu água, isso é sério?" É complicado lidar com o fim de um rel...