Recôndito

- Alexandra -

Tive um sonho estranho. Eu estava na Vila, e era uma simples plebeia. Eu estava feliz. Então, uma dor atingiu meu ombro direito. Eu nunca senti tamanha dor, mesmo nas surras que levava do Rei. Comecei a gritar do dor e um plebeu veio correndo me ajudar. Olhei brevemente para o seu rosto, com a visão turva, e vi que não era um plebeu. Era o Príncipe William de Ravage.

Acordei com um sentimento de vergonha, constrangimento. Sonhara com ele. Não me lembrava de ter sonhado com algum garoto em toda a minha vida, o que me preocupou bastante. Não precisava de alguém para me tornar fraca agora. Bastava-me Rebecca, Jack e a pequena Grace. Será que os dois menores ficaram assustados durante o Baile?

- Princesa Alexandra. – mãos tocaram as minhas e abri os olhos vagarosamente, e o Príncipe William me encarava preocupado. Ótimo, já não bastava ter encontrado com ele antes do baile, ainda tive que ser salva por ele em meio a confusão. Não estava gostando nada dessa coisa estranha toda vez que o via.

- Estou melhor. Obrigada. – murmurei e minha voz saiu rouca. Asfatei nossas mãos e me sentei, vendo que estava no Hospital de Remediation, na ala Nobre. – Onde estão todos? Estão todos bem?

- Sim. O Rei solicitou que eu viesse explicá-la tudo, já que eu que a ajudei. Posso? – ele arqueou as sobrancelhas e apontou para a cama. Assenti e ele sentou a minha frente.

Meu estômago parecia dançar e eu brigava comigo mentalmente. Alexandra não se apaixona; Alexandra não dá mole para homens; Alexandra é completamente e irrevogavelmente focada em irritar o Rei, o que significa que não gostar desse Príncipe.

- Você terminou sua dança e foi atingida por uma flecha, que entrou por uma dar janelas abertas. Ninguém sabe de onde partiu ou quem atirou-a. Em seguida, o caos foi absoluto e todos os convidados saíram com seus carros. Todos estão bem, mas a sua irmã, Princesa Rebecca, entrou em estado de choque por alguns minutos. – arregalei os olhos, roendo minhas unhas e respirando pesado. A última vez que acontecera isto, Rebecca havia visto mamãe apanhar do nosso pai e eu em seguida. A psicóloga Real, que soubera de uma história contada de maneira diferente, contou-nos que esse sentimento nunca deveria ser estimulado nela e olhe o que eu fiz. Me senti completamente culpada e deixei meu corpo cair na cama.

- É tudo minha culpa. – murmurei e William negou. – Ah. Cale a boca. – falei irritada e bufei. – O que você sabe da minha família? – sentei na cama e falei em tom acusatório. – Nada! O que sabe de Remediation? Nada! – meu ombro doeu e gemi baixo.

- Perdão. – ele se levantou e me encarou com culpa. – Vossa Graça poderia me mostrar algumas coisas quando melhorasse. Mas eu aguardo, realmente não sei nada. Por isso peço ajuda. – ele me lançou mais um olhar, fez uma reverência e saiu do quarto. Novamente meu estômago se contorceu, com um pouco de culpa. Notei que eu apertava a colcha embaixo de mim, e esta estava um pouco chamuscada.

Ergui a coluna a medida que um arrepio passava por ela. Levantei-me e vi um recado na mesa branca no canto do quarto.

"Filha, as enfermeiras liberaram você, só evite muito esforço. Um carro vai buscá-la as 15:00, esteja pronta. O seu pai decidiu que terá um passeio com o Príncipe William, por favor seja gentil, ele parece ser um bom rapaz. Não dê mais motivos para o seu pai se estressar, já não basta o estrago feito pela apresentação. Lembre-se de que ele a escolheu não só para irritá-la, você sabe que conhece a História e a Geografia das sociedades muito bem. Ensine para o Príncipe como ensinaria ao pequeno Jack. Amo-te muito!

Da sua mãe e conselheira, Rainha Cassandra Juliet Jenks"

Bufei. Mamãe era o tipo de pessoa que conseguia encontrar quem eu era, mesmo com toda a frieza e grosseria que eu usava para esconder-me. Me dava broncas mas logo derretia-me com algo que eu desejava ouvir. Um vestido simples de frio estava pendurado em um cabide. Tirei a roupa branca estranha do Hospital e pude ver o curativo amplo em meu ombro.