Newt podia ver todo o sangue espalhado pelo assoalho de madeira velho e empoeirado da sala de estar daquela casa que lhe causava arrepios desde que passara a se esconder ali, disposto em uma poça horrenda em volta do torço e também da cabeça do corpo que repousava sem vida à poucos centímetros de si. Ele podia ver o líquido de aspecto gosmento e coloração escura espirrado descuidadamente por sobre os armários antigos e a mesinha de vidro fosco disposta no centro do cômodo. Além disso tudo, o rapaz de cabelos claros e estrutura corporal fraca podia ver e sentir todo o sangue que lhe cobria as mãos, os braços e a camisa jeans que roubara às pressas do guarda-roupa de Thomas mais cedo. O menino de dezenove anos e sete meses que chorava desesperadamente abraçando-se à camisa nova e bonita do namorado lembrava-se perfeitamente do quão feliz estava à cerca de meia hora atrás e comparava angustiadamente sua situação atual com o que vivia antes do telefonema que recebera do seu melhor amigo.
- Porque você não foge comigo, Tommy? - o mais novo questionou esperançoso. Estavam agora deitados sobre a grande e confortável cama de lençóis caros do apartamento de Thomas, completamente despidos da cintura para cima enquanto trocavam carícias e promessas, que da parte de Thomas, pareciam reais mas eram mais vagas do que jamais foram. - Vamos para longe daqui, os meninos gostam de você também. Eles te acham legal.
- Você sabe que eu não posso, Newt. - o homem de cabelos castanhos resmungou sério e desconfortável - Eles são minha família apesar de tudo.
- Eles são pessoas terríveis! - brigou o menor.
- Eles não são. - Thomas argumentou aborrecido e no momento em que Newt pensou em retrucar com uma resposta esperta, o celular velho e pré pago que o mais velho arranjara para o outro rapaz tocou de repente.
Newt atendeu ao celular as pressas e um tanto que preocupado também, apenas Minho, Gally, Alby, Ben e Thomas tinham conhecimento sobre o seu número, e se aquele aparelho pequeno, desprezível e útil estava tocando só podia significar que os garotos tinham péssimas notícias à compartilhar.
- Eu sou uma pessoa horrível. - Newt declarou baixinho, dando passos curtos e trêmulos para trás até que pode sentir a parede fria chocar-se contra suas costas miúdas. - Eu fiz isso? Eu fiz isso. Que diabos eu fiz? - resmungou confuso enquanto deixava que as lágrimas de puro desespero rolassem por suas bochechas pálidas pelo medo que sentia. - Merda!
Newt podia sentir o cheiro forte e repugnante do sangue fresco misturando-se aos poucos com a colônia de Thomas ainda presente na camisa cara e bonita que vestia, o rapaz olhava assustado em direção aos quatro amigos que rodeavam a ele e o corpo sem vida, como se pudesse se acalmar só de olha-los, como se pudesse descobrir como se livraria do corpo, como se pudesse dizer tudo o que sentia apenas com o olhar, mas não podia. O rapaz pouco corpudo não fazia ideia de como agir dali em diante, nenhum deles fazia.
- Você não é uma pessoa horrível, Newt. - Minho disse sério e convicto, era um dos menos apavorado dentre eles. Odiava a mulher deitada sem vida à poucos centímetros de seus pés mais do que qualquer um ali e quase não podia conter a sensação de alívio que lhe percorria as veias. - Ela é quem era. - ao fim da frase, Minho pode ver todos os outros três adolescentes acenarem positivamente com a cabeça, concordando com aquilo que ele dissera enquanto Newt mantinha-se de cabeça baixa enquanto chorava angustiado.
- Você não está sozinho nessa, cara. - Ben tentou confortá-lo. - Nós daremos um jeito nisso, juntos.
- Eu matei ela. - Newt murmurou baixinho, deixando que as costas escorregassem por sobre a parede gélida enquanto aos poucos, sentava-se desajeitadamente no chão. - Eu fiz isso. Eu sou a merda de um assassino! Eu não quero ser um assassino.
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I don't wanna be a murder //Newtmas
FanficO Instituto para a Cura por Radiação para a Unpichiss Elepssis Leprai, ou Instituto CRUEL, como era comummente conhecido, fora criado em 16 de maio de 2005, quando a doença asquerosa atingira o ápice de sua epidemia. Agora, quase onze anos mais t...