22 de novembro de 2012
O dia em que eu fiquei sem nada.O despertador tocou e eu não me sentia preparada para levantar, desde ontem a única coisa que eu faço é varrer e limpar, e ainda por cima tem as aulas das 10h que termina 17h, isso me cansa, meu pai é velho e aposentado, minha mãe é dez anos mais nova que ele e eu sou a única filha dos dois, as vezes nem parece que existo por parte dela.
Me jogo no chão e encaro o teto branco do meu quarto, minhas pernas doem e minhas costas parecem estar torcidas, forço os cotovelos para levantar e fico sentada bocejando e coçando os olhos com o dorso da mão.
Ao conseguir levantar, sigo rumo ao banheiro onde irei fazer minhas necessidades da manhã e minhas higienes matinais.
Esfrego os cabelos e massageio o couro cabeludo como sempre faço, uma vez minha mãe disse que isso é bom para o crescimento do cabelo o que é verdade, meu cabelo cresce rápido e agora ele está bem no meio da cintura já que eu os corto de duas em duas semanas para não os deixar com as pontas ressecadas e duplas.
Enrolo-me com uma toalha branca e outra no cabelo, volto para o quarto abrindo algumas gavetas que tenho de roupas íntimas e visto um conjuntinho vermelho, fecho novamente as gavetas e volto para o banheiro colocando lá a toalha, logo depois de voltar separo uma calça e uma blusa branca com um casaco branco, pego minha sapatilha preta dentro da prateleira e volto para o banheiro para fazer uma maquiagem básica.
Ao sair do quarto caminho até a cozinha já que a minha casa é somente de um andar, e não possui escadas, ajuda bastante se precisar usar cadeiras de rodas.
Olho para os lados e parece não ter ninguém em casa, nem mesmo o café da manhã foi preparado, minha mãe ao acordar sempre faz o café, não entendi por que agora seria diferente já que ela só trabalha a tarde e nem mesmo me avisou que sairia mais cedo.
— Papai? — Vou até a sala e esta vazia também. — Mãe? — Caminho até o quarto deles mais estar vazio, a cama está arrumada como se eles nem tivesse dormido aqui, olho por todos os cantos e entro no quarto indo em direção ao guarda-roupa deles com curiosidade, assim que o abro encontro vazio, não tem nada dentro, é como se acabasse de chegar da loja e montado.
Volto para o meu quarto, pego o meu celular digitando o primeiro número que passou pela minha cabeça. Minha mãe.
Tocou e tocou e logo no final deu caixa, tentei de novo e agora o aparelho estava fora de área ou desligado, com certeza ela deve ter desligado nunca costumava atender minhas ligações então não tinha do que suspeitar, digitei o número de meu pai e tocou, mas tocou aqui dentro de casa, passei por todos os cômodos e voltei para o quarto, tirei o travesseiro de cima da cama e lá estava o celular onde meu pai sempre deixa antes de dormir, talvez eles apenas tenham viajado e não queriam me contar.
Sinto minhas pernas tremerem e meus olhos marejarem até eu começar a chorar sem nem mesmo saber o porque, então comecei a suar frio enquanto minha respiração acelerava, eu nunca tinha ficado em casa com essa sensação de abondono, ele sempre me falavam quando iriam sair e se iriam viajar porque faria diferente, isso não entendo. Minha visão já estava embaçada e eu já estava sentada no chão chorando ao lado da cama deles.
Não sei a quanto tempo fiquei nessa mas talvez tenha sido muito, chega me cansei de chorar e fiquei com a cabeça apoiada olhando para as paredes, eu tentava entender porque tudo isso estava acontecendo, do por que eles foram embora, para que fizeram isso, e porque me deixaram para trás, eu sou somente uma garota, não sei o que fazer, não tenho dinheiro e nem mesmo trabalho, como vou-me sustentar, eu não tenho parentes para me darem suporte, não tenho ninguém a quem recorrer, a única pessoa com que eu já considero amigo é Kaique, e ele não é muito confiável, na primeira oportunidade espalharia pelo bairro que eu não tenho mais pai e mãe, ele é legal mas tem uma mania de não conseguir guardar segredo, e eu não vou ser humilhada pelo povo dessa rua, é um querendo ser maior que o outro.
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Longe De Casa
RomanceComo um deja vu, chegando em velocidade, as lembranças daquela vida linda e maravilhosa que ela costumava ter, com um pai amável e uma mãe sem empatia, se encontrava uma pequena menina sonhadora e cheias de desejos, aos poucos sua flor foi murchando...